GP do Mónaco de F1: Verstappen e Red Bull aproveitam falhas da Mercedes
Max Verstappen conquistou a sua primeira vitória no GP Prémio do Mónaco e num fim-de-semana em que a Mercedes errou clamorosamente, assumiu pela primeira vez a liderança no Campeonato de Pilotos, mas nem sempre o triunfo pareceu uma possibilidade clara para o piloto da Red Bull.
O holandês e a sua equipa chegaram a Monte Carlo como claros favoritos ao sucesso na prova que regressava ao calendário depois da ausência do ano passado devido à pandemia da COVID-19, mas a Ferrari parecia querer estragar a festa destes.
A “Scuderia” já mostrara que tinha um carro forte nas curvas lentas e com boa tracção mecânica, características que assentam que nem uma luva no traçado monegasco, mas para além disso, os italianos apresentavam-se na quinta prova da temporada com um carro bem afinado que rapidamente colocava em funcionamento os pneus, ao contrário do Red Bull e, sobretudo, do Mercedes.
Após os treinos-livres de quinta-feira, a possibilidade de vermos um Ferrari na pole-position era elevada e no sábado de manhã era reforçada.
Charles Leclerc acabaria por confirmar a competitividade do SF21 ao conquistar o melhor lugar da grelha de partida para o Grande Prémio do Mónaco, mas não evitaria embater nas barreiras de protecção na sua segunda volta lançada da Q3 e com as bandeiras vermelhas a colorir a pista monegasca, ninguém tinha a oportunidade de melhorar o seu crono.
Verstappen era dos mais frustrados com a situação, uma vez que a sua volta até ao meio do Túnel dava-lhe a esperança de poder bater a marca de Leclerc e, assim, garantir a sua primeira pole-position em Monte Carlo.
Num circuito em que as ultrapassagens se não são impossíveis, são, pelo menos, de grande dificuldade, a vitória parecia um pouco mais distante do alcance do holandês.
O piloto da Red Bull teria, porém, um presente ainda antes do início do Grande Prémio – fosse ou não devido ao seu acidente na qualificação, Leclerc não poderia alinhar para a corrida devido a problemas de transmissão, deixando vaga a posição da pole-position, que na realidade ficava nas mãos de Verstappen.
O primeiro passo para a vitória estava dado, mas tinha ainda de concretizar a sua posição na grelha de partida no comando, tendo ao seu lado Valtteri Bottas, que estava ávido de poder conquistar a sua primeira vitória da temporada.
No entanto, o holandês não deu qualquer hipótese ao finlandês no arranque, apesar deste ter reagido melhor ao semáforo, fechando o piloto da Mercedes para se lançar para a liderança, seguido deste e por Carlos Sainz.
Lando Norris estava no quarto posto, mas não tinha como acompanhar o ritmo dos três primeiros, que estavam num nível diferente.
Nas primeiras quinze voltas, Bottas manteve-se a menos de dois segundos de Verstappen, ao passo que o piloto espanhol da Ferrari seguia o da Mercedes a menos de três, o que colocava o foco nas paragens nas boxes.
Contudo, daí para a frente o finlandês começou a perder terreno para o holandês e para Sainz, o que condicionava as opções estratégicas da Mercedes, dado que tinha ainda a veleidade de atacar a liderança, mas tinha também que se defender do piloto da Ferrari.
Bottas estavam em dificuldades com os pneus, perdendo cada vez mais terreno para o líder, na vigésima nona volta estava já a quase cinco segundos, e na trigésima entrava nas boxes… para não mais de lá sair.
A roda dianteira – direita do Mercedes W12 do finlandês nunca saiu do carro – na segunda-feira ainda lá estava – e sem poder trocar os pneus, o abandono de Bottas era uma inevitabilidade para frustração do homem de Nastola.
A única ameaça externa ao triunfo de Verstappen vinha agora de Sainz, mas a falta de andamento de Bottas atrasara o espanhol, que na trigésima primeira volta estava já a mais de oito segundos do líder.
