WEC, 8h de Portimão, Félix da Costa: “Há várias coisas a acontecer e até final de Julho vou tomar decisões”
António Félix da Costa é uma das grandes estrelas deste fim de semana em Portimão. O piloto falou ao AutoSport sobre a corrida, Fórmula E e o futuro.
Félix da Costa está num grande momento. O campeão de Fórmula E está em grande quer na competição 100% elétrica, quer no WEC e este ano espreita a oportunidade de vencer na sua categoria em casa, e quem sabe conquistar um pódio à geral, se a corrida o permitir. O piloto da JOTA lamentou a falta de público neste evento:
“É pena, porque não tenho a sorte de correr em casa muitas vezes. E agora que finalmente vimos competir em Portugal estava na esperança que pudessem abrir qualquer coisa. E é tão chato o tempo de testagens e outras coisas, que nem vêm os meus pais nem os meus irmãos, nem ninguém. Nunca corri em Portimão. Corri no Estoril no GT Open com a BMW e antes disso, Formula Renault. Acho que vamos estar bem mais próximos, num ponto de lutar por vitórias e pole positions. Trabalhamos para isso acontecer em muitas áreas do carro. Tínhamos um défice em velocidade de ponta que não conseguimos encontrar onde perdíamos. Não era downforce e não acreditávamos que era o motor, essa é a desculpa mais fácil, mas eu pessoalmente, não achei que fosse isso. Alteramos muitas coisas, aqueles pequenos detalhes que podem fazer a diferença. Este é um circuito onde a velocidade de ponta não é extremamente importante, por isso vai ser mais o trabalho mecânico e isso é onde já somos bons.“
Apesar de nunca ter corrido aqui, Félix da Costa tem experiência nesta pista e sabe o que é preciso para ter sucesso:
“Já andei muito aqui. Fiz muitos testes de 36 horas com o BMW M8, naquela fase do WEC. Andei aqui de F1, Fórmula 3, de DTM. É preciso encontrar aquele flow. Fazer aqui uma curva má, comprometes duas ou três a seguir. Tens mesmo de entender, que as curvas não são isoladas. Tens de começar bem e mesmo que sintas que estás a ser lento numa fase, vais ser rápido mais à frente. É um circuito que conheço bem e a equipa também esteve aqui a testar há duas semanas, só com o Roberto [Gonzalez]. É um piloto que precisa de mais horas ao volante e é ele que define o que precisamos para o carro. Se ele estiver num dia bom, o resultado vai ser sempre bom. E depois de 2 dias aqui, acho que vamos ter um Roberto bem mais competitivo.”
Quanto as esperanças na luta pelo título a natural evolução permite a Félix da Costa encara o campeonato com otimismo:
“Estou um bocadinho mais confiante que no ano passado, simplesmente porque decidimos não mudar nada. Tivemos convites para mudar de equipa, os 3 pilotos, mas decidimos manter-nos aqui, com os mesmos engenheiros, mesmo mecânicos e acho que é aí que podemos crescer. Vejo o Roberto muito mais confiante, a andar no meio do tráfego, melhoramos muito. Foi a aposta certa. Vai haver dias em que vai haver equipas mais fortes que nós, mas não se podem ganhar todas.”
Uma dos desafios para este fim de semana será o a gestão do trafego, o que numa pista como Portimão, pode revelar-se complicado:
“O tráfego vai ser uma dor de cabeça. Ainda por cima desaceleraram os LMP2 e os GT ‘s continuam iguais ou até mais fortes. Em curvas lentas, eles são muito mais rápidos que nós. Já em Spa vimos isso, e não é uma pista tão lenta quanto esta. Aqui vai ser mais determinante esse aspeto.”
