GP Espanha F1: Leclerc provou a evolução da Ferrari

Por a 10 Maio 2021 15:12

A Ferrari protagonizou este ano um salto competitivo evidente, depois dos seus problemas de 2020, mas não tinha ainda se superiorizado no Segundo Pelotão, tendo sido obrigada a vergar-se perante a McLaren nas três primeiras corridas da época. Porém, no Grande Prémio de Espanha, Charles Leclerc deixou bem patenteado a evolução da formação de Maranello e colocou a “Scuderia” no encalço das duas equipas da frente, podendo até ter assegurado um pódio, com uma tática mais arrojada.

A Ferrari tinha como grande objetivo para este ano evoluir competitivamente e recuperar o seu lugar como terceira força, mas muito embora em qualificação um dos seus pilotos se tenha colocado sempre apenas atrás dos homens da Red Bull e da Mercedes, em corrida os carros de Woking pareciam ter uma ligeira vantagem, o que era determinante para que Lando Norris se pudesse impor e vencer todas as três corridas do segundo pelotão.

O Circuit de Barcelona – Catalunya prometia ser mais um palco para o duelo entre as duas equipas e um terreno onde teríamos uma ideia mais clara do que poderíamos esperar de ambas para a restante temporada, dada a diversidade de curvas do circuito espanhol, que permite extrapolar dados.

Na qualificação assistiu-se ao que vinha acontecendo, com Charles Leclerc a conquistar a “pole do Segundo Pelotão”, ao garantir o quarto lugar da grelha de partida, tendo como grande adversário desta feita Esteban Ocon, que confirmava o bom andamento que a Alpine tinha evidenciado em Portugal e lamentava-se de uma falha de motor, que o impedira de atacar a posição do monegasco.

Num circuito em que a posição em pista é de capital importância, a Ferrari levava vantagem face à McLaren, mas a Pirelli levara para Barcelona os mesmos pneus que para o Algarve, tendo o SF21 tido dificuldades em fazer funcionar os médios, e num asfalto bastante mais abrasivo que o português, havia dúvidas quanto à possibilidade de os carros italianos conseguirem bater os seus adversários de Woking.

O arranque correu de feição a Leclcerc, que reagiu bem aos semáforos, e aproveitou as lutas entre os três da frente para suplantar Valtteri Bottas por fora na exigente Curva 3, ascendendo a terceiro.

Atrás de si, Daniel Ricciardo levava a melhor, suplantando Carlos Sainz e Esteban Ocon, conduzindo no seu escape Sérgio Pérez.

Num cenário em que tanto o monegasco como o australiano tinham pista livre à sua frente, mas com um carro mais rápido no seu encalço, o piloto da Ferrari abria uma vantagem para o seu adversário da McLaren, que na oitava volta, pouco antes do Safety-Car entrar em pista – Yuki Tsunoda parou em pista na Curva 10 com problemas técnicos no seu Alpha Tauri – se cifrava em quase cinco segundos.

O monolugar de Faenza foi rapidamente recuperado e a corrida reassumida na décima primeira volta, voltando a verificar-se o mesmo cenário.

As dificuldades em ultrapassar no Circuit de Barcelona – Catalunya eram evidentes e, apesar de terem carros bastante mais rápidos, nem Bottas, nem Pérez conseguiam encontrar forma de desfeitear Leclerc e Ricciardo, respectivamente.

Os pneus macios do monegasco – todos os pilotos iniciaram a corrida com este composto, excepto Kimi Raikkonen, que escolhera médios – pareciam estar a aguentar bem e, com vinte voltas cumpridas, continuava a manter Bottas sob respeito e tinha já uma vantagem de nove segundos para Ricciardo, o que lhe permitia ter uma boa elasticidade estratégica.

A questão para a Ferrari era decidir se tentaria defender o terceiro lugar, face a Bottas, ou se tinha como objectivo principal proteger o seu piloto de Ricciardo e Pérez, esquecendo o finlandês e uma eventual subida ao pódio.

Sem qualquer possibilidade de ultrapassar o carro italiano em pista, o piloto da Mercedes entrou nas boxes na vigésima terceira volta, tentando fazer o “undercut” ao ferrarista, que tinha 1,2s de vantagem.

A Ferrari não reagiu, centrando-se na luta com Ricciardo e Pérez, que estavam já a mais de dez segundos.

No entanto, caso a “Scuderia” tivesse chamado o seu piloto às boxes na volta seguinte, talvez conseguisse manter a terceira posição.

Uma paragem nas boxes custa em Barcelona cerca de vinte e dois segundos, tendo Bottas saído para a pista a vinte e três do piloto da Ferrari, estando a 21,8s quando este chegou à entrada do “pit-lane”.

Caso fosse assumida uma paragem uma volta depois de Bottas, Leclerc teria atacado mais na sua ida às boxes, podendo esta vantagem ser maior. Se levarmos em consideração que a paragem do monegasco lhe custou 21,6s, menos dois décimos que a vantagem que detinha para o finlandês, talvez lhe fosse possível manter o terceiro lugar.

É claro que mais à frente, e caso assumamos que Bottas não ultrapassaria Leclerc em pista, haveria outro momento estratégico de grande pressão, mas pelo menos, a Ferrari abria a possibilidade a Leclerc de continuar no terceiro lugar e poder subir ao pódio pela primeira vez este ano.

O piloto da Scuderia apenas na vigésima oitava volta entrou nas boxes, reagindo a Pérez, que parara uma antes, perdendo qualquer possibilidade em sonhar com um pódio.

Com Ricciardo a manter a sua posição face ao mexicano, Leclerc foi cavando uma vantagem para os seus perseguidores, que se cifrava já em mais de quinze segundos quando estavam cumpridas quarenta cinco voltas, uma antes do homem da McLaren parar para realizar a sua segunda troca de pneus.

Sem ninguém à sua frente, Pérez não conseguiu recuperar decisivamente face a Leclerc e na volta anterior a nova passagem pelas boxes, tinha ainda uma desvantagem de catorze segundos. Com espaço para replicar a estratégia da Red Bull, a Ferrari parou o seu piloto na volta seguinte, defendendo o quarto lugar, que deverá ser precioso na luta pelo terceiro lugar do Campeonato de Construtores.

Apesar de ter ao seu dispor de um monolugar mais competitivo, Pérez nunca conseguiu aproximar-se, tendo Leclerc assegurado a vitória do Segundo Pelotão e batendo no processo um Red Bull numa prestação brilhante e que evidencia que está pronto para ter um Ferrari competitivo que lhe permita bater-se com Lewis Hamilton e Max Verstappen.

Daniel Ricciardo, depois de suplantado por Pérez, viu-se pressionado até à bandeira de xadrez por Carlos Sainz, que depois de um mau arranque, caiu de sexto para oitavo, recuperou até sétimo.

Lando Norris, numa prestação aquém do que tem demonstrado este ano, cruzou a linha de meta no oitavo lugar à frente de Esteban Ocon, que foi o único piloto a parar apenas uma vez, e Pierre Gasly, que sofreu uma penalização de cinco segundos por não ter alinhado na zona correcta da grelha de partida.

Talvez tenha faltado à Ferrari o arrojo para ir atrás de um pódio com uma estratégia audaz, mas a evolução da Scuderia face a 2020 é impressionante. O ano passado a meio da corrida, Leclerc estava já a mais de sessenta e três segundos do líder, este ano, completou as sessenta e seis voltas de prova a 54,616s de Hamilton… Veremos como se baterá com a McLaren em 2021.

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