Fórmula 1: Grelha muito reformulada para 2021
2021 pode ter-se tornado num ano de espera, com o prolongamento deste conjunto de regulamentações, algo que não era esperado. Mas o mercado de pilotos foi dos mais animados dos últimos anos e promoveu uma autêntica revolução na grelha para os próximos anos. Num ano tão fora da norma como este, as surpresas nas trocas de pilotos foram muitas.
Mercedes: Aposta na estabilidade continua
Apesar de ser a única equipa que não tem ainda a dupla para 2021 confirmada, tal espera apenas a assinatura do contrato entre Lewis Hamilton e a Mercedes. O agora heptacampeão igualou o recorde de títulos de Michael Schumacher, superou a marca do alemão no número de vitórias e está na equipa certa para se tornar no mais bem sucedido de sempre. Tudo que não seja a renovação de contrato irá ser uma enorme surpresa mas… estamos em 2020, não damos nada como garantido. Já a escolha de Valtteri Bottas é a aposta numa fórmula que já tem dado muito sucesso. Bottas traz muitos pontos à equipa mas não incomoda Hamilton ao ponto de criar mau ambiente. A relação entre ambos é saudável e a equipa quer aproveitar isso mais um ano, para bater mais recordes enquanto está numa posição de força. Mas George Russell está à espreita e não seria de espantar que a nova era trouxesse uma nova dupla, com Bottas a ser o preterido… a não ser que mostre algo em 2021 que ainda não mostrou, algo cada vez menos provável.
Red Bull: Ainda em busca do companheiro ideal para Verstappen
A renovação de Max Verstappen logo no início do ano mostrou que a Red Bull não quer perder a sua estrela e que está disposta a fazer o que for preciso para manter o jovem talento, visto como peça essencial para o sucesso da equipa. Já a escolha do colega de equipa tem sido mais complicada. No início da época, Alex Albon, Pierre Gasly e Daniil Kvyat eram supostos candidatos, mas na realidade a equipa apenas se focou em Albon. O potencial mostrado no ano passado não se materializou, apesar da equipa ter mostrado paciência e apoio raramente vistos por aqueles lados. Adiaram a decisão o tanto quanto puderam, mas a escolha recaiu em Sérgio Pérez que fez uma brilhante época e que por pouco não ficava de forma injusta fora da F1. Um reforço de peso que poderá permitir à equipa pressionar mais a Mercedes em 2021. Já Pérez tem hipótese de voltar a mostrar numa equipa de topo. Será ele o companheiro ideal para Verstappen?
McLaren: Ano novo, gargalhadas novas
A vontade da McLaren era ficar com Carlos Sainz, mas a Ferrari avançou logo no início do ano para a contratação do espanhol, que aceitou o desafio. Com a saída de Carlitos, a equipa de Woking apostou forte e foi buscar um dos melhores do grid… Daniel Ricciardo. A primeira época na Renault não foi a mais promissora e o australiano viu na McLaren mais potencial para o futuro e não hesitou em largar a equipa francesa. Com Ricciardo, a McLaren ganha um piloto de provas dadas e que sabe o que é preciso para uma equipa ter sucesso. Fará dupla com Lando Norris que este ano mostrou mais que apenas boa disposição. Norris mostrou que é um piloto rápido, que aguenta bem a pressão e com capacidade para se tornar num campeão. A McLaren teve uma das duplas mais equilibradas do ano e com Ricciardo ganha ainda mais. Espera-se muito desta dupla dentro e… fora de pista.
Aston Martin: Aposta forte num tetracampeão
Na próxima época deixaremos de ter a Racing Point, que se transformará na Aston Martin, uma mudança que entusiasma todos os fãs da F1. Quanto ao alinhamento, era garantido que Lance Stroll ser iria manter na equipa, pois o dono da equipa é também seu pai e não iria mandar embora o seu protegido. A surpresa veio na escolha do segundo piloto. A contratação de Sainz por parte da Ferrari atirou Vettel para a porta de saída, tornando-se num alvo apetecível para qualquer equipa. A sua experiência e qualidade seriam uma mais valia inquestionável, mas com o avançar do mercado havia apenas duas soluções para o alemão: Renault ou Aston. Vettel optou pela Aston e torna-se assim num trunfo para a equipa de Silverstone. Além da visibilidade que Vettel traz à marca, há também a capacidade do piloto guiar a equipa para um patamar superior. Uma excelente aposta que permitirá ver Vettel num registo diferente, já sem a pressão de lutar por títulos.
