GP de Portugal de Fórmula 1: Hamilton não baixa os braços

Por a 3 Maio 2021 18:55

Na quarta volta da corrida de domingo, Lewis Hamilton parecia estar distante de poder vencer o Grande Prémio de Portugal, mas o inglês mostrou o porquê de ser heptacampeão mundial, conquistando o seu segundo triunfo da temporada e o nonagésimo sétimo da sua carreira.

A Red Bull chegava ao Autódromo Internacional do Algarve depois do sucesso de Max Verstappen no Grande Prémio da Emilia Romagna e era apontada como favorita ao degrau mais alto do pódio no evento português.

No entanto, um conjunto de condições conspiravam para que a Mercedes se sentisse mais à vontade no traçado situado nos arredores de Portimão.

O asfalto do circuito luso não evoluíra como esperado desde a corrida de Outubro, apesentando-se ainda muito escorregadio, o que dificultava a criação de calor nos pneus Pirelli.

Para ajudar, ou desajudar, à situação, a companhia italiana levava para o Algarve as borrachas mais duras da sua gama, o que tornava ainda mais difícil colocar os pneus na janela correcta de funcionamento.

A maior parte das equipas, durante a qualificação, recorriam mesmo a duas voltas de aquecimento para depois realizar uma volta lançada, estratégia adoptada pela Mercedes, mesmo na Q3.

A Red Bull, por seu lado, preferia aproveitar o pico das borrachas, efectuando apenas uma volta de aquecimento.

No final da qualificação, era Valtteri Bottas que conquistava a pole-position, para espanto da Mercedes, batendo Lewis Hamilton por sete milésimos de segundo, ao passo que Max Verstappen errava e via a volta que lhe permitia ser mais rápido ser apagada, devido ter violado os limites da pista, não indo além de terceiro imediatamente à frente de Sérgio Pérez.

Na tarde de sábado, o holandês não escondia a sua frustração, queixando-se da falta de aderência proporcionado pelo asfalto português.

A Mercedes estava em vantagem, mas a analise dos tempos da segunda sessão de treinos-livres, aquela em que as equipas realizam simulações de corrida, apontavam para uma ligeira vantagem da parte Red Bull, o que garantia condições para um Grande Prémio de elevado interesse. Para adensar a trama, no domingo, as condições meteorológicas alteravam-se ligeiramente, com o vento que se fizera sentir nos dias anteriores a diminuir e, sem nuvens no céu, a temperatura da pista a subir, ultrapassando pela primeira vez os 40ºC.

Hamilton felino

Pela primeira vez na “pole” este ano, Bottas não tremeu, mantendo a liderança com autoridade, sendo seguido por Hamilton e Verstappen. Pérez, por seu lado, sentia dificuldades em colocar a potência no chão, e era suplantado por Carlos Sainz, perdendo para os seus verdadeiros adversários.

A corrida, porém, seria neutralizada no início da segunda volta, devido ao toque de Kimi Raikkonen no seu colega de equipa, sendo obrigado a parar na escapatória da primeira curva com a sua asa dianteira debaixo do seu Alfa Romeo, o que provocou a entrada em pista do Safety-Car. A corrida esteve neutralizada até à sexta volta, e no recomeço Lewis Hamilton pareceu ficar mais distante de poder alcançar o triunfo.

Bottas, no controlo das operações, acelerou exactamente no momento em que o inglês estava a tentar perceber o que estava Verstappen a fazer, apanhando-o desprevenido e o holandês não deixou passar a desatenção do heptacampeão mundial em claro, ultrapassando-o na travagem para a Curva 1.

A partir de então, o piloto da Red Bull passou a atacar Bottas, estando consistentemente na distância de DRS, mas no Autódromo Internacional do Algarve os Mercedes pareciam ter uma pequena vantagem relativamente aos Red Bull no que diz respeito à velocidade de ponta, o que deixava o finlandês ao abrigo de qualquer ataque, desde que não cometesse qualquer erro.

Acabou por ser o holandês a protagonizar uma falta pessoal, estavam cumpridas dez voltas.

Verstappen, ao tentar colocar a potência no chão na Curva 14, viu a traseira do seu monolugar escorregar, deixando-o exposto ao ataque de Hamilton.

Este não se fez rogado e, com ajuda do DRS, lançou um ataque na recta da meta, concretizando a ultrapassagem na Curva 1.

