Luís Cidade: um piloto em ascensão nos SSV

Por a 3 Dezembro 2020 17:41

Os SSV são uma disciplina que tem trazido novos valores para o Todo-o-Terreno nacional e Luís Cidade é um bom exemplo disso. Começou no Karting, mas agora aos 24 anos é um dos jovens promissores do TT em Portugal.

Não é novidade para ninguém que os SSV têm dado cartas nos últimos anos, já que são uma forma de fazer todo-o-terreno bastante divertida e bem mais barata do que os autos. São muitos os pilotos que têm surgido através desta competição, e Luís Cidade é um deles. Começou no Karting em 2003, já em 2017 iniciou-se no TT e é hoje em dia um dos candidatos aos lugares da frente e aos títulos nos SSV. A sua primeira temporada completa no Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno foi em 2018, sagrando-se campeão na classe Júnior. Já em 2019 terminou no sétimo posto absoluto e venceu à geral a Baja de Idanha-a-Nova. Foi ainda campeão da classe Júnior pelo segundo ano consecutivo, vencendo pelo meio as 4h de Fronteira. Este ano, iniciou a época desportiva com uma vitória na recém-criada Baja TT ACP, sagrando-se após a Baja Portalegre 500 vice-campeão nacional absoluto, tendo ainda revalidado o triunfo na Taça Júnior. Conversámos um pouco com ele…

Começaste em 2004 no Karting, foste campeão em Portugal e vice-campeão em Espanha, o que te levou para o TT e para os SSV em 2017?Sim comecei no karting – o meu desejo eram as duas rodas e a decisão dos meus pais de me levarem para o karting teve muito em conta os longos anos em que acompanharam o TT nas motas e estavam conscientes do risco que acarretam para os pilotos – venci a Taça de Portugal em 2012 e fui vice-campeão no Troféu Rotax em Espanha. Como todos sabem o desporto motorizado tem custos muito elevados. Sabia que ou continuaria no karting a nível internacional ou daria o salto para os carros, mas qualquer uma das hipóteses acarretava custos demasiados elevados. A empresa dos meus pais é a importadora dos veículos Can-Am e dado o grande desenvolvimento em que se encontrava a modalidade em 2017 decidi experimentar e participei em 2017 na Baja de Portalegre assim como nas 4H de Fronteira. Em Portalegre devido a uma falha técnica o resultado não foi o esperado. Já em relação às 4h de Fronteira consegui um 3º lugar à geral. Achei o Can-Am um veículo fantástico de ser conduzido e o Campeonato Nacional TT na classe SSV estava em franca expansão tanto a nível dos veículos como a nível do número de participantes.

Tens vindo a fazer uma carreira em crescendo em Portugal, e apesar de jovem, já lutas na frente. Como tem sido o teu percurso?

Sim é verdade! Penso que os anos no karting foram uma mais valia, mesmo sendo desportos completamente diferentes, pois ao contrário do karting em que a condução é muito mais precisao todo-o-terreno é uma condução à vista, ou seja, é uma aprendizagem constante pois o tipo de piso onde competimos varia muito durante todo o percurso e de prova para prova.O meu sucesso não depende exclusivamente de mim, mas muito importante é a equipa técnica que me acompanha e que tudo faz para ter o SSV nas melhores condições antes e durante as corridas.

Quais são os teus objetivos a curto/médio prazo?

Os meus objetivos são sem dúvida ser campeão nacional TT, assim como num futuro próximo estar presente numa prova internacional.

E para o futuro?

Fazer uma prova em África e, um sonho mais ambicioso, participar no Dakar…

A disciplina tem crescido muito em Portugal. Qual é a explicação?

Sem dúvida nenhuma é uma categoria com um crescimento exponencial, na minha opinião, pela excelente performance dos veículos, pelo prazer de condução e acima de tudo pelos custos associados pois em comparação aos autos para ter este nível de performance os valores envolvidos são muito, mas muito mais elevados.

