Alpine F1 Team: Dois grandes regressos
Adeus Renault, olá Alpine e olá Fernando Alonso. A Fórmula 1 perde um nome histórico mas ganha uma marca mítica e um piloto que marcou uma era. Com o Alpine A521 a equipa espera dar mais um pulo para a frente do pelotão.
Está consumado o regresso da Alpine à Fórmula 1, uma equipa que herda quase tudo o que a Renault deixou, inclusive o motor do carro. Saiu Daniel Ricciardo, que foi para a McLaren, mas regressa Fernando Alonso, um piloto que já muito deu à F1, e que quer, lutar bem mais à frente do que fez aquando da sua passagem pela McLaren.
A equipa apresentou o seu monolugar, o A521, que enverga os tons de azul, branco e vermelho, cores históricas na competição da marca e que também representam as bandeiras francesa e britânica. Com Fernando Alonso ainda em casa a recuperar do acidente de bicicleta que sofreu recentemente, foi somente Esteban Ocon a ser apresentado com as cores oficiais da equipa, lado a lado com o CEO da Alpine, Laurent Rossi, e com o Diretor Executivo, Marcin Budkowski, e ainda o recém-contratado Diretor Desportivo, Davide Brivio.
Depois de um ano em que a Renault esteve na luta pelo terceiro lugar do campeonato, a Alpine espera dar sequência a esse feito e, mais importante que isso, preparar o ano de 2022, quando as regras da Fórmula 1 voltam a mudar por completo. Com a Renault a sofrer grandes mudanças como marca, é agora a Alpine a assumir-se como braço desportivo do grupo Renault. A estrutura mantém-se idêntica, com Viry-Châtillon responsável pela unidade motriz e Enstone pelo chassis e tudo o resto. Contudo, houve mudanças profundas nas chefias. Cyril Abiteboul e Jérôme Stoll saíram, entrando para o seu lugar Davide Brivio, com Luca de Meo a assumir de forma mais ativa o leme da operação.
Do lado dos pilotos saiu Daniel Ricciardo e entrou Fernando Alonso, mantendo-se Esteban Ocon. O objetivo da equipa para este ano é claramente ter sucesso mas a estrutura não esconde que o objetivo principal é preparar o caminho para 2022, onde a equipa espera dar um salto qualitativo considerável.
A Equipa Alpine F1 inaugurou, oficialmente, uma nova era, com o A521, que tem no seu ‘coração’ o motor Renault E-Tech 20B, um 1.6 V6 desenhado e desenvolvido em Viry-Châtillon e que, também ele, marca uma ligação consecutiva de 45 anos da Renault ao mundo da F1.
O A521 é uma evolução do R.S.20 que competiu em 2020, os principais elementos estruturais do A521 transitam da época anterior. No entanto, a marca desenvolveu e melhorou todos os componentes que ainda não tinham sido homologados, especialmente na traseira do monolugar, que teve de cumprir as alterações aerodinâmicas regulamentares adicionais impostas pela FIA.
Este primeiro desafio da Equipa Alpine F1 será entregue nas mãos dos pilotos Esteban Ocon e Fernando Alonso. Alonso regressa à Fórmula 1 após duas épocas de interregno, juntando-se à estrutura com a qual conquistou os dois títulos de Campeão do Mundo de Pilotos de Fórmula 1, em 2005 e 2006.
Esteban Ocon, que corre pelo segundo ano com a equipa, pretende melhorar os positivos resultados alcançados em 2020, época que teve o seu ponto alto com a conquista do primeiro pódio na F1, para o jovem de 24 anos, no Grande Prémio de Sakhir. Será ainda a quarta época completa de Ocon na categoria rainha do desporto automóvel, desde a sua estreia, em agosto de 2016.
A equipa será liderada pelo trio de gestão composto pelo CEO da Alpine, Laurent Rossi, o Diretor Executivo, Marcin Budkowski e o Diretor Desportivo Davide Brivio. Na liderança das equipas técnicas em Enstone e Viry, continuarão a estar Pat Fry, Diretor Técnico de Chassis, e Rémi Taffin, Diretor Técnico de Engenharia, respetivamente.
O piloto da Academia Alpine, Guanyu Zhou, mantém o papel de piloto de testes da equipa, ao mesmo tempo, que continua a competir no Campeonato de Fórmula 2 da FIA, com a UNI-Virtuosi.
Motor Renault, ‘filosofia’ Mercedes
A Renault começa a época pela primeira com a missão de fornecer apenas uma equipa, o que permite que a estrutura coloque mais recursos a trabalhar no projeto de 2022 que será de extrema importância. Com o congelamento dos motores, os fabricantes estão a apostar tudo nesta época para desenvolver a unidade de 2022, que ficará congelada até ao fim destes regulamentos, previstos para 2025. A Renault apenas fez melhorias pontuais na unidade atual, estando a apostar tudo na unidade da próxima época. Remi Taffin não exclui a possibilidade de fazer uma mudança radical e usar a filosofia Mercedes, com o compressor e o turbo separados: “A resposta simples é sim. Podemos estar a enveredar por esse caminho. Estamos a avaliar isso”.
