GP Emilia-Romagna de Fórmula 1: Tudo corre de feição a Hamilton

Por a 2 Novembro 2020 18:05

Tudo parecia correr mal a Lewis Hamilton, mas a natureza do Grande Prémio de Emilia-Romagna e dois golpes de sorte levaram a que o inglês vencesse no dia em que a Mercedes conquistou o seu sétimo título consecutivo de Construtores.

O Campeão do Mundo está num momento de graça, tendo esmagado Valtteri Bottas em Portugal, mas o finlandês prometia responder em Imola e o programa de apenas dois dias parecia deixar-lