O Toyota Celica GT-Four ST185 de Ian Duncan voou alto sobre um topo no Rally Safari de 1993, no Quénia. O Monte Kilimanjaro, o pico mais alto de África, com quase 5900 metros de altitude, embeleza uma das imagens mais icónicas do Mundial de Ralis. Uma foto do Quénia, com a Tanzânia logo ali…
A imagem foi um trabalho do brilhante fotógrafo do WRC, Reinhard Klein, da sua agência McKlein. O homem que marcou presença em cada Rally Safari desde 1978 até 2002, quando a prova saiu do WRC, levou-nos aos bastidores de uma obra-prima.
Reinhard, explique como capturou esta fantástica imagem?
Esta imagem foi feita em testes e não na prova. Ian fazia os testes em África para a Toyota, que queria uma cobertura fotográfica pré-evento para aumentar o interesse no Rali Safari. E pediu à equipa de ralis que ajudasse, pois estavam em treinos e tinham carros de teste. Então, porque não combinar o filme e a equipa fotográfica para os apanhar quando eles subissem e descessem as estradas?
Então foi uma foto promocional?
Exatamente. Marion Bell-Andersson (esposa do chefe da Toyota Team Europe Ove Andersson) estava encarregue da equipa de filmagem. A Toyota fez isto em muitos eventos, também porque dessa forma tinham material para usar quando o rali terminasse. Naqueles dias era necessário tempo para as fotos chegarem aos jornais diários, por isso preparavam a fotografia com antecedência. Quando ganhavam, apenas carregavam no botão dos anúncios publicitários.
Estava familiarizado com este local?
Conhecia bastante bem o Quénia e sabia que um fotografia com o Kilimanjaro era o que a Toyota queria. A estrada costumava chamar-se “Pipeline Road”, vinha do Kilimanjaro até à estrada principal de Mombaça. Hoje em dia, é em bom asfalto.
É um lugar dramático…
É a África pura. Em África, pode-se fazer algo com animais e pode-se fazer algo com o Kilimanjaro. A montanha é normalmente visível apenas de manhã cedo, das 06.30 às 08.30. Normalmente tem céu limpo, mas na Páscoa, em Abril, a estação das chuvas está a chegar lentamente e costumava haver nuvens, por isso a montanha cobria-se bastante cedo pela manhã. Tinha de se estar no local bem cedo.
Como se preparou?
Chegámos na noite anterior e ficámos perto da montanha, perto do Parque Nacional de Ambroseli. Verificámos o local e lá estava aquele topo que eu conhecia. No rali, com tráfego aberto, a foto não podia ser tirada ali porque os pilotos não conseguiam ver do outro lado do topo e vinham devagar. Basicamente fechámos a estrada. Em África não era preciso fechar a estrada, só era preciso ter cuidado para que ninguém viesse, o que se podia fazer com um sinal de mão. O Ian saiu a voar de forma adequada. Na prova, eles nem sequer descolavam. A diferença era talvez apenas 20 km/h, mas isso fez a diferença para a imagem.
Como é que os Maasai se envolveram?
O truque final era conseguir que o Maasai ficasse ao lado da estrada. Claro que queriam ser pagos, mas o problema era que estavam assustados quando o carro chegava. Normalmente estavam habituados a veículos que viajavam a 50 km/h. Este estava a fazer 170 km/h, por isso quando o carro se aproximava, eles fugiram! Dissemos que ainda não tínhamos feito a fotografia porque fugiram, mas eles disseram que nós tínhamos pago apenas por uma fotografia. Depois tivemos de negociar novamente. Tivemos de fazer algumas fotografias e pagá-las a cada vez. Tiveram de se habituar à velocidade, ficar no local certo e não fugir. Foram necessárias algumas tentativas, mas finalmente conseguimos preparar tudo. Os Maasai estavam habituados à velocidade, permaneceram no local, sabiam que estavam seguros, o carro saltou devidamente e o Kilimanjaro estava sob um sol brilhante.
E os resultados foram espantosos…
A. Foi uma filmagem incrível que foi utilizada em todo o mundo – e ainda é. Fez muita publicidade para o Safari. É uma das minhas fotografias favoritas. Normalmente basta ir a um lugar e algo acontece, mas isto era basicamente mais um plano do tipo estúdio do que uma simples ação que se apanha.
WRC.com, Foto/McKlein Photography
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