Fórmula 1: Tomadas decisões para o presente e o futuro

Por a 15 Fevereiro 2021 11:50

A F1 tomou decisões importantes para o futuro a curto e médio prazo. A Comissão F1 reuniu-se para definir estratégias e decidir questões para o presente e futuro. Eis o que de mais importante saiu da reunião.

O assunto mais premente era o congelamento dos motores de 2022 até 2025, data que foi acordada na reunião para a introdução das novas unidades motrizes da F1, antecipando em um ano essa mudança. Receava-se que o eventual não congelamento de motores para 2022 pudesse colocar em perigo a presença da Red Bull e da Alpha Tauri na Fórmula 1 para lá de 2021, mas o que foi decidido, descansou as ‘hostes’.

A Red Bull vai tomar conta dos motores Honda após a época de 2021, mas para que isso acontecesse era necessário que estes ficassem congelados (sem mais evoluções), pois a Red Bull não tem capacidade para fazer evoluir as unidades nipónicas

A decisão foi um enorme um alívio para os homens de Milton Keynes, pois caso não pudessem ficar com o mesmo motor que será congelado em 2022, não lhes seria nada fácil manterem-se na F1. Portanto, o plano da Red Bull, continuar com os motores Honda e ‘comprar’ a propriedade intelectual, vai em frente.

Mais uma vez, o bem da F1 sobrepôs-se aos interesses individuais, se bem que neste caso a saída de duas equipas seria prejudicial para todos.

BoP ainda a ser ponderado.

Uma das medidas que está a ser ainda ponderada para as próximas épocas é a colocação de uma espécie de Balance of Performance para que não haja demasiadas discrepâncias na competitividade das equipas.

Este BoP destina-se a aproximar os motores das equipas durante o congelamento do motor, limitando o desempenho do motor dentro de um mínimo e máximo. Tal medida pode dar possibilidade às equipas menos competitivas para se aproximarem das equipas de topo, e, por conseguinte, tornar as corridas mais excitantes.

Recentemente Toto Wolff manifestou-se contra essa proposta considerando-a uma vergonha para a F1. No entanto o assunto está ainda a ser ponderado e não é descabido pensar que tal possa avançar num futuro a curto prazo, pois ainda não se conhecem os pormenores do congelamento de motores.

Futuros motores já têm linhas mestras definidas

Se a questão das unidades motrizes até 2025 parece estar praticamente definida, o futuro também começa a ganhar forma. A F1 precisa olhar para o futuro e encontrar um compromisso entre competição, sustentabilidade e espetáculo. A próxima regulamentação dos motores será de grande importância para o futuro do Grande Circo e as equipas começam a desenhar as linhas mestras do projeto. Foram delineados cinco objectivos-chave: sustentabilidade ambiental e relevância para a indústria automobilística, combustível totalmente sustentável, criação de uma unidade motriz potente e emocionante, redução significativa dos custos, bem como atratividade para os novos fabricantes de unidades motrizes.

São estes os principais objetivos para o futuro dos motores na F1, uma combinação com um equilíbrio difícil de obter mas que terá de ser feito para que a F1 continue a ser o pináculo do automobilismo.

Novo formato poderá ser testado este ano

Outro dos temas que foram abordados foi a possível introdução de um formato diferente para os fins de semana da F1. A ideia passa por experimentar um novo formato esta época em provas específicas e entender se pode ser benéfico para a competição.

Uma sessão de qualificação para a corrida de sprint seria realizada no lugar da habitual segunda sessão de treinos livres na sexta-feira. A corrida sprint realizar-se-ia no sábado, com um terço da distância do grande prémio, e ofereceria pontos para os oito primeiros classificados, ao mesmo tempo que fixava a grelha para o domingo.

O Grande Prémio do Canadá, Itália e Brasil poderão ser os eventos de 2021 em que este formato será testado.

Esta solução vem de encontro à vontade da F1 em alterar o seu formato, tornando-o mais dinâmico e apelativo às novas gerações, ao mesmo tempo que coloca um novo desafio aos pilotos e equipas. Com a ideia das grelhas invertidas a ser afastada, a corrida de qualificação pode ser a solução para aumentar o interesse de sexta (qualificação para a corrida de sábado) e do sábado (corrida de qualificação que define a grelha para o domingo), beneficiando os promotores e a própria competição.

Embora os planos não tenham luz verde formal para serem colocados nas regras, as equipas mostraram-se abertas à ideia e solicitaram mais tempo para analisar os detalhes.

