GP do Azerbaijão de F1: O regresso de Vettel

Por a 7 Junho 2021 17:51

Há duas corridas, poucos apostariam num pódio de Sebastian Vettel, mas desde Monte Carlo que se verificou uma evolução do alemão e o seu segundo lugar no Grande Prémio do Azerbaijão deveu-se em parte a azares e erros de outros, mas também e sobretudo a uma notável prestação do piloto da Aston Martin.

O fim-de-semana não começou de uma forma brilhante para os homens da formação que representa o construtor britânico que nem sequer colocava qualquer dos seus carros entre os dez primeiros até à qualificação, não parecendo ser capaz de protagonizar uma surpresa na ronda de Baku.

Esse papel parecia estar reservado à Ferrari, que inesperadamente se mostrava competitiva na pista azeri, e à Alpha Tauri, que recuperava a performance evidenciada em Sakhir e Imola.

Os pilotos da “Scuderia” chegavam à qualificação com a possibilidade de lutarem pela pole-position e Pierre Gasly era também um candidato, muito embora os homens da Red Bull fossem os favoritos.

No entanto, como é comum em Baku, os incidentes são uma certeza e ao longo da sessão que definiu a grelha de partida as bandeiras vermelhas foram mostradas por quatro vezes, o que apanhou alguns pilotos desprevenidos e impediu que todos encontrassem um ritmo de progressão consistente ao longo da qualificação.

Charles Leclerc aproveitou da melhor forma as dificuldades alheias e colocou o seu Ferrari na pole-position pela segunda vez consecutiva e, muito embora o seu monolugar tenha ficado incólume, tal como no Mónaco, uma bandeira vermelha acabou por impedir um ataque dos homens da Red Bull, desta feita devido ao despiste de Yuki Tsunoda, que alcançou a Q3 pela primeira vez, e de Carlos Sainz, que seguiu por uma escapatória para evitar o Alpha Tauri.

Gasly, por seu turno, igualava o seu melhor resultado em qualificação, o quarto lugar, mas não deixava de sentir alguma frustração, dado perder apenas dois milésimos de segundo para Max Verstappen.

Já Sebastian Vettel, falhava a passagem à Q3 por 0,019s, deixando transparecendo algum desapontamento, mas a sua posição na grelha de partida e a possibilidade de escolher pneus para o início da corrida, acabaria por ser determinante para a sua prestação notável do dia seguinte.

As borrachas da Pirelli eram propensas à granulação ao longo do circuito azeri, que sem curvas de alta velocidade, cria pouca energia nos pneus, sendo difícil colocá-lo na janela correta de temperatura. Os dez da frente, obrigados a arrancar com os pneumáticos que usaram para subir à Q3, todos recorreram aos macios, estavam mais propensos ao fenómeno que os pilotos atrás de si e Vettel tirou bom partido disso.

Enquanto Leclerc caía da liderança na primeira volta para quarto na sétima, o alemão subia a nono, exibindo no seu Aston Martin borrachas macias novas. Pierre Gasly não conseguiu suster o arranque fulgurante de Sérgio Pérez e descia a quinto, mas rapidamente alcançou o escape do Ferrari, assim que os pilotos das ‘Duas Grandes’ assumiram as três primeiras posições.

Era evidente que, entre Leclerc, Gasly e Vettel, era o “ferrarista” que estava em maiores dificuldades, talvez pela opção da ‘Scuderia’ em colocar pouca asa no SF21 para poder ganhar velocidade de ponta, e na nona volta parou nas boxes para se ver livre dos pneus macios para montar duros com os quais pretendia terminar a corrida.

Porém, com a pista mais fria que nos dias anteriores, as borrachas mais duras da Pirelli demoraram muito tempo a aquecer e, com duas voltas rapidíssimas, Gasly saía das boxes à frente do piloto da Ferrari.

