Fórmula E: O que vimos foi má publicidade para os elétricos
A Fórmula E foi criada e pensada para mostrar que os elétricos são o futuro, são o meio de transporte para as próximas gerações. Houve vontade de mudar mentalidades, tornar os elétricos “cool” e levar o espetáculo às cidades, o habitat onde os elétricos fazem mais sentido.
O que vimos em Valência hoje foi má publicidade para os elétricos… e para o automobilismo também. Vermos metade do pelotão ficar parado em pista porque não tinha energia foi um golpe de teatro inesperado, que fez os fãs se sentirem defraudados com o espetáculo que viram. Sim, foi surpreendente, mas não da maneira como gostamos.
Mas o problema não está na competição em si. A ideia base está bem definida e o gostar ou não já fica ao critério de cada um. Mas o problema é que as regras e o espetáculo estão montados de uma forma a que faz soar a falso, a manipulado, ainda que não seja o caso. O tema merece muito mais introspecção e não é certamente uma hora depois do que vimos que poderemos chegar a conclusões sólidas, mas “a quente”, a corrida que vimos não acabou da melhor maneira. A energia retirada aos pilotos no último Safety Car baralhou tudo e ficamos com a sensação que os mais rápidos ficaram para trás. Nyck de Vries tem todo o mérito no que conseguiu e foi provavelmente o melhor. Mas Stoffel Vandoorne, apesar da fantástica recuperação, não devia ter ido ao pódio, tal como Nico Muller.
A quantidade de interrupções nas corridas e de entradas de Safety Cars está a tornar-se exagerada, e os carros de Bruno Correia começam a acumular cada vez mais quilómetros. Pensava-se que a corrida em Valência daria algum descanso ao piloto do português do SC mas pelo contrário foi das corridas onde mais teve de intervir. Estamos a falar de um pelotão de pilotos fantásticos, com um talento incrível, mas nesta corrida ficamos com a sensação que houve demasiados erros. Para quem chega de novo à competição, a Fórmula E parece algo americanizada, com muitas interrupções, com o “baralha e volta a dar”. Poderia pensar-se que tal acontece pelas características das pistas citadinas, que não perdoam o erro, mas hoje vimos que talvez seja inerente à competição em si.
Pior que isso, numa competição que visa promover os elétricos, ver 12 carros desclassificados ou não classificados por não terem energia para chegar ao fim, fará rir o mais purista dos petrolheads. Afinal os elétricos cada vez mais se aproximam da autonomia dos carros a combustão interna, mas hoje em Valência, quem estava a ponderar pensar um elétrico talvez vá pensar duas vezes (apesar da falta de energia ser apenas regulamentar, pois de facto todos tinham energia para chegar ao fim). Se a ideia é ganhar ao domingo e vender à segunda, hoje as marcas envolvidas não estarão satisfeitas. É por isso que os responsáveis da Fórmula E devem repensar o formato para o futuro. É bom atrair novas pessoas, ter um caráter próprio e a Fórmula E estabeleceu-se com base nisso mesmo e merece todo o crédito por isso, mas quem mais consome automobilismo é quem já nasceu com o “bicho” das corridas e já viu muitas pelo que é sempre importante manter o ADN das corridas.
Félix da Costa disse que, como fã de desporto motorizado, não foi o final ideal. Não foi mesmo:
What a race, after a frantic 45 minutes plus one lap listen to the thoughts of our guy @AFelixdaCosta 🗣 ⬇️ 🇵🇹#DSTECHEETAH #ValenciaEPrix #ABBFormulaE pic.twitter.com/JblJHjzpeC
— DS TECHEETAH (@DSTECHEETAH) April 24, 2021
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Se os pilotos da F1 não cumprirem com o consumo de combustível e acabarem desclassificados é exatamente a mesma coisa. Os carros não ficaram sem energia. Alguns geriram mal e gastaram mais do que tinham disponível.
Sobre o safety car, os pilotos estão mais agressivos e com menos “cabeça”, parecem as formulas de iniciação. Poderia se dizer que é por entrarem pilotos mais jovens mas o Lotterer todas as corridas arruma com 1 ou 2, e de novo não tem nada.
Não é bem a mesma situação.
Se quisermos estabelecer uma equivalência teríamos que retirar uns litros de gasolina do depósito dos F1 a cada entrada do safety car.
Acho que fazia mais sentido tirar partido da energia poupada, como aliás era a prática anterior, e deixar os carros andar a fundo, pelo menos uma parte da corrida.
Não, não é a mesma coisa, ou melhor, não foi a mesma coisa. Se, em condições normais, um piloto excede a energia, como aconteceu a Nato em Roma, compreende-se que seja desclassificado, mas quando acontece o mesmo a metade da grelha, por culpa de cinco safety car, não é aceitável. Para poderem regenerar, os pilotos têm de andar depressa e travar forte. As condições da pista já não permitiam travagens muito fortes, com SC ainda menos. No último SC não deveriam ter tirado energia. A direcção da corrida sabia a quantidade de energia dos carros, portanto, sabia que, ao retirar… Ler mais »
Uma volta atrás do safety car é muita energia poupada por andar com aceleração baixa (e não há travagens fortes). Houve pilotos que terminaram e cumpriram com as regras portanto se uns conseguem e outros não…poderá se questionar a quantidade total de energia retirada dada as condições de pista que têm um arrasto maior, o tempo que faltava para o final, não é uma situação que se queira repetir, agora não vale a pena o rasgar de vestes que se vê por aqui. Isto é FE. É isto desde o início e toda a gente sabe ao que vai. A… Ler mais »
Sim sempre houve e haverá quem gere melhor pneus, combustível, seja ele qual for, mas numa corrida em que, verdadeiramente, apenas quatro carros abandonaram, desclassificar nove… algo não esteve bem, faltou bom senso da parte da direcção de corrida.
Sinceramente…Perdi todo o interesse em ver estas corridas. O mérito e competência foi por agua abaixo com as entradas do safety car e hoje ficou provado mais que uma vez… Assim não convencem…
ok, Na Formula 1, ainda no fim de semana passado vimos um safety car baralhar e voltar a dar , podendo um piloto que na volta 34 estava com uma volta de atraso, na volta 35 podia estar na luta pela vitória.
Também não concordo com essa regra na F1, mas compreendo-a. Foi introduzida para evitar que carros dobrados “atrapalhem” os primeiros numa relargada. Já o que aconteceu em Imola, não era necessário. tendo havido bandeira vermelha, bastaria alinharem todos pela ordem de classificação.