GP Portugal F1, Segundo pelotão só ‘dá’ McLaren: Ninguém para Norris
Lando Norris continuou a sua senda vitoriosa no Segundo Pelotão, batendo, uma vez mais, o seu grande rival, Charles Leclerc, ao passo que as recuperações Fernando Alonso e Daniel Ricciardo foram dois dos motivos de interesse do Grande Prémio de Portugal.
Depois de o inglês ter levado a melhor nas duas primeiras corridas da temporada, ainda que bafejado pela sorte em Imola, esperava-se uma reacção da parte da Ferrari no Autódromo Internacional do Algarve e, até à qualificação, verificou-se um ascendente da parte dos carros italianos.
Carlos Sainz confirmou o bom andamento do SF21, assegurando o quinto posto na grelha de partida, batendo um surpreendente Esteban Ocon, que aproveitava a subida de forma da Alpine para assegurar a sua melhor qualificação da temporada.
Charles Leclerc, por seu lado, tinha estado em plano de evidência ao ascender à Q3 com pneus médios – o único para além dos pilotos das duas grandes – mas no derradeiro segmento, ficava aquém do que se espera dele, quedando-se pelo oitavo lugar, o que significou ser batido pela primeira vez por Sainz, dividindo a quarta linha com Lando Norris.
Fernando Alonso, que se mostrava mais confortável aos comandos do seu Alpine no Autódromo Internacional do Algarve, não conseguia manter o seu andamento na qualificação, e ficou-se pelo décimo terceiro lugar, ao passo que Daniel Ricciardo, sem perceber porquê, não conseguia aproximar-se do seu colega de equipa e era eliminado logo na Q1, alinhando para a corrida no décimo sexto posto.
Durante os dois primeiros dias do Grande Prémio de Portugal, o vento e o céu nublado foram características dominantes, o que mantinha a temperatura do escorregadio asfalto português baixa, mas no dia da corrida as condições alteraram-se significativamente, com o vento a amainar e o calor a aumentar, ultrapassando a pista os 40ºC pela primeira vez durante o fim-de-semana, o que teria um impacto na competitividade relativa da Ferrari e da McLaren.
O arranque correu bem a Sainz que ganhou uma posição a Sérgio Pérez, ao passo que Lando Norris suplantava Esteban Ocon, ascendendo a sexto.
No entanto, no início da segunda volta, Kimi Raikkonen não conseguia evitar um toque no pneu traseiro esquerdo do Alfa Romeo de António Giovinazzi, partindo a asa dianteira do seu monolugar e obrigando à entrada em pista do Safety-Car para que o carro do finlandês fosse recuperado – com o apêndice aerodinâmico danificado debaixo do Alfa não tinha direcção, parando na escapatória da Curva 1.
A prova seria retomada na sexta volta e foi então que Lando Norris dava o primeiro passo para vencer a corrida do Segundo Pelotão.
O inglês, até à sétima passagem pela linha de meta, ultrapassava Sainz, que tinha sido desfeiteado por Pérez, a suplantava ainda o mexicano da Red Bull, passando a rodar no quarto lugar, ao passo que Charles Leclerc, com médios, passava Esteban Ocon para o sétimo posto.
Entretanto, Fernando Alonso e Daniel Ricciardo tinham uma primeira volta quase diametralmente oposta – o australiano subia a décimo terceiro com o abandono de Raikkonen, ao passo que o espanhol caia para décimo quarto.
Quando a corrida estabilizou, Norris passou a estar sob pressão de Sérgio Pérez, tendo este duo ganho uma pequena vantagem face a Sainz, que se cifrava em cerca de três segundos.
Contudo, quando o mexicano desfeiteou o inglês, restabelecendo as leis do universo, o espanhol da Ferrari rapidamente apanhou o McLaren, levando no seu encalço Charles Leclerc.
Ricciardo e Alonso, com pneus médios novos, não eram ainda factores a ter em conta, estando, respectivamente, no décimo segundo e décimo quarto postos, depois do australiano ter ultrapassado Giovinazzi.
Pneus decisivos
A questão era agora saber quem despoletava as paragens nas boxes, sabendo-se que o “undercut” poderia ser decisivo. A 1,7s de Norris, Sainz parava na vigésima primeira volta, tentando suplantar o inglês, mas este parava na volta seguinte, montando duros contra os médios do espanhol. Apesar da dificuldade em aquecer os pneus menos performantes da Pirelli, o jovem da McLaren mantinha a sua posição relativa, defraudando a esperança da Ferrari.
Contudo, a formação transalpina tinha ainda um trunfo na manga, uma vez que Leclerc arrancara com médios, o que lhe oferecia uma maior elasticidade estratégica.
Porém, o aumento da temperatura da pista, colocava o monegasco em dificuldades com granulação das borrachas da Pirelli e na vigésima quinta volta, apenas quatro após o seu colega de equipa, era obrigado a entrar nas boxes, montando duros, caindo para trás de Norris e de Sainz.
Do lado de Ricciardo e Alonso, os pneus médios davam resultados, funcionando na perfeição. Este duo realizaria um primeiro “stint” longuíssimo, registando tempos ligeiramente mais rápidos que o trio que lutava pelo triunfo do Segundo Pelotão, o que os colocava em contenção pelos lugares dos pontos.
O espanhol parou para montar duros na quadragésima volta e quando saía das boxes era já décimo primeiro. O australiano respondia na volta seguinte, ascendendo a décimo, preparando-se os dois para um final de corrida ao ataque.
Entretanto, Sainz sentia os mesmos problemas com os médios pelos quais Leclerc passara na primeira parte da corrida, com o calor, o SF21 não conseguia usar convenientemente as borrachas, criando granulação, e na trigésima sétima volta a Ferrari dava ordem para que as posições fossem invertidas e pudesse ser o monegasco a atacar Norris.
Leclerc estava então a três segundos e meio do inglês da McLaren, mas apesar de um ritmo consistente, nunca conseguiu aproximar-se do seu rival, acabando Norris no quinto posto, impondo-se no Segundo Pelotão pela terceira vez consecutiva, ao passo que o seu rival cruzou linha de meta em sexto a quatro segundos do inglês.
Carlos Sainz, a braços com dificuldades com pneus médios, acabaria no décimo primeiro posto, terminando pela primeira vez desde que está na Ferrari fora dos pontos.
O espanhol seria mesmo uma das vítimas de Alonso e Ricciardo.
O piloto da Alpine era o piloto mais rápido atrás dos homens da Mercedes e da Red Bull, muitas vezes marcando tempos semelhantes a estes, realizando uma recuperação fulgurante.
Alonso ultrapassou Gasly, Ricciardo, e Sainz a caminho do oitavo lugar, vendo a bandeira de xadrez encostado a Ocon, depois de ter estado a mais de oito segundos seu colega de equipa.
O australiano da McLaren, depois da péssima qualificação, sem o ritmo de Alonso, seguiu a esteia do espanhol, completando o Grande Prémio de Portugal no nono posto, à frente de Gasly.
Após sessenta e seis voltas, Norris solidificava o seu papel de líder do Segundo Pelotão, ao passo que Alonso e Ricciardo protagonizavam recuperações notáveis, mostrando-se cada vez mais adaptados às suas novas máquinas, sobretudo em corrida.