5 Momentos marcantes da Fórmula 1 em 2020

Por a 28 Dezembro 2020 11:23

A temporada de 2020 foi concentrada, mas produziu momentos que ficarão marcados na história da Fórmula 1, apontamos aqueles que, na nossa opinião, foram os cinco mais importante do ano.

A temporada de 2020

A primeira prova da época deveria ser o Grande Prémio da Austrália e todo o circo da categoria máxima do desporto automóvel viajou para Melbourne, mas com a pandemia da COVID-19 a tornar-se um problema verdadeiramente global, poucos acreditavam que a prova de abertura do campeonato pudesse ser uma realidade.

As piores previsões confirmaram-se e até à hora da primeira sessão de treinos-livres viu-se um jogo do empurra para perceber quem dava o primeiro passo na direcção a um cancelamento e, assim, fugir às responsabilidades financeira decorrentes de uma decisão dessas.

Acabaram por ser as equipas a tomar a iniciativa de não correr, precipitando o anulamento do evento, quando os adeptos estavam já nos portões para poderem aceder às bancadas para assistir à primeira sessão de treinos-livres da temporada.

Não foi uma situação que tenha enaltecido os envolvidos, mas depois de diversos cancelamentos e adiamentos de Grandes Prémios, e quando muitos duvidavam que pudesse haver um Grande Prémio este ano, o Campeonato do Mundo de Fórmula 1 começou no início de Julho no Red Bull Ring.

Com um calendário que ia ser construído com o decorrer da época, as provas foram sendo realizadas, evidenciando a FOM, a FIA, as equipas e os organizadores dos Grandes Prémios um acerto organizativo notável, permitindo que tivéssemos um verdadeiro Campeonato do Mundo com dezassete provas em dois continentes – Europa e Ásia – sem grandes sobressaltos.

Ao longo da temporada foram realizados 78 mil testes à COVID-19, tendo testado positivo 78 oito indivíduos, o que diz bem da capacidade organizativa de todas as partes e da disciplina que todos os envolvidos abraçaram.

Como é habitual em todos aqueles que dão corpo à Fórmula 1, nos momentos difíceis agigantaram-se e conseguiram dar aos adeptos da disciplina máxima alguma cor e esperança num momento difícil pelo qual todos passamos.

GP de Portugal de Fórmula 1

Em circunstâncias normais, o nosso país nunca teria tido um Grande Prémio este ano, mas como se costuma dizer, os momentos de crise, para além de dificuldades, também nos presenteiam com algumas oportunidades.

Paulo Pinheiro e a Parkalgar viram a oportunidade e foram atrás dela, trazendo a Fórmula 1 a Portugal ao cabo de vinte e quatro anos e mostrando que o Autódromo Internacional do Algarve é um circuito merecedor de albergar a categoria máxima do desporto automóvel.

Nem tudo correu bem e foram cometidos alguns erros organizativos ao longo dos três dias da décima sétima edição do Grande Prémio de Portugal, mas estes podem e devem ser corrigidos, estando o Algarve na corrida por assegurar uma prova na temporada do próximo ano.

Mesmo que não se concretize esta possibilidade, o saldo é positivo, muito embora tenha sabido a pouco.

Os recordes de Lewis Hamilton

Face à competitividade da Mercedes nos últimos anos, era apenas uma questão de tempo até que Lewis Hamilton assinasse números impressionantes nos livros dos recordes da Fórmula 1 e em 2020 acabou marcar a ouro as páginas destes.

Tornou-se no piloto mais vitorioso da história da categoria máxima do desporto automóvel, com noventa e cinco, igualando o recorde de Michael Schumacher, noventa uma, no Grande Prémio de Eifel, e suplantando-o no Grande Prémio de Portugal.

O inglês igualou, também, o número de títulos do alemão, sete, uma marca que há alguns anos parecia inalcançável, estando numa posição muito confortável para o bater já no próximo ano.

Para além disso, tornou-se no piloto com mais pódios na história da Fórmula 1, mais uma vez melhorando o recorde que tinha sido colocado por Schumacher.

A discussão do melhor piloto de sempre é uma conversa que apaixona os adeptos da categoria e cada um terá a sua opinião de acordo com as suas convicções, mas será unânime que Hamilton é um dos pilotos marcantes da caminhada de 70 anos da Fórmula 1.

Acidente de Romain Grosjean

Nos últimos anos a Fórmula 1 tem assistidos a alguns incidentes aparatosos, mas sem que se sentisse aquela terrível sensação de não se saber se o piloto ou pilotos em questão estariam bem.

No Grande Prémio do Bahrein voltámos todos aqueles que seguem a categoria máxima do desporto automóvel a sentir a ansiedade de não saber se um piloto estava bem, até que vimos Romain Grosjean a irromper das chamas que se tinham tomado conta do que restava do seu Haas Ferrari.

O facto de o francês ter saído dos destroços do seu monolugar “apenas” com algumas queimaduras e mazelas superficiais e provam o bom trabalho que FIA, FOM, circuitos e equipas têm vindo a desenvolver na área da segurança.

Sem o halo, dificilmente Grosjean teria escapado à dinâmica de um acidente avassalador que quebrou o Haas em dois.

O facto de não se ter perdido uma vida foi, sem dúvida alguma, um dos momentos do ano e agora espera-se que todas as entidades competentes possam analisar todo o incidente e possam tirar conclusões para melhorar a segurança na Fórmula 1.

Novos circuitos

Esta foi uma temporada difícil e diferente para todos os envolvidos na Fórmula 1, cortesia da COVID-19, mas foi, sobretudo, a FOM que teve de encontrar soluções para que um campeonato fosse levado a cabo em circunstâncias muito especiais e restritivas.

Os homens liderados por Chase Carey procuraram encontrar uma forma de montar uma época digna do mais importante campeonato da FIA e, para isso, recorreu a circuitos que não constavam no calendário original da temporada de 2020.

Mugello, Autódromo Internacional do Algarve, e o traçado exterior de Sakhir estrearam-se este ano no Campeonato do Mundo de Fórmula 1, ao passo que Imola, Nurburgring e Istambul regressaram ao mais importante certame do mundo do automobilismo.

Curiosamente, alguns destes traçados ofereceram algumas das melhores corridas da época, contribuindo para a diversidade da época, algo que nem sempre tem sido um dado adquirido nas temporadas da normalidade.

Talvez tenha sido interessante para a FOM perceber o porquê de estes circuitos, quase todos eles sem toque de Herman Tilke, terem criado corridas tão interessantes e, quem sabe, procurar soluções mais orgânicas e menos centradas em dados puros e duros.

Como é costume dizer, mesmo em tempos de dificuldades surgem oportunidades para melhorar.

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