WRC 2021: Consegue Ogier despedir-se com novo título? Tanak e Neuville que respondam…

Por a 19 Janeiro 2021 08:41

O Mundial de Ralis de 2021 vai arrancar com o Rali de Monte Carlo, sob o espectro da pandemia, e com muitas interrogações quanto ao calendário. Na parte desportiva, depois de um 2020 atípico, Sébastien Ogier vai tentar manter o título no seu ano de despedida, mas Ott Tanak e Thierry Neuville não lhe vão facilitar em nada a vida…

Quem há uns meses pensava que a pandemia que rebentou em março de 2020, e esteve aparentemente controlada no final do verão, seria deixada para trás das costas no final de 2020 enganou-se redondamente, com a segunda vaga, que chegou em força e várias vezes pior. Há vacina, é verdade, mas poucos duvidam agora que os primeiros meses de competições vão ser muito complicados. Quanto, logo se vê…

Para já, o WRC vai arrancar – se é que arranca mesmo, pois até ao começo da prova tudo pode ainda acontecer – com o seu evento habitual o Rali de Monte Carlo, num ano que promete ser uma sequência do anterior em termos desportivos, mas com alguma normalidade. E a isso já lá vamos…

No início do ano passado, os dois últimos campeões tinham acabado de trocar de equipa, Ott Tanak para a Hyundai, Sébastien Ogier, saído da Citroën, para a Toyota. Esperava-se que fossem os suspeitos do costume a lutar pelo título, e foram, mas com um intruso, que aproveitou bem a disrupção da temporada, Elfyn Evans.

A temporada de 2021 volta a ter as mesmas três equipas, Hyundai, Toyota e M-Sport/Ford, longe dos tempos em que existiram seis ou mais equipas oficiais no Mundial de Ralis. Sabendo-se o que se sabe hoje, estão muito longe os tempos de se poder ver algo semelhante, mas para o ano há novos regulamentos, vamos ver se algum construtor se deixa seduzir a médio prazo, pois sendo verdade que o WRC nunca teve melhores e mais rápidos carros em competição, também o é que a existência, agora, de apenas três equipas oficiais, e duas apenas com condições teóricas de vencer provas e dos seus pilotos lutarem pelo títulos, Toyota e Hyundai, isso é muito redutor para uma competição tão espetacular, e com tantos seguidores como é o WRC.

Sendo essencialmente os custos o grande óbice à existência de mais competição – porque permitiria a existência de mais construtores – é totalmente incompreensível os custos não terem sido travados mais cedo. O teto orçamental que vai vigorar a partir deste ano na F1 é uma medida fantástica, que vai ter efeitos a médio prazo, se calhar já em 2022. Enquanto isso, o WRC ‘derrapa’ em indefinições e construtores a puxar a brasa à sua sardinha.

A Citroën saiu, a M-Sport/Ford pouco voto têm na matéria e a Hyundai e Toyota andaram demasiado tempo a remar para lados diferentes.

É claro que se tem de respeitar visões diferentes do mesmo problema, mas o facto do WRC estar aflito não se pode atribuir somente à pandemia. É claro que ajuda, e muito, mas está longe de explicar tudo.

Bons, mas poucos…

Em termos desportivos, as três equipas, a Hyundai, Toyota e M-Sport/Ford, terão, juntas nove carros em todas as provas, existindo ralis em que a Ford terá um terceiro carro, isto para lá de programas privados com os World Rally Car. Para já conhece-se apenas o de Pierre Louis Loubet. Será no WRC 2 e WRC 3 que as coisas se preveem mais interessantes, em termos de números. Quando à competitividade, logo se verá.

Quanto à M-Sport/Ford, o ‘chefe de fila’ será Gus Greensmith. Teemu Suninen fará algumas provas, as outras, Adrien Fourmaux. É o que se arranja, para já. Na Toyota, Sébastien Ogier vai para o seu último ano, Elfyn Evans está de pedra e cal e Kalle Rovanperä vai procurar a sua primeira vitória. Takamoto Katsuta vai pela primeira vez fazer um programa completo no WRC. Na Toyota, a grande novidade é a saída de Tommi Makinen, de Chefe de Equipa e a entrada de Jari-Matti Latvala. Na Hyundai Ott Tänak e Thierry Neuville disputam as provas todas, Dani Sordo e Craig Breen dividem o terceiro carro durante o ano inteiro. Desta vez não há Sébastien Loeb, que o ano passado ainda deu um pódio à Hyundai.

O ano passado por esta altura dissemos adeus a Kris Meeke, Andreas Mikkelsen e Jari-Matti Latvala, este ano despediram-se Esapekka Lappi, Teemu Suninen (a tempo inteiro) e Sébastien Loeb, que já só valorizava, de vez em quando, o WRC. São sinais maus para o WRC, pilotos desta estirpe, não haver um WRC com lugar para eles.

