GT3 Cup – Um troféu “à antiga”, a olhar para o futuro

Por a 16 Março 2021 12:00

Quando recordamos o passado da velocidade nacional, muitos relembram com saudade os troféus que animaram as pistas e que deram aos fãs grandes lutas, entre grandes pilotos. Pegando nessa nostalgia e na vontade de dar mais cor ao panorama da velocidade nacional, surgiu o GT3 Cup.

O comunicado de imprensa lançado pela P21 apanhou todos de surpresa. Uma competição com a base na Porsche Cup, com máquinas alemãs a preços competitivos e adequados à realidade nacional, num projeto a médio / longo prazo que olha para um futuro também fora de portas. O AutoSport interessou-se pelo tema e falou com José Monroy, o homem responsável pela ideia e que está a colocar o plano em marcha.

Esta oportunidade surge por acaso”

Tudo tem um começo e a história do GT3 Cup começa quase por acaso, com uma oportunidade que apareceu a José Monroy por altura do GP de Portugal em F1:

“Esta oportunidade surge por acaso, por via de um team manager de uma equipa da Europa que me pediu para reunir com ele no fim de semana do GP de Portugal, para falar com um cliente argentino, para lhe prestar consultadoria num projeto. Na segunda a seguir à prova reunimos então, e no meio da conversa fiquei a saber que era a pessoa responsável pelos carros que correram na Porsche GT3 Cup Argentina e surgiu a oportunidade de colocar os carros cá. Claro que fiquei inicialmente interessado pois não é todos os dias que temos acesso a vinte Porsche em condições tão vantajosas.”

Desde a conversa inicial, até a decisão de avançar e colocar a ideia em prática passou pouco tempo e desde então o projeto tem sido montado em ritmo de qualificação, mas com o objetivo de dar mais opções aos pilotos e equipas nacionais:

“Este projeto começou a ser montado há pouco tempo mas eu queria que esta ideia avançasse já este ano, pois achei que para ser feito em 2022 já seria muito tarde e que ainda havia hipótese de o fazer em 2021, articulando tudo de forma mais célere. No final de dezembro decidi avançar, depois de uma avaliação cautelosa e do levantamento de custos para montar um troféu desta envergadura. Tem sido um ritmo frenético mas sempre com tudo muito bem ponderado. Resolvi avançar pois acredito que nesta fase há pouca oferta para as equipas e para os pilotos. Temos estruturas e pessoas interessadas em competir, mas não temos os carros para que o façam. Achei que havia um vazio que era necessário preencher e esta oportunidade permitia isso mesmo. Tirando os clássicos, que desde que me lembro sempre teve grelhas muito bem compostas, os turismos e os GT vivem muito de fases e neste momento estamos numa fase que não há grande oferta.”

Consegui colocar em cima da mesa valores muito interessantes”

O projeto tem como base os Porsche 997 que competiram do outro lado do Atlântico. A ideia agradou desde início, os projeto avançou e quando teve luz verde da FPAK foi anunciado:

“Os 997 são carros de 2012, mas que não deixam de ser atuais, pois olhamos para um 997 e para um 991 e são idênticos quer ao nível da estética, pois estes foram os últimos 997 a serem fabricados, quer mesmo ao nível da mecânica. Portanto tinha à minha disposição carros interessantes, ainda atuais, fiáveis e bem mantidos, o que eram já sinais encorajadores. Mas faltava o ponto decisivo que eram os valores. E nesse capitulo consegui colocar em cima da mesa valores muito interessantes, quer na vertente de aluguer, quer na vertente de compra, ou seja estava tudo reunido para ter um excelente troféu, mesmo que tivesse de correr contra o tempo para o organizar este ano. Portanto, desde que eu tive a confirmação de que os carros estavam a caminho, tratei de contactar a FPAK, procurar parceiros e fechar acordos necessários para poder montar um troféu da melhor maneira.