Taffin acrescentou que “a decisão que tomámos em 2020 [de não introduzir um novo motor para 2021] foi motivada pelo facto de que iríamos realmente colocar tudo em 2022. Tínhamos em mente que teríamos uma evolução para 2023, que faríamos o melhor da nova linha de base de 2022, o que agora já não é o caso, pois já não podemos fazer a atualização de 2023. Mas, na verdade, estamos bastante satisfeitos pois podemos fazer um grande esforço para 2022. Estamos a tentar colocar alguma da evolução que tínhamos planeado para 2023 em 2022”.
Sobre as modificações que a Renault fez para 2021, Taffin explicou que “conseguimos um pouco de desempenho, mas o foco principal foi a fiabilidade, assegurando a nossa consistência, pelo que houve algumas atualizações. Em termos de desempenho, é mais um passo que se daria durante a época, não um passo significativo. É uma evolução do que fizemos no ano passado. A principal razão é que tivemos de tomar esta decisão no ano passado, quando tivemos de encerrar durante mais de dois meses e tivemos de voltar a planear. Tomámos a decisão em março do ano passado. Trabalharemos e desenvolveremos o que fizemos no ano passado.”
Luca di Meo
“É um recomeço alicerçado numa história com 40 anos”
A Equipa Alpine F1 inaugura, oficialmente, uma nova era ao apresentar, numa cerimónia virtual, a sua estreia no Campeonato do Mundo FIA de Fórmula 1. O A521, o monolugar da Alpine esta época, apresenta uma apaixonante decoração em tons de azul, branco e vermelho, que são sinónimo da herança e do “pedigree” da Alpine no desporto automóvel. Para Luca De Meo, CEO do Grupo Renault: “é verdadeiramente uma alegria e um orgulho ver o poderoso e vibrante nome da Alpine num monolugar de Fórmula 1. Novas cores, nova equipa de gestão, planos ambiciosos: é um recomeço alicerçado numa história com 40 anos. Vamos combinar os valores de autenticidade, elegância e audácia da Alpine, com a experiência e os conhecimentos de engenharia e desenvolvimento de chassis da “casa”. Esta é a beleza de competir na Fórmula 1 como uma equipa completa. Vamos concorrer com os maiores nomes, em corridas de automóveis espetaculares que são seguidas por uma legião de entusiastas. Mal posso esperar pelo arranque da temporada.”
CEO da Alpine, Laurent Rossi
“A nossa visão é ver o nome da Alpine no lugar mais alto do pódio”
A equipa Alpine F1 apresentou a sua visão estratégica para a entrada no universo da F1. Um dos protagonistas foi o CEO da Alpine, Laurent Rossi: “Estamos muitos orgulhosos de apresentar o primeiro monolugar da história da Equipa Alpine F1, que irá competir no Mundial de 2021. Este é um marco muito importante para a Alpine, que assim se posiciona como a marca de topo na inovação no seio do Grupo Renault. A Alpine tem um lugar natural num desporto com um altíssimo grau de exigência, prestígio e performances como a Fórmula 1 e estamos ansiosos com a estreia dos A521 entregues aos comandos dos nossos dois pilotos, o bicampeão do Mundo de Pilotos da F1 Fernando Alonso e Esteban Ocon. Os objetivos para esta época são claros, manter a competitividade que atingimos o ano passado e lutar pelos pódios. A nossa visão, a longo prazo, é ver o nome da Alpine no lugar mais alto do pódio na Fórmula 1. O desporto automóvel está no nosso ADN e chegou a altura de ter as cores da Alpine a correr e competir na Fórmula 1, no pináculo das corridas de automóveis.”
Papel de diretor dividido na Alpine
Depois da saída de Cyril Abiteboul, a Renault ficou sem um diretor. Esse papel vai ser dividido entre Marcin Budkowski e Davide Brivio. O polaco que transita da estrutura da Renault será responsável pela área mais técnica com o desenvolvimento do carro deste ano e do próximo sob a sua supervisão, tal como o desenvolvimento da unidade motriz. Pat Fry (chassis) e Remi Taffin (motor) manterão os cargos de diretores técnicos, respondendo a Budkowski. Já Brivio será responsável pela parte mais desportiva e pela operação em pista.
Tanto Brivio como Budkowski estarão sob a supervisão de Laurent Rossi, CEO da Alpine que por sua vez responderá a Luca de Meo, CEO do grupo Renault. “Os dois trabalharão em conjunto para extrair o melhor do carro que está a ser concebido em Enstone para o colocar na melhor posição possível no futuro”, disse Rossi, que foi promovido a um papel que se esperava que a Abiteboul assumisse. “O resto das equipas estão a manter as suas estruturas existentes para Marcin em Enstone ou para mim próprio em Viry”. Este é um novo esquema de organização que não é muito comum na F1, Só o tempo dirá se os frutos desta nova hierarquia serão os desejados.