A Ferrari chamou o seu piloto às boxes na volta seguinte, montando pneus duros, e mais uma vez o SF21 colocava as borrachas da Pirelli a funcionar rapidamente e quando Verstappen saiu das boxes, na trigésima quarta, os dois estavam separados por apenas seis segundos.
O espanhol continuou a sua aproximação, chegando a estar a apenas 2,8s quando estavam cumpridas quarenta e nove voltas, mas então o holandês decidiu que já era de mais e começou a construir uma vantagem de maior conforto, que chegou aos mais de nove segundos.
No final, Max Verstappen conquistava o seu primeiro triunfo no Grande Prémio do Mónaco, assim como o seu primeiro pódio, com uma vantagem de 8,9 segundos para Sainz que também terminava pela primeira vez nas ruas do Principado, assim como com a Ferrari, assegurando um resultado de consolação para a “Scuderia” depois de ter perdido Charles Leclerc ainda antes do início da corrida.
Lando Norris completou o pódio de estreantes na pista monegasca, depois de ter absorvido a pressão de Sérgio Pérez nas última dezasseis voltas.
O piloto da Red Bull, depois de uma qualificação em que não conseguiu encontrar uma volta sem tráfego na Q3, arrancou do nono lugar da grelha de partida, oitavo na pista, e com uma estratégia de “overcut”, suplantou Lewis Hamilton, Pierre Gasly e Sebastian Vettel, lançando-se na perseguição ao jovem da McLaren.
Pérez tentou provocar um erro do inglês, mas este mostrou-se imperturbável, assegurando seu segundo pódio da temporada, primeiro em Monte Carlo.
Sebastian Vettel, também com uma abordagem táctica de “overcut”, suplantou Lewis Hamilton e Pierre Gasly, assinando a sua melhor prestação desde que chegou à Aston Martin e que foi premiada com um bom quinto lugar, que lhe permite já marcar mais pontos que Lance Stroll, o seu colega de equipa, que terminou no oitavo posto, contribuindo para a boa operação da formação de Silverstone.
Hamilton foi uma das decepções do fim-de-semana, nunca conseguindo recuperar de uma má qualificação, em parte devido a erros estratégicos da Mercedes, perdendo até duas posições durante a prova.
Esteban Ocon salvou a honra da Alpine num fim-de-semana em que a equipa que defende as cores da marca francesa esperava mais com um nono lugar, ao passo que António Giovinazzi com uma boa prestação ao longo de todo o evento – assinou o décimo crono na qualificação – conquistou o primeiro ponto da temporada da Alfa Romeo.
Com os resultados do Grande Prémio do Mónaco, Verstappen e a Red Bull lideram agora os respectivos campeonatos, capitalizando de forma eficaz os erros e as falhas que a Mercedes evidenciou ao longo do fim-de-semana.
FIGURA
Red Bull
Max Verstappen esteve muito bem ao longo de todo o fim-de-semana, falhando apenas quando não realizou uma volta suficientemente boa para a pole-position logo no início da Q3, mas a formação de Milton Keynes esteve num elevado nível.
Depois de algumas questões de performance na quinta-feira, ofereceu no sábado um carro competitivo e fiável aos seus pilotos.
Na corrida, é certo que beneficiou dos problemas de Leclerc, mas desenhou uma estratégia perfeita tanto para Verstappen como para Pérez, permitindo ao holandês vencer e ao mexicano recuperar de nono para quarto, enquanto a Mercedes falhava clamorosamente.
MOMENTO
O abandono de Leclerc
Sem o abandono do piloto da Ferrari ainda antes do início da corrida, o Grande Prémio do Mónaco seria bastante diferente…
Sem o monegasco em pista, Verstappen ficou na pele de favorito ao triunfo, mas isso não incomodou o holandês que encetou uma cavalgada decisiva até à sua primeira vitória no Grande Prémio do Mónaco.