Queremos ter pela primeira vez em Portugal um troféu Porsche”

A ideia inicial passa por montar o projeto, trabalhar para ter uma grelha bem composta, uma competição bem organizada e interessante de forma a mostrar à marca o que foi desenvolvido, para a curto prazo termos em Portugal a Porsche GT3 Cup oficial, trazendo para as pistas o espírito dos troféus que em tempos percorriam todo o país:

“Queremos ter pela primeira vez em Portugal um troféu Porsche, apesar de este ano ainda não ter o nome da marca associada, por esta não estar envolvida. Não procurei essa ligação pois para fazer algo a longo prazo e para cimentar a minha posição, tenho de mostrar trabalho à marca. Como tal, optei este ano por organizar tudo da melhor forma para depois poder apresentar o trabalho desenvolvido e aí sim, ter argumentos de peso para poder ter a Porsche associada ao troféu. Em termos oficiais, neste momento temos o GT3 Cup, que poderá ter o apoio dos vários Centro Porsche do país, mas a vontade é transformar este troféu no Porsche GT3 Cup. Queria manter o conceito de troféu como aqueles onde participei quando comecei a correr há vinte anos, ou seja, um troféu monomarca com carros muito competitivos, com qualidade dentro e fora da pista. Iremos ter um camião de apoio com peças para as equipas, iremos ter uma área lounge onde todos os pilotos, independentemente da modalidade que estão a usar (seja o arrive and drive,aluguer de carro ou compra) poderão conviver. Estamos a representar indiretamente uma marca de prestígio e qualidade e queremos manter essas premissas. Queremos primar pela qualidade, pela diferença e pela inovação. “

O nosso objetivo é ter 12 a 15 carros na grelha”

O feedback para já tem sido positivo e José Monroy confidenciou que já tem um número agradável de pilotos e equipas interessadas na competição, não estando longe de chegar ao número desejado de carros em pista:

“Temos sentido muito interesse por parte de potenciais patrocinadores, parceiros, pilotos, equipas e estamos na fase de apresentar de forma mais pormenorizada o troféu aos interessados para podermos montar toda a estrutura que idealizamos. Felizmente há motivos para estarmos muito otimistas e a credibilidade que granjeei ao longo dos anos permite-me sentir a confiança do lado dos interessados. Para já o nosso objetivo é ter 12 a 15 carros na grelha, tentando sempre que os vinte carros possam estar em competição. Mas se chegarmos aos 12 / 15 carros já podemos dar-nos por satisfeitos. Neste momento, entre interessados e curiosos, já não havia carros para todos, mas sabemos que nem todos avançam com as suas pretensões, pelo que consideramos o número referido como aquele que permite termos um bom espetáculo em pista.”

“Já tenho acordos fechados, quer para compra de carros, quer para aluguer e com os valores que temos, aquilo que suspeitava confirmou-se, pois a adesão tem sido muito interessante. Confesso que esperava alugar mais carros que vender, mas está a acontecer o contrário, o que é um excelente sinal pois mostra confiança no projeto e que podemos garantir grelhas por mais do que uma época apenas.”

Temos o interesse dos pilotos e equipas e temos o interesse de marcas de prestígio”

Além do interesse de pilotos e equipas já há marcas interessadas em tornar-se parceiras e outras com acordos finalizados. O objetivo é ter o melhor troféu possível, sempre olhando para os valores que devem estar adequados à nossa realidade:

“Temos o interesse dos pilotos e equipas e temos o interesse de marcas de prestígio que se querem associar a nós e temos já vários acordos formalizados e outros que em breve serão anunciados. Por exemplo, temos já do nosso lado a Pirelli e a Adidas, que irá fornecer um trolley, com com um fato de competição uniformizado para todos os pilotos, sweats, hoodies e mais material que será associado ao troféu e que poderá ser adquirido pelos fãs, no nosso site, dentro em breve.”