Como é guiar um Can AM Maverick  XRS/XRC. O que mais gostas no carro? E menos?

É fenomenal! O carro tem prestações fantásticas, é fácil de conduzir e muito eficiente em qualquer tipo de terreno.

Com se melhora a pilotagem num SSV? que coisas fazes agora que não fazias nos teus primeiros tempos. Basicamente, explica como se dá a evolução de um piloto de SSV.

Como em qualquer desporto, ‘treinando’. O que neste caso do TT é muito mais complicado dado que como as provas são extensas é quase impossível treinar em percursos semelhantes. No entanto, aproveito os fins-de-semana para em conjunto com o meu co-piloto aqui no norte,  essencialmente nas pistas do Rally de Portugal e outros troços possíveis (a minha maior desvantagem em relação aos meus adversários é que no norte os locais para treinar são quase inexistentes ao contrário do que acontece no sul), sempre que surge a oportunidade vou para zonas como o Alentejo onde é muito mais seguro treinar e existe maior diversidade de percursos. Em conjunto com a minha equipa fazemos, sempre que possível, treinos para alterações que achamos eficazes e assim ter uma muito melhor performance durante as corridas. A evolução maior de um piloto de SSV é, sem qualquer dúvida, os anos em que participa no campeonato pois é o melhor “treino” que pudemos fazer. Participar no maior número de corridas é que nos faz evoluir e obter melhores resultado.

Sei que admiras o Cristiano Ronaldo e o Lewis Hamilton, mas que português ou portugueses mais admiras nos ‘motores’ e porquê?

O Miguel Oliveira, por sabermos o quão difícil é conseguir um português atingir um nível tão alto no moto GP, o Joaquim Rodrigues que é um piloto de referência nos campeonatos de motocross e TT, e na velocidade pilotos como o Tiago Monteiro, o Filipe Albuquerque e o Félix da Costa são pilotos de referência no desporto motorizado português.

Porquê a ligação à estrutura Skywalker Racing Management de Tiago Monteiro? Que vantagens vês e a que níveis?

É uma ligação muito importante, que surgiu do contacto de amigos e que teve o interesse efetivo por parte do Tiago Monteiro após a minha vitória nas 4h de Fronteira em 2019. Estar ligado a uma empresa como a Skywalker, vai melhorar todo o meu potencial como piloto tanto a nível físico como mental e a imagem do Tiago Monteiro no desporto nacional vai abrir portas para possíveis patrocinadores, que são indispensáveis para os projetos que tenho para o futuro.

O que antevês para a tua carreira nos próximos anos?

Antevejo sucesso, pois neste momento o veículo que utilizo é o que melhor performance apresenta e que vai evoluir como é normal em qualquer marca para um patamar superior. Sei que consigo andar ao nível dos melhores em Portugal e também sei que a experiência que acumulo ano após ano neste desporto são uma mais-valia para o meu sucesso.

Vês-te algum dia a fazer uma carreira diferente do TT?

Isso é uma incógnita, mas não é segredo para ninguém os longos anos que competi em pista e se surgir alguma oportunidade de um dia poder voltar a competir na velocidade, vou aproveitar!

Como a maioria dos pilotos que faz TT quer, pretendes um dia disputar o Dakar?

Sem sombra de dúvidas! Tenho consciência dos elevados custos que acarreta a participação neste tipo de prova, mas também tenho em mente que só avançarei para esta participação quando reunir todos os meios necessários para um bom desempenho na mesma.

És mais piloto de maratona ou sprint?

Acho que consigo desempenhar bem estes dois tipos pois a minha boa performance no karting era em competições sprint, ao contrário do TT que são maratonas, mas que acaba por ter as duas vertentes, começa logo por obter um bom resultado no prólogo (sprint) e durante as etapas temos de gerir km a km, mas sempre nunca perder o bom ritmo que é necessário do início ao fim, dado a qualidade dos pilotos que hoje competem nesta categoria.

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