Confrontado com a proximidade dos tempos entre LMP2 e Hipercarros, o piloto de Cascais tem uma visão pragmática:
“O que pensamos não importa. Temos é de ter confiança no plano a longo prazo, para trazer mais marcas e mais competição. Se entrasse um LMDh hoje, eu não sei onde é que ele iria se posicionar. A diferença entre um Hipercarro e um LMP2 já é tão curta, que a única coisa que pode acontecer é eles serem mais rápidos que os hipercarros. Tirar velocidade aos LMP2 não será a solução, porque o carro já opera numa janela que não é suposto operar. Já não está tão divertido de guiar como estava, está muito pesado e estão a dar-nos pneus difíceis de gerir. Por exemplo, quando entras no segundo stint com o depósito cheio e os mesmos pneus, fica muito difícil de guiar. Acredito que em Le Mans, às 3 da manhã com um SC, em que tudo arrefece, pode ficar mesmo perigoso, principalmente para os pilotos Silver e Gentlemen. O Bahrein é uma pista que tem muito pouca aderência. É uma pista que nunca levou asfalto novo, tem o mesmo asfalto desde que abriu. A degradação dos pneus era altíssima e acho que agora, ainda vai ser mais por causa disto. Vai ser igual para todos, temos de fazer o melhor com o que temos.”
Quanto ao balanço do Fórmula E, depois de um arranque difícil, a luta do título ficou relançada com a vitória no Mónaco:
“Em Riade, não estávamos lentos, mas ainda tínhamos o carro antigo. Em Roma, com o carro novo, foi daqueles fins de semana em que nada correu bem, pontuamos praticamente zero. E cheguei a Valência e disse que ia correr bem, que o campeonato começava ali. Fizemos tudo bem, uma pole, na corrida estivemos na frente da primeira até acontecer aquele problema todo. Tivemos um atraso no relançamento do campeonato. No dia seguinte, o Attack Mode não ativava. Tivemos de ter uma mentalidade forte e não deitamos a toalha ao chão. Fiquei muito contente com os aplausos de toda a equipa no Mónaco. Toda a preparação pré-evento foi fantástica.
Estávamos a chegar a um ponto onde as coisas não aconteciam, por um conjunto de fatores: saiu muita gente, às vezes quando ganhamos muito pode haver tendência a facilitar. Fiquei muito contente com a recuperação que tivemos e demonstra que somos uma equipa vencedora. No Mónaco tivemos um dia perfeito e se não estivesse lá eu seria o JEV a vencer. Estamos a meio do campeonato a 10 pontos, por isso estamos lançados. 100% de confiança que posso revalidar.”
Surgiram recentemente rumores que Félix da Costa poderia rumar aos Estados Unidos para tentar a Indycar. O piloto não abriu o jogo, mas prometeu novidades para breve:
“Deixa ver. Depende de vários fatores. É preciso muito para neste momento largar a Fórmula E. Tudo o que tenho em cima da mesa, não chega. Gostava de ir lá dar uma perninha, para espreitar o campeonato e acho que isso pode acontecer. Se fosse há 5 anos atrás eu ia sem pensar. Estou numa fase da minha vida, em que como atleta estou no meu pico, mas é um risco muito grande largar tudo aqui. Estabeleci-me finalmente como um piloto de ponta, tanto num campeonato como noutro e agora largar tudo para voltar a ser um rookie e ter que voltar a provar o que valho… Eu conheço este mundo e sei que existem muitos mini fatores que deitam tudo a perder. Não é medo, mas é um risco. Há várias coisas a acontecer e preciso de pelo menos, até final de Julho para tomar decisões.”
Quanto a possíveis novidades para a resistência, teremos de esperar também:
“Também no final de Julho temos o WEC, Indycar e Fórmula E em cima da mesa. O plano ainda não está finalizado.”
Félix da Costa está claramente no melhor momento da sua carreira e isso vê-se na forma como entra em pista:
“Estou numa fase ganhadora. Com duas equipas ganhadoras. Vou para todos os fins de semana saber que existe uma hipótese de vencer. Já estive durante algum tempo no oposto e é doloroso. Prometi a mim mesmo que não tomava mais nenhuma decisão por dinheiro e estar nessa situação. Sei que não vou ter sempre um carro ganhador, na Fórmula E não vou vencer sempre mas sei que trabalhamos para ganhar. “
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