“Temos um projeto aliciante, pensado a médio / longo prazo, sempre com o cuidado de estarmos adaptados à nossa realidade e isso implica ter valores que possam ser comportados pelas nossas equipas e pilotos. Não creio que deva haver qualquer tipo de preconceito com isso e devemos encarar essa realidade com honestidade e entender que não podemos ter um troféu com carros mais recentes. Para termos uma boa competição, precisamos de 12 a 15 carros no mínimo e para o conseguirmos temos de ter um custo comportável para o nosso país e acredito que isso foi conseguido.”

Teremos regras bem claras”

Outro ponto fundamental são as regras que serão definidas de forma clara desde início de forma a equilibrar a competição, mantendo uma plataforma interessante, competitiva e acima de tudo justa:

“Além dos custos controlados, teremos também regras bem claras para termos o maior equilíbrio possível em pista e para que as estruturas que possam ter mais orçamento não tenham vantagem por causa disso. Teremos staff da organização que fará o controlo de todos os carros independentemente de serem alugados ou vendidos. Os carros permitem ajustes de set up, de asa, mas teremos acesso à telemetria e faremos um controlo rigoroso de forma a podermos ter continuidade no futuro e não hipotecarmos o troféu por eventuais comportamentos fora das regras que possam dar vantagem em pista. Vou usar todo o meu conhecimento e os anos de experiência que tenho para garantir que temos uma competição interessante para pilotos, equipas, patrocinadores e público, mas acima de tudo uma competição justa onde ninguém se sente defraudado. E a minha experiência será apoiada por gente da minha confiança para garantir que no final da época o troféu tenha o maior sucesso possível e que todos os envolvidos queiram continuar. Queremos em 2022 ser o 24º país a receber o troféu Porsche GT3 Cup de forma oficial.”

Teremos também um troféu virtual”

Também a cobertura mediática será tida em conta e há já projeto para aproximar a comunidade das corridas virtuais, que poderão também participar numa competição similar e ganhar prémios associados ao troféu:

“Queremos ter a maior abrangência possível e tentaremos trabalhar ao máximo a divulgação, com a exposição nos meios de comunicação. Queremos também tentar encontrar forma de fazer transmissão da competição via Internet, com um stream nas plataformas mais usadas, como vemos cada vez mais por esse mundo fora e teremos também um troféu virtual que iremos divulgar a seu tempo, com prémios para os vencedores que poderá permitir aos pilotos do virtual experimentarem as sensações do real.”

Por 60 mil euros, os pilotos poderão fazer um troféu competitivo, com bons carros e com perspetivas de crescimento”

Já falamos da base do projeto, do que a P21, promotora do troféu, tem para oferecer e o que pretende alcançar… falta apenas falar do mais complicado. Quanto custa este troféu?

“Os preços que conseguimos são atrativos e tenho todo o gosto em mostrar aos potenciais interessados as várias modalidades, desde o aluguer do carro, à compra do carro até ao sistema Arrive and Drive, em que o piloto tem assistência por parte do troféu com tudo o que é necessário. Os valores dependem sempre da forma como os projetos são estruturados, mas podemos afirmar com segurança que por 60 mil euros, os pilotos poderão fazer um troféu competitivo, com bons carros e com perspetivas de crescimento. Relativamente a confirmações de pilotos/equipas, tenho neste momento fechados a 90% 10 carros (entre vendas e alugueres) e cerca de 6 carros a 80%. No entanto, tenho recebido contactos diariamente de equipas e pilotos a demonstrar interesse e estou ainda na fase de reuniões para fecho de contratos.”

A Porsche GT3 Cup já é uma instituição no mundo do automobilismo. Muitas estrelas da atualidade começaram a dar nas vistas ao volante de máquinas alemãs e alguns deles têm agora vínculo com a Porsche. Se o troféu de facto crescer bem e tiver a evolução pensada por José Monroy e pela P21, poderemos ter aqui uma grande mais valia para a velocidade nacional. Um projeto a seguir de perto.

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JP INAU
JP INAU
3 anos atrás

Creio que este não será o primeiro troféu Porsche em Portugal. Não houve já qualquer coisa com os Boxster?

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