Entrevista a Malcolm Wilson: “Voltaremos a ter grandes espetáculos na estrada com os novos Rally1”

Por a 20 Maio 2021 16:48

Malcolm Wilson, diretor-geral da M-Sport tem tentado, até este momento sem sucesso, conseguir um piloto de topo para a M-Sport, que ao contrário de atualmente, quer “jogar de igual para igual” com a Hyundai e Toyota em 2022, ‘coisa’, que não sucede atualmente. Sabe-se que Malcolm Wilson falou com Ott Tanak, mas tanto o estónio quanto Thierry Neuville assinaram recentemente novos contratos com a Hyundai. Sébastien Ogier vai sair, e se fizer é alguns ralis, sendo que a Toyota quer que ele fique por lá, pelo que o único piloto de topo, que ainda não tem contrato para 202 é Elfyn Evans. Para lá disso, só ‘resgatando’ os vários bons pilotos que estão sem carro, e têm experiência.

Ou isso, ou fazer o que a M-Sport tão bem sempre fez, formar jovens valores.

Seja como for, Malcolm Wilson admite que está preocupado com a “diminuição” do número de pilotos de topo ainda disponíveis para o Mundial de Ralis de 2022.

Ott Tanak disse no final de 2020 que falou com as três equipas para 2022…

“Não fiz disso segredo disso. Tentei fazer regressar o Ott (Tanak) em 2022, mas não fomos bem sucedidos e eu entendo a sua posição, e as suas razões”.

Acredita que há pilotos no mercado que possam liderar a M-sport, que aceitem esse desafio?

“Eles estão certamente a diminuir diariamente, isso é certo, mas sim, ainda há pilotos que podem liderar o desafio, por assim dizer. Ainda estamos em discussões com vários pilotos, mas também temos alguns bons jovens como possibilidades. Penso que todos sabem que já trabalhámos com jovens no passado, por isso é um caminho que me agrada. Vamos ver o que acontece nos próximos meses”.

Mesmo que Ogier não vá fazer uma campanha completa em 2022, está aberto a uma época de ‘part time’ com ele?

“A prioridade é tentar conseguir um piloto de topo e fazer o que fizemos em 2017/2018. Se não conseguirmos isso e Sébastien decidir fazer um programa limitado, então de certeza que o poderemos fazer. Obviamente que trabalhámos muito bem juntos no passado, por isso é algo para que poderemos olhar, mas tenho de dizer, que o meu principal objetivo é tentar arranjar alguém que possa liderar a equipa durante toda a temporada”.

A Ford aloca recursos para o Rally1, será que é só para R/D ou também para poder ir buscar um piloto mais forte?

“Não discutimos números, mas tal como sucedeu em 2017/2018, encontrámos uma solução. É verdade, a Ford Performance apoiou-nos e apoia-nos muito, no desenho e desenvolvimento do novo carro, e o meu objetivo é encontrar os meios para fazer um bom trabalho…”

Há muita gente renitente e preocupada que os novos carros sejam menos espetaculares, o que podemos esperar dos Rally1, numa perspetiva global?

“Só posso falar do teste que testemunhei, e do feedback que me têm dado os pilotos. E acho que vamos entrar numa era muito interessante. Ao ver o carro em Greystoke, fiquei surpreendido com o ritmo, e para ser honesto, isso foi antes de estarmos a funcionar com o motor em ‘full-hybrid’, pelo que acredito que agora está ainda melhor, com a parte híbrida a funcionar na sua capacidade total. Penso que estamos perante de mais um desafio excitante, penso também que o Departamento Técnico da FIA tem feito um trabalho excelente para equilibrar a performance.

Vamos ver quando chegarmos ao Rali de Monte Carlo, mas acredito que quando os regulamentos estiverem totalmente definidos, voltaremos a ter grandes espetáculos na estrada, pelo menos nos próximos três anos com esta nova geração de carros”.

Os dias de testes dos novos Rally1 são limitados?

“Sim. Não sei dizer exatamente quanto, mas há limites para os dias de testes para todas as equipas com os novos carros, penso que são 30 dias mas não tenho a certeza, depois posso confirmar, o que é livre são os testes na nossa pista de Greystoke, aí podemos rodar o que quisermos…”

Foram para a Lapónia, agora Espanha, será suficiente para uma nova tecnologia?

“Penso que será justo dizer que os novos Rally1 híbridos é uma nova tecnologia, e portanto um novo desafio. Com o que temos planeado e o facto de podermos usar Greystoke, deixa-me confiante que podemos chegar onde queremos, com os dias limitados que temos. Estamos razoavelmente felizes com os dias alocados, penso que se a questão se colocar podemos ver isso com os outros construtores e com a FIA, mas estou contente, é mais do que nós alguma vez fizemos no passado, relativamente a qualquer novo carro que tenhamos feito. Portanto sinto que temos razões para estar confiantes”.

Que pilotos já testaram o carro?

A maior parte do tempo foi o Matthew (ndr, Wilson, filho de Malcolm Wilson, ex-piloto da equipa), Adrien (Fourmaux) também já andou, e esteve também no simulador, nos EUA, com a afinação básica. Tem sido excelente poderem testar nas instalações da Ford nos EUA”.

Quando voltam a testar?

“Vamos para Espanha novamente toda a semana, com o novo carro, onde vamos fazer o primeiro grande teste de endurance, para o chassis, estrutura, e depois viramos-nos para o asfalto”.

O carro é mais rápido do que pensava antes do ver no primeiro teste?

“Não fizemos uma comparação com o carro atual, quando fizemos o primeiro teste, mas estou perfeitamente convencido que quando o novo carro andar em ‘full hybrid’ será tão rápido, quanto somos atualmente”.

É verdade que vamos ter o Puma como base do próximo WRC?

“Isso é algo que vão ter que esperar para ver…”

E quanto ao Adrien Fourmaux. Espera dele aqui em Portugal um resultado semelhante à Croácia?

“Não espero o mesmo resultado espetacular que ele fez na Croácia. Ele fez um excelente trabalho, este rali será bem mais difícil para ele, a Croácia era nova para todos, mas no Rali de Portugal ele vai competir contra pilotos que têm muito mais experiência desta prova. Do nosso ponto de vista a prioridade é que ele termine o rali, quero que ele fique a perceber o que é um World Rally Car num rali de terra, não há qualquer pressão para que ele consiga um resultado de topo. Ele tem uma boa posição na estrada para amanhã, caso o tempo se mantenha como está, mas a minha prioridade é que ele adquira a experiência, e faça o rali todo”.

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