Alpine: O regresso do filho pródigo
A saída de Ricciardo foi um golpe no ego da equipa. A grande aposta da Renault, que roubou o piloto à Red Bull, saia após um ano, num claro voto de desconfiança no projeto. Era preciso um nome forte para dar credibilidade e força… e ninguém melhor que Fernando Alonso para o fazer. Depois de andar a experimentar novas realidades, o espanhol fez o inevitável regresso à sua paixão, na derradeira tentativa de conquistar o tri. Alonso vem com esperança que 2022 traga uma Alpine (como passará a ser designada a equipa) capaz de lutar pelo título e em 2021 irá voltar a habituar-se ao ritmo do Grande Circo. Fará dupla com Esteban Ocon, também ele um regresso depois de paragem, que este ano teve dificuldade no início, mas que acabou a época com boa nota.
Ferrari: Revolução em busca do sucesso
A Ferrari está afastada dos títulos desde 2008 e está apostada em trazer de volta os tempos de glória com a ajuda da próxima regulamentação. A escolha da dupla de pilotos é radicalmente diferente do que tem sido tradição na Scuderia. A Ferrari sempre preferiu pilotos mais experientes, mas para 2021 vai com a mais jovem dupla da sua história. Charles Lelcerc renovou no começo de 2020 e é clara aposta para o futuro. Ao seu lado terá Sainz. Uma escolha algo surpreendente mas com lógica pois o espanhol tem-se revelado um excelente piloto, regular e poderá fazer uma grande dupla com Leclerc. Resta saber se foi contratado para ser número dois ou se terá iguais hipóteses de lutar por vitórias no futuro. Mas é claramente uma das duplas mais interessantes para a próxima época.
Alpha Tauri: A incubadora tem um novo talento
A Alpha Tauri fez uma boa época graças ao talento de Pierre Gasly que este ano deu uma excelente resposta depois da despromoção da Red Bull. Gasly venceu pela primeira vez e teve grandes prestações que lhe garantiram a renovação. Daniil Kvyat, apesar de uma época positiva esteve longe do nível do francês e perdeu o lugar para Yuki Tsunoda. Tsunoda é o primeiro piloto japonês desde Kamui Kobayashi a correr na F1. A parceria entre a Red Bull e a Honda permitiu que Tsunoda pudesse ganhar o lugar na equipa B dos Bull´s, mas o seu talento tem deixado os responsáveis entusiasmados. Talvez a Red Bull, além de tentar convencer a Honda a ceder os motores, possa também ganhar um piloto com qualidade para subir à primeira equipa.
Alfa Romeo: Tudo igual
Na Alfa Romeo não vimos mudanças. Kimi Raikkonen vai para a sua 19ª época e mantém todos os atributos que levaram à sua contratação em 2019. Pode já não ter a velocidade de outros tempos mas tem a experiência e tenacidade necessárias para dar alegrias à equipa. Mantém-se ao lado de António Giovinazzi, com quem tem uma boa relação. O italiano mantém o seu lugar graças à ligação com a Ferrari, mas é um dos pilotos que ainda não convence e que demora a mostrar algo mais. A Alfa apostou na estabilidade para este ano de transição, mas não escondeu que gostaria de ter Mick schumacher do seu lado, pelo que as relações com a Ferrari podem arrefecer e levar a mudanças em 2022.
Haas: Expetativa e polémica
A Haas mudou por completo o seu alinhamento para a próxima época. Kevin Magnussen e Romain Grosjean vão deixar a equipa, uma dupla com a qual teve grandes momentos e viveu momentos menos positivos. A equipa mudou por completo e terá Mick Schumacher e Nikita Mazepin. Schumacher é um dos jovens talentos que agora se apresenta, com o apoio da Ferrari. A ligação entre as duas equipas começa a ficar cada vez mais forte e era inevitável que a Haas recebesse um jovem da Scuderia. A expetativa de voltarmos a ver o nome Schumacher na pista é grande. Do outro lado temos Mazepin, já envolto em grande polémica. O vídeo em que toca de forma inapropriada numa mulher motivou um coro de protestos que exigiam a dispensa do piloto, mas a Haas precisa do dinheiro da família Mazepin para sobreviver. O jovem entra já sob grande pressão e qualquer falha terá repercussões mais pesadas do que para qualquer outro estreante.
Williams: Dupla inalterada
Nicholas Latifi e George Russell manterão o lugar na renovada Williams em 2021. Os novos donos da equipa querem dar mais condições à equipa para ser competitiva mas resolveu não tocar na dupla de pilotos. Latifi fez o primeiro ano na F1, sem grandes motivos de destaque, mas o dinheiro que traz é importante para a equipa. Russell é a estrela e chegou a falar-se que poderia roubar o lugar a Bottas. A Mercedes não mudou a sua dupla e Russell terá de ficar mais um ano com a Williams, algo positivo para a equipa, mas claramente o talento do jovem pede mais.