GP de França de Fórmula 1: McLaren eleva-se no desastre da Ferrari
Depois dos sonhos de Monte Carlo e Baku, a Ferrari viveu um pesadelo em Paul Ricard, acabando por perder o terceiro lugar no Campeonato de Construtores para a McLaren, que revelou grande eficácia, ganhando a corrida do Segundo Pelotão do Grande Prémio de França.
A formação de Maranello chegava ao circuito francês depois de duas pole-positions, um segundo lugar no Mónaco e de ter estado na luta por um lugar entre os três primeiros no Azerbaijão, o que lhe permitiu suplantar a sua rival de Woking no campeonato.
No entanto, depois das boas prestações recentes, os homens da Scuderia esperavam mais dificuldades na sétima ronda da temporada, mas dificilmente esperaria sair de Le Castellet sem qualquer ponto.
Num circuito de alta velocidade e sem barreiras que exigissem confiança dos pilotos no seu carro, algo que o SF21 oferece a Charles Leclerc e a Carlos Sainz, a Ferrari esperava uma luta feroz com McLaren, Alpha Tauri e Alpine e o treinos-livres de sexta-feira, com muito calor, confirmaram isso mesmo.
Como tem sido habitual desde o início da temporada, a performance ao longo de apenas uma volta não parecia haver qualquer problema, tendo o monegasco assegurado o quinto crono na segunda sessão de treinos-livres, a mais representativa, apenas atrás de um surpreendente Fernando Alonso, que começa a ganhar o controlo completo no seio da sua equipa.
Já nas simulações de corrida, a formação de Maranello via-se ultrapassada por McLaren e Alpine, o que ainda assim lhe dava a possibilidade de lutar pelos pontos e, até, pela vitória no segundo pelotão, caso Leclerc e Sainz se qualificassem bem.
A escuderia de Woking, por seu lado, voltava a ter dificuldades com a qualificação, mas estava na sua habitual forma em corrida, revelando-se a equipa mais competitiva atrás das duas grandes, que estavam mais distantes que nas últimas provas do segundo pelotão.
Na qualificação, a Ferrari confirmou o ascendente que tem mostrado desde o início do ano, mas foi um protagonista diferente a garantir a “pole-position do Segundo Pelotão” – Sainz evidenciou-se mais eficaz que o seu colega de equipa, que se queixou das dificuldades em fazer os pneus dianteiros funcionar, e assinou o quinto tempo, superiorizando-se a Pierre Gasly.
Apesar dos problemas, Leclerc assegurava o sétimo registo à frente de Lando Norris, Fernando Alonso e Daniel Ricciardo.
No primeiro embate, e naquele em que a Ferrari tem dominado, a “Scuderia” levava a melhor face à McLaren, havendo ainda outros protagonistas que poderiam ter uma palavra a dizer no desfecho na corrida do Segunda Pelotão.
O dia da prova começava com uma alteração significativa das condições meteorológicas. Como apontavam as previsões, as temperaturas baixaram substancialmente -10ºC na pista relativamente a sexta-feira – e, mais importante, a chuva caía sobre o asfalto, lavando a borracha depositada ao longo dos dois primeiros dias.
Estas condições alteravam completamente a forma como os pneus eram utilizados, passando a granulação e o desgaste a ser uma preocupação, ao invés da degradação térmica, e a Ferrari foi quem mais sofreu com este fenómeno.
Nas palavras dos seus responsáveis, o SF21 tem uma janela muito pequena para fazer funcionar os pneumáticos e a alteração das condições climatéricas tiveram como consequência um conjunto de circunstâncias que não permitiam ao monolugar de Maranello manter as borrachas da Pirelli na janela correcta.
A corrida até começou bem para a Ferrari, com Sainz e Leclerc a manter a suas posições e Gasly entre eles, ao passo que Lando Norris era batido por Alonso e Daniel Ricciardo, caindo para décimo, mas este seria Sol de pouca dura.
Ao fim de cinco voltas o monegasco começava a sentir dificuldades com pneu dianteiro – esquerdo, passando a ser pressionado pelos seus perseguidores. O espanhol, por seu lado, conseguia poupar mais as borrachas da Pirelli, mas rapidamente sentia as mesmas dificuldades que o seu colega de equipa.
Leclerc era o primeiro piloto do pelotão a entrar nas boxes para trocar os médios com que iniciara a corrida por duros novos, estavam decorridas apenas catorze voltas de uma corrida com cinquenta e três e para a qual se esperava apenas uma paragem.
Era evidente que dificilmente o monegasco poderia terminar a prova com a estratégia inicial…
Carlos Sainz estendia o seu “stint” até à décima sétima volta, mas estava já igualmente em dificuldades.
A perspectiva dos homens da Ferrari passava por perceber se, com pneus duros, a situação melhorava, o que acabou por não se verificar.
Mesmo com as borrachas mais consistentes da Pirelli, o desgaste sofrido pelos pilotos da formação de Maranello mostrou-se assustadoramente elevado, acabando ambos por cair na classificação ao longo da restante corrida.
Leclerc ainda tentou experimentar uma estratégia de duas paragens, mas nem isso mostrou ser uma solução, uma vez que, ao cabo de cinco ou seis voltas, o jogo de pneus médios que montara apresentavam um desgaste anormal, não tendo qualquer impacto na sua corrida.
As voltas mais rápidas de cada um dos pilotos davam uma imagem clara dos problemas que a Ferrari experimentou em Paul Ricard – Sainz foi mais rápido apenas que Nikita Mazepin e Yuki Tsunoda, ao passo que Leclerc, apesar de beneficiar de uma segunda paragem (Max Verstappen foi o único outro piloto a parar por duas vezes), não conseguir realizar uma volta mais rápida que Norris e Alonso.
Sem qualquer questão na gestão dos pneus, a McLaren maximizou os problemas da sua rival na luta pelo terceiro lugar do Campeonato de Construtores e arrancou uma “dobradinha no Segundo Pelotão”.
Ricciardo ainda sofreu a pressão de Gasly e Alonso nas voltas finais da prova, mas conseguiu manter a sua posição. Norris, depois de um mau arranque, recuperou na segunda parte da corrida graças a uma paragem nas boxes tardia, na vigésima quarta volta, que lhe deu o benefício de borrachas mais frescas que a maior parte dos pilotos à sua frente. Com pneus mais frescos, ganhou inúmeras posições para terminar em quinto e vencer a corrida do Segundo Pelotão.
Imune a qualquer dificuldade com as borrachas da Pirelli, a Aston Martin realizou uma boa prova, tendo terminado com os seus pilotos nas derradeiras posições pontuáveis, com vantagem para Sebastian Vettel que continua a ter ascendente no seio da formação de Silverstone após as suas dificuldades iniciais. Lance Stroll arrancou apenas de décimo nono, mas com uma prova sólida, recuperou até décimo.
Após o Grande Prémio de França, a McLaren voltou ao terceiro lugar no Campeonato de Construtores, estando agora a Ferrari a dezasseis pontos da sua rival. Esta está agora num contrarrelógio para perceber o que se passou em Paul Ricard, dado que num cenário em que todos os pontos contam, fins-de-semana como o passado serão determinantes para o desfecho deste duelo e o Grande Prémio da Áustria é já no próximo domingo.