Depois de ter passado pelo terceiro lugar, o inglês estava agora um passo mais próximo da vitória, até porque estava claramente mais rápido que Bottas, passando aproximar-se do seu colega de equipa.

Hamilton começou a pressionar o finlandês de imediato, rodando consistentemente na zona do DRS. O líder foi absorvendo a pressão, mas na décima nona volta, o inglês saiu bem da Curva 14 lançando-se para um ataque à liderança, tendo Bottas sido impotente para evitar a ultrapassagem do seu colega de equipa.

Em vinte voltas, Hamilton tinha descido a terceiro e alcançado a liderança, mostrando-se determinando em conquistar a sua segunda vitória da temporada.

Sem conseguir desfeitear Bottas e com Hamilton a distanciar-se no comando, a Verstappen restava apenas uma jogada estratégica, apostando num “undercut” ao parar na trigésima quinta volta.

Porém, com Hamilton com mais de cinco segundos de vantagem para o holandês, a Mercedes defendeu a posição de Bottas na volta seguinte, chamando Hamilton na trigésima sétima.

Nessa mesma volta, e pouco depois de sair das boxes e ainda com os pneus duros frios, o finlandês errou na saída da Curva 3 e Verstappen realizou um ataque fulminante, assumindo o segundo posto na travagem para o Gancho da Torre.

Com Hamilton apenas à sua frente, o holandês tudo tentou para se aproximar do inglês, mas era bem patente que este estava no controlo da situação, nunca permitindo uma verdadeira aproximação.

A única questão para o piloto da Mercedes era Pérez, que depois de perder muito tempo com Norris no início da corrida – que no recomeço após o Safety-Car ascendia a terceiro à frente do mexicano – realizava um longo “stint”, podendo atrasar o inglês, quando este se aproximasse.

No entanto, essa não foi uma verdadeira questão, tendo Hamilton suplantado o mexicano sem problemas, retomando o comando da corrida definitivamente quando estavam completadas cinquenta e uma voltas. Logo de seguida, o novo recruta da Red Bull entrava nas boxes para a sua troca de pneus.

Nada iria impedir que o heptacampeão conquistasse o segundo triunfo da temporada, caminhando decididamente para a bandeira de xadrez, repetindo a vitória do ano passado.

No final, houve uma luta pela volta mais rápida, tendo sido o primeiro candidato ao ponto extra Pérez.

Contudo, com tempo para parar sem perder posições, a Mercedes chamou Bottas às boxes quando estavam cumpridas sessenta e três voltas, a três do final, sendo seguido por Verstappen na seguinte.

O holandês registou o melhor tempo, mas, tal como na qualificação, violara os limites da pista, ficando sem o crono, o que permitiu ao finlandês ficar com a melhor volta da corrida.

Ainda assim, o grande vencedor era Lewis Hamilton, mostrou a determinação dos grandes campeões, relegando Verstappen e Bottas paras as posições secundárias, ao passo que Pérez ainda não conseguiu o seu primeiro pódio com a Red Bull.

Numa temporada em que as diferenças entre as duas equipas de ponta são ínfimas, as condições do Algarve parecem ter favorecido a Mercedes, veremos qual a resposta da Red Bull já em Barcelona.

FIGURA: Lewis Hamilton

Não foi um fim-de-semana perfeito para o inglês – viu-se batido por Bottas na qualificação e na corrida mostrou alguma desatenção quando permitiu que Verstappen o ultrapassasse – mas o heptacampeão do mundo não se deixou afectar por isso, focando-se em suplantar os seus adversários para conquistar mais uma vitória. São performances como esta que fazem a diferença numa luta por campeonato que promete ser disputado até ao fim da temporada. No final veremos quem sairá por cima, mas para já a vantagem está do lado de Hamilton.

MOMENTO: Ultrapassagem a Verstappen

Quando se viu em terceiro lugar, parecia que Hamilton estava longe de vencer o Grande Prémio de Portugal, mas a resiliência do inglês é inabalável e com a ultrapassagem a Verstappen infligiu uma pesada derrota no seu rival ao título, dando-lhe ainda mais confiança para perseguir Bottas, que nunca pareceu capaz de suster os ataques do seu colega de equipa. Sem aquele erro de Verstappen, talvez a vitória do Hamilton fosse mais difícil.

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