Por seu lado, com um ritmo impressionante, Vettel continuou em pista durante mais sete voltas após a paragem do gaulês, trocou de pneus na décima oitava, e muito embora não tenha ganho posições a este duo, subia a sexto, suplantando Fernando Alonso, Yuki Tsunoda e Carlos Sainz, que fora apanhado pelos pneus frios e seguira em frente na Curva 8 após a sua passagem pelas boxes.

Com a corrida estabilizada, Gasly liderava a prova do “Segundo Pelotão” seguido de Leclerc e Vettel, mas este, com pneus mais frescos, era o mais rápido do trio e, num circuito em que as ultrapassagens são uma forte possibilidade e com uma velocidade de ponta elevada, a perspectiva do alemão subir na classificação era alta.

Depois de bater na qualificação, o que atirou para o décimo nono lugar na grelha de partida, Lance Stroll continuava em pista sem parar, mantendo o seu Aston Martin com borrachas duras no quinto posto, uma posição que teria de ceder quando passasse pelas boxes, mas um lugar nos pontos estava no horizonte do piloto da Aston Martin.

Porém, o canadiano teria um impacto bem maior no desfecho da corrida, uma vez que, quando completava a sua trigésima volta, o pneu traseiro – esquerdo do seu carro perdeu ar na aproximação à recta da meta, a mais de 300 Km/h.

A pancada foi forte, mas Stroll abandonou sem mazelas o seu esmurrado monolugar, que deixou detritos espalhados por toda a área, obrigando à entrada do Safety-Car em pista para que esta fosse limpa e o Aston Martin recuperado.

Quando a corrida foi retomada, assistiu-se a um Vettel incisivo e agressivo, ascendendo ao quarto lugar, com ultrapassagens a Leclerc e a Gasly, em apenas uma volta.

O alemão estava assim no encalço dos três primeiros e, por diversos momentos, pareceu ser até capaz de se revelar uma preocupação para Lewis Hamilton, que rodava em terceiro na perseguição aos dois homens da Red Bull.

Em circunstâncias normais, dificilmente Vettel poderia ascender ao pódio, mas na quadragésima sexta volta, Verstappen sofria o mesmo fim de Stroll já em plena recta da meta. O pneu traseiro – esquerdo do seu monolugar perdia subitamente pressão, enviando o RB16B Honda para os muros de proteção.

Vettel estava já na terceira posição, quando a corrida foi interrompida com bandeiras vermelhas, sendo real a possibilidade de vermos o alemão da Aston Martin no pódio pela primeira vez desde o Grande Prémio da Turquia do ano passado.

Depois de uma paragem para limpar a pista, a corrida seria retomada para completar as duas voltas finais.

Vettel tinha “apenas” de se defender de Gasly e Leclerc para garantir mais uma subida ao palanque dos vencedores, mas logo nos primeiros metros o alemão tinha mais um presente – Hamilton desligara os travões traseiros do seu Mercedes inadvertidamente e seguia em frente na primeira travagem, caindo para último.

O piloto da Aston Martin era agora segundo e, sem argumentos para Pérez, terminava confortavelmente atrás do mexicano e como o melhor do “Segundo Pelotão” na sua sexta corrida pela sua nova equipa.

Ao longo das cinquenta e um voltas de prova, Vettel tinha mostrado rapidez, sentido de oportunidade e agressividade, qualidades há muito escondidas, parecendo ter terminado a sua fase de adaptação ao seu novo ambiente e estar em condições de liderar em pista a Aston Martin, que bem precisava de alguém que pudesse guiá-la de volta aos bons resultados depois da saída de Sérgio Pérez.

Gasly e Leclerc envolveram-se numa luta intensa pelo terceiro lugar, acabando o francês por levar a melhor, depois de diversas ultrapassagens entre eles. Qualquer um deles verá com alguma frustração terem sido suplantados por Vettel, que arrancara apenas de décimo primeiro, mas será o monegasco com o maior amargo de boca, dado que alinhou na pole-position e terminou fora do pódio num dia em que a Mercedes não colocou nenhum dos seus pilotos nos pontos e Verstappen abandonou.

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