Tanak mais favorito

Há um ano, quando Tänak trocou a Toyota pela Hyundai, sabia-se que não perderia muito em termos de carro, pois não há entre eles grandes diferenças de competitividade, mas um mudança de equipa traz consigo sempre desafios, novos procedimentos, novas caras, novas métodos e um carro que é diferente. Obviamente que Tanak iria precisar de algum tempo para se adaptar. Claro que não caímos na frase fácil de dizer que a falta de adaptação se viu logo em Monte Carlo, com o acidente. Nada disso, calhou, mas não teve relação direta, e se repararmos nos resultados foi segundo na Suécia e México.

Só meses depois, no regresso, venceu, mas depois teve alguns azares e não ficou sequer, perto do título. Este ano, nada o impedirá de entrar a todo o gás. Pode, efetivamente, sentir algum ‘desconforto’ em termos mentais com o acidente de Monte Carlo 2020, mas Tanak é nórdico, frio, pouco falador, e nunca ninguém vai perceber muito bem se o acidente o afetou ou não. Honestamente, acho que Tanak é o favorito a vencer o WRC 2021.

E os adversários deverão ser, basicamente, os mesmos, Sébastien Ogier e Thierry Neuville. O francês, quererá sair do WRC com mais um título. Sem dúvida. Não é preciso dizer muito mais de Ogier. Sete títulos mundiais, dois dos últimos três na M-Sport, explicam muito da sua categoria. Olhe-se para o que foi a M-Sport em 2017 e 2018 e veja-se o que é agora e o que mudou.

Thierry Neuville arrisca-se a ficar como o eterno segundo no WRC, mas isso também significa que tantas vezes tenta, que um ano consegue. Porque não em 2021? Já Elfyn Evans dificilmente volta a ter 14 pontos de avanço à entrada da prova decisiva do ano. Venceu bem na Suécia – todos sabem que é capaz de vencer provas, de vez em quando – e aproveitou bem para vencer na Turquia. E esteve quase a ser campeão. Mas num campeonato ‘normal’, ou pelo menos, ‘mais normal’ dificilmente baterá Ogier, Tank e Neuville ao mesmo tempo. Teve a sua oportunidade. Se voltar a fazer o mesmo isso vai surpreender-me.

O desafio de Kalle Rovanperä este ano será bater Elfyn Evans e chegar-se mais ao trio que luta pelo título. Talvez vença pela primeira vez este ano. Realizou provas brilhantes o ano passado, mas também cometeu alguns erros.

Gus Greensmith será este ano o ‘líder’ da M-Sport/Ford. E isso chega para dizer o que é a estrutura de Malcolm Wilson hoje em dia. É verdade que a Ford sempre esteve com a M-Sport e vice-versa, mas se calhar já esteve mais longe uma outra marca aproveitar a estrutura da M-Sport para se fazer forte. Se for a Ford a reinventar-se, melhor, porque é uma marca histórica dos ralis. A M-Sport só precisa de condições (dinheiro) para fazer um bom trabalho. Capacidade têm eles de sobra. Mais uma vez, veja-se 2017 e 2018.

Takamoto Katsuta vai correr em todas as provas. O ano passado fez três e em nenhuma foi melhor do que sétimo. Vai ter, pelo menos que ficar à frente de todos os Ford e do Hyundai de Pierre Louis Loubet. Teemu Suninen terá um meio programa, vai ajudar a M-Sport/Ford a evoluir o carro de 2022, numa trabalho que é dar um passo atrás, para dar depois dois à frente. Vamos ver como corre. Sem tanta pressão, Suninen pode fazer um, ou outro, pódio.

Dani Sordo e Craig Breen vão dividir o terceiro carro da Hyundai, e como já se viu o ano passado, especialmente nos ralis de terra, podem brilhar. Breen também costuma andar bem na neve.

Agora resta esperar para ver que WRC teremos este ano, confiantes que o Promotor e a FIA aprenderam com os erros do ano passado e estarão este melhor preparados para eventuais condicionantes decorrentes da pandemia de coronavírus.

Arrancando o Rali de Monte Carlo, no Ártico em fevereiro não deverá haver problemas, a Croácia é em abril, pelo que há tempo de perceber o que pode acontecer até lá. O Rali de Portugal é no fim de maio, a Sardenha está prevista para o início de junho, vamos ver se será este ano que se dá o regresso do Safari, regressa a Estónia em julho, mais cedo que o ano passado, segue-se a Finlândia após uma viagem curta.

Depois, a Bélgica, (ainda não há data certa) a segunda viagem longa do ano após o Safari será à América do Sul com o Rali do Chile, Catalunha em outubro para tudo terminar, como se espera, no Japão. A competição terá uma prova de /Asfalto/gelo/neve (Monte Carlo), uma totalmente de neve (Ártico) seis de terra e quatro de asfalto.

O ano passado, terminámos a apresentação do WRC com uma questão: Será que Ogier consegue ser Campeão no ano da despedida? Têm a palavra Ott Tänak e Thierry Neuville. Repetimo-la este ano.

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