Fernando Alonso
“Estou muito entusiasmado por estar de volta”
Fernando Alonso regressa em 2021 à F1. Depois de várias incursões por outras categorias, o espanhol volta ao campeonato onde sempre quis estar e onde quer ter sucesso, conquistando o tricampeonato. Alonso regressa a uma casa que conhece bem, dos tempos em que conquistou o bicampeonato pela Renault. O espanhol não esteve presente na apresentação, com a justificação de que devido às restrições vigentes por causa da pandemia não poderia estar em Enstone. No entanto, muitos dos elementos da equipa que falaram estiveram na apresentação de uma forma virtual. O espanhol recupera de uma cirurgia no maxilar depois de um acidente de bicicleta: “Estou muito entusiasmado por estar de volta à Fórmula 1 e por fazer parte da Equipa Alpine F1. Tenho trabalhado arduamente para me preparar para voltar a correr na Fórmula 1 e alvo é atacar desde o início. Conduzir o carro pela primeira vez vai ser muito excitante e espero que ambas as fábricas possam apreciar o momento. Temos uma equipa forte e, junto com o Esteban, temos de evoluir em relação ao ano passado e apresentar resultados. Sabemos que vai ser uma época competitiva, mas estamos prontos para o desafio. O carro parece ótimo e eu tenho boas recordações de correr de azul na Fórmula 1”.
Fernando Alonso regressa em 2021 à F1. Depois de várias incursões por outras categorias, o espanhol volta ao campeonato onde sempre quis estar e onde quer ter mais sucesso, conquistando o tricampeonato. Não lhe vai ser nada fácil…
Alonso regressa a uma casa que conhece bem, dos tempos em que conquistou o bicampeonato pela Renault. O espanhol não esteve presente na apresentação, com a justificação de que devido às restrições vigentes por causa da pandemia não poderia estar em Enstone. No entanto muitos dos elementos da equipa que falaram estiveram na apresentação de uma forma virtual. O espanhol recupera de uma cirurgia ao maxilar depois de um acidente de bicicleta: “Estou muito entusiasmado por estar de volta à Fórmula 1 e por fazer parte da Equipa Alpine F1. Tenho trabalhado arduamente para me preparar para voltar a correr na Fórmula 1 e alvo é atacar desde o início. Conduzir o carro pela primeira vez vai ser muito excitante e espero que ambas as fábricas possam apreciar o momento. Temos uma equipa forte e, juntos com o Esteban temos de evoluir em relação ao ano passado e apresentar resultados. Sabemos que vai ser uma época competitiva, mas estamos prontos para o desafio. O carro parece ótimo e eu tenho boas recordações de correr de azul na Fórmula 1”.
Esteban Ocon
”Trabalhar com Fernando Alonso é fantástico”
Esteban Ocon entra para 2021 com novas ambições e novas metas. O jovem piloto francês que no ano passado fez o seu regresso à competição e já conquistou o seu primeiro pódio na F1, quer manter o ímpeto conquistado no final da época, ao mesmo tempo que aprende com Fernando Alonso. Ocon está no último ano de contrato e por isso será um ano de definição para o piloto: “Estou muito ansioso por começar a temporada e ter o primeiro gosto do A521 no Bahrein. Tem sido uma longa e ocupada pausa de inverno de preparação e eu, juntamente com a equipa, sinto-me pronto para o ano que se avizinha. Adoro as novas cores da Alpine e, como francês, é um grande orgulho levar a bandeira francesa no carro. Sinto-me mais preparado do que no ano passado e penso que isso é tão natural tendo tido um ano inteiro de corridas em 2020. Quero começar a época no mesmo nível que terminei no ano passado, e não vejo qualquer razão para que não possa ser esse o caso. Trabalhar com Fernando vai ser fantástico. Ele é um piloto que eu sempre admirei. Estou ansioso por trabalhar com ele e pressioná-lo para ajudar que a equipa cumpra os seus objetivos”.
Guanyu Zhou
“Muito feliz por ser Piloto de Testes da Alpine”
O piloto da Academia Alpine, Guanyu Zhou, mantém o papel de piloto de testes da equipa, ao mesmo tempo, que continua a competir no Campeonato de Fórmula 2 da FIA, com a UNI-Virtuosi: “É uma grande felicidade voltar a ser escolhido como Piloto de Testes da equipa, agora que entro no meu terceiro ano como piloto da Academia Alpine. É o segundo ano neste papel, tendo sido o Piloto de Desenvolvimento da equipa em 2019. Isto significa que poderei contribuir, diretamente para a evolução da equipa, o que representa uma oportunidade fantástica para mim e para o percurso que estou a trilhar para chegar à F1. Como Piloto de Testes, tento ajudar a estrutura durante a época no que for possível; seja nas pistas ou no simulador em Enstone. A equipa sempre me transmitiu e deu uma grande confiança e quero retribuir este apoio, ajudando no desenvolvimento do carro ao longo de toda a temporada”, disse Guanyu Zhou.