WEC, 8 Horas de Portimão: Toyota mandou, Félix da Costa Brilhou
O Autódromo Internacional do Algarve voltou a receber uma competição de topo e a viver momentos históricos. A Toyota festejou a corrida 100 no endurance e António Félix da Costa venceu em casa.
Depois dos melhores monolugares e das melhores motos do mundo terem passado por Portimão, foi a fez dos melhores protótipos e GT´s do mundo enfrentarem a montanha russa do Algarve. O Campeonato do Mundo de resistência visitou o nosso país graças a alterações ao calendário inicial, que abriram a porta ao evento em Portugal. Novas alterações significaram que o AIA passou a ser palco da segunda jornada do ano, depois do arranque em Spa. Havia muitos pontos de interesse, nomeadamente a segunda corrida com os Hipercarros e a muito presente questão da pouca diferença entre estes e os LMP2, havia também a estreia oficial da Glickenhaus e claro, a nossa representação lusa.
Portugal está representado ao mais alto nível no WEC, com Eduardo Freitas, o responsável por tudo o que acontece em pista, Pedro Couceiro, piloto de Safety Car e claro António Félix da Costa e Filipe Albuquerque, as estrelas da classe LMP2. O campeão de 2020 foi até Detroit defender a liderança no campeonato IMSA, pelo que todo o foco dos fãs portugueses ficou em Félix da Costa que voltava finalmente a correr em Portugal, depois de muitos anos sem o fazer.
Fim de semana começou bem para Félix da Costa
Na sexta-feira já tivemos ação em pista com os carros a experimentarem pela primeira vez as sensações do AIA e foi o homem da casa a dar nas vistas. Félix da Costa fez o melhor registo da sessão ficando à frente dos Hipercarros (Alpine e Toyota, com a Glickenhaus longe). No segundo e terceiro treino livre foi o carro #22 da United Autosport a liderar a tabela e tempos com os Toyota perto, mas a Alpine ainda mais, mostrando um ritmo interessante para a qualificação. Nos LMGTE a Porsche mostrava mais andamento quer nos Pro quer nos AM com a Team Project 1 e a Dempsey Proton a ocuparem o topo da tabela.
Alpine fez a primeira pole
Matthieu Vaxiviere deu à equipa Alpine a sua primeira pole position do WEC. O piloto francês do A480 #36 (A. Negrão / N. Lapierre / M. Vaxiviere). O francês liderou a sessão de sábado com um tempo de 1:30.364 levando a melhor sobre Brendon Hartley no Toyota #8 ( ( S. Buemi / K. Nakajima / B. Hartley) em segundo com mais 0.094 seg. que o Alpine e Mike Conway em terceiro no Toyota #7 (M. Conway / K. Kobayashi / J. Lopez) a pouco mais de 0.1 seg. O melhor LMP2 foi o Oreca #28 da JOTA (S. Gelael / S. Vandoorne / T. Blomqvist) com Tom Blomqvist a levar a melhor sobre Félix da Costa por apenas 0.045seg. Job van Uitert foi terceiro na Racing Team Nederland Pro-Am Oreca (F. Van Eerd / G. Van Der Garde / J. Van Uitert), gerida pela TDS Racing. O melhor LMP2 ficou a pouco mais de 0.8 seg. do melhor tempo, uma diferença menor do que vimos em Spa, também motivada pelo aumento de peso e cortes na potência dos Toyota e do Alpine, motivados pelo BoP. Nos LMGTE Pro a Porsche confirmou a boa forma com a pole do #92 ( K. Estre / N. Jani / M. Christensen), suplantando o Ferrari da AF Corse #51 (A. Pier Guidi / J. Calado), enquanto que nos Am foi o Porsche da Team Project 1 (E. Perfetti / M. Cairoli / R. Pera) a ficar com a melhor marca.
Alpine teve ritmo, mas Toyota levou a melhor
A Alpine teve um começo de corrida espetacular com Lapierre a fazer um primeiro stint fantástico, afastando-se dos Toyota com relativa facilidade, o que provava a velocidade do LMP1 perante os novos hipercarros. Mas o segredo do sucesso da Toyota foi encontrado no final dos primeiros stints, com a Alpine a parar na 31ª volta e os Toyotas a pararem apenas na 38ª, o que significava que as máquinas nipónicas teriam de fazer (teoricamente) menos uma paragem no final da prova do que o carro da equipa francesa. Esta diferença, motivada por um tanque de combustível mais pequeno no Alpine obrigou os franceses a cumprir mais uma paragem a meio da corrida, o que colocou os Toyota na frente da prova.