Mais restrições aos gastos em vista

O tema do controlo de custos voltou a ser falado. Depois do acordo para a introdução do limite orçamental, que entrou em vigor este ano, há agora vontade de impor mais restrições aos gastos, Foram referidos vários tópicos em torno do controlo de custos e de como este objetivo global pode ser alcançado durante os próximos anos. Como parte desta medida, será criado um grupo de trabalho – incluindo os próprios pilotos – para discutir o tema dos contratos de pilotos e dos elementos mais destacados na gestão das equipas. Ou seja, apesar de para já os salários dos pilotos e os dirigentes de topo terem ficado de fora do limite orçamental, a FIA e a F1 procuram soluções para esta questão, que é sensível. Na verdade, e apesar de fazer todo o sentido que exista um limite orçamental que equilibre o mais possível as equipas, não será nada fácil balizar salários de pilotos e elementos de gestão. Talvez a solução NBA seja uma boa ideia: Existe um valor para o conjunto da equipa. Se uma paga 30% desse valor a um só jogador, só lhe restam 70% para distribuir por todos os restantes jogadores. Aplicando isto à F1, só fazendo algo do estilo: O valor dos salários de pilotos e dirigentes, somado, não poderia ultrapassar um determinado valor. Encontrá-lo é que não deve ser fácil…

#WeRaAsOne muda o foco

A iniciativa #WeRaceAsOne lançada em junho do ano passado, como forma do desporto ajudar a enfrentar alguns dos maiores problemas que o desporto motorizado e o mundo em geral enfrentam, continuará, mas com três pilares fundamentais.

Em 2020, a campanha centrou-se em torno de duas questões principais: a pandemia de Covid-19, e a desigualdade. Agora, a #WeRaceAsOne será adotada como a plataforma oficial de Ambiente, Governação Social e Corporativa (ESG) para a Fórmula 1 e o foco mudará para os três novos pilares-chave.

Nesta época, o arco-íris deixará de figurar como símbolo da #WeRaceAsOne”. Embora a pandemia de Covid-19 ainda seja uma batalha contínua, a F1 irá voltar-se para três temas importantes:

1 – Sustentabilidade

2 – Diversidade & inclusão

3 – Comunidade.

Em 2019, a Fórmula 1 estabeleceu a sua ambiciosa estratégia de sustentabilidade, diversidade e inclusão para melhorar o futuro a longo prazo do desporto. Isto incluiu o compromisso da F1 passar a ser neutra em emissões de carbono até 2030 e criar uma cultura mais inclusiva e diversificada, em toda a Fórmula 1, atraindo talentos mais diversificados através de funções técnicas, comerciais, empresariais e de imagem (TV/Vídeo).

Além disso, o plano, em parceria com a FIA, visa promover um fluxo de talentos diversificado, identificando e eliminando sistematicamente barreiras à entrada desde o karting, até à F1.

Este novo compromisso verá a Fórmula 1, a FIA, e as Equipas concentrarem-se principalmente em nove áreas-chave:

– Criação de um caminho claro para motores híbridos alimentados de forma sustentável, algo que será de importância significativa não só para o desporto, mas também para o sector automóvel.

– Reduzir a quantidade de garrafas e talheres de plástico de utilização única e o desperdício alimentar no pitlane e paddock.

– Realizar estágios e aprendizagens dentro da Fórmula 1 para grupos sub-representados, a fim de proporcionar o acesso a uma carreira promissora no desporto.

– Financiamento de bolsas de estudo para talentosos estudantes de engenharia de diferentes e menos privilegiadas origens, com oportunidades de experiência profissional na F1 e nas equipas durante os seus estudos

– Fazer crescer a F1 nas escolas

– Trabalhar com os promotores em todo o mundo, para estabelecer e executar programas que deixem um impacto comunitário positivo e duradouro.

– Ajudar a aumentar a sensibilização e o apoio à W Series e às jovens pilotos talentosas que surgem através das fileiras

– Avançar para novos métodos de transporte através da adaptação de contentores para utilização em aviões modernos e outros modos de transporte.

– Continuar a desenvolver as capacidades de operação à distância, onde a ação até à data já eliminou 70 toneladas de carga a ser levadas para cada corrida.

Cada vez mais a F1 está ciente dos desafios do futuro, do mundo que a rodeia e continua a tomar decisões que a poderão tornar muito mais atrativa para novas marcas. O caminho é longo mas parece estar a ser feito no rumo certo.

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