A luta aqueceu entre o GR010 #7 e #8 com ambos os carros a ocupar a liderança durante os 8h de corrida, no que prometia ser uma luta renhida até ao final, mas a estratégia do #7 ditou uma paragem na última meia hora para um reabastecimento o que colocou o #8 na frente da prova, com Buemi líder e Lopez por perto. Depois da última paragem de Lopez, a diferença entre ambos era apenas de quatro segundos, o que foi diminuindo à medida que o argentino se aproximou de Buemi. Os dois ensaiavam um duelo que muito prometia, até que a equipa pediu a Buemi para abrir a porta a Lopez. O suíço cumpriu as ordens e o #7 passou para a liderança, mas por pouco tempo. Buemi manteve-se colado à traseira do carro do seu colega e passados alguns minutos regressou ao primeiro lugar de onde nunca saiu mais saiu até ver a bandeira de xadrez, seguido do #7 com o Alpine a terminar a pouco mais de um minuto. O único período de Safety Car da corrida reaproximou a Alpine da frente mas a diferença no número de voltas por stint impediu um resultado melhor para a equipa que colocou em pista um carro muito competitivo.
A Glickenhaus concluiu com o seu primeiro teste de fogo, tendo superado alguns percalços. Durante a corrida o SCG 007 mostrou andamento para igualar apenas os LMP2, mas um incidente numa dobragem implicou uma paragem mais demorada nas boxes para troca de embraiagem o que motivou um atraso de 54 voltas.
Félix da Costa vence “no braço”
Félix da Costa voltou novamente a comprovar a sua boa forma e em Portimão conquistou uma das vitórias mais saborosas dos últimos tempos. A corrida começou melhor para a Racing Team Nederland com Giedo Van der Garde a fazer um bom arranque assumindo a liderança. Félix da Costa deu um toque na confusão da curva três, levando ao pião do seu colega de equipa. A JOTA, que tinha trabalhado diligentemente durante todo o fim de semana para a vitória e estava com o andamento para isso, começava com sobressaltos. O #28 teve de iniciar uma espetacular recuperação enquanto que o #38 ficava fora depois de um stint menos bem conseguido de Roberto Gonzalez. Mas a estratégia da equipa passava por gerir o ritmo de forma a poder poupar combustível e esticar os stints ao máximo. A United e a WRT começaram a mostrar-se e a meio da corrida pareciam as mais fortes candidatas à vitória, mas a boa recuperação do Oreca #28 e a boa estratégia do Oreca #38 permitiram que aos poucos se fossem aproximando do topo da tabela. As duas penalizações para o #31 da WRT e uma última paragem para o #22 da United abriram as portas para um duelo entre os dois carros da Jota. Os protagonistas da qualificação e da primeira volta voltavam a estar sob as luzes dos holofotes, com Blomqvist a ter de se defender Félix da Costa. A cinco minutos do fim o português aproveitou de forma inteligente o tráfego e atacou Blomqvist na curva cinco, selando a ultrapassagem que no final daria a vitória para o carro #38. O #28 ficou em segundo e o #22 da United completou o pódio num fim de semana duro para a equipa que não contou com Albuquerque e viu Fabio Scherer ficar de fora por ter testado positivo para a Covid 19.
Ferrari dominou nos GT
Só deu Ferrari na corrida de Portimão, depois das primeiras indicações mostrarem os Porsche aparentemente mais fortes. Em LMGTE-Pro James Calado e Alessandro Pier Guidi dominaram a primeira vitória da Ferrari na classe desde as 4 Horas de Xangai em 2019.
A dupla do #51 dominou a prova desde o momento em que passou para a frente da corrida, o que aconteceu na segunda hora. Miguel Molina e Daniel Serra completaram uma dobradinha para a AF Corse à frente do Porsche #92, com o #91 ( G. Bruni / R. Lietz / F. Makowiecky) a ficar a uma volta. Nos Am foi o Ferrari da Cetilar (R. Lacorte / G. Sernagiotto / A. Fuoco) a vencer, com o Porsche da Project 1 em segundo e o Ferrari da AF Corse a completar o pódio (T. Flohr / F. Castellacci / G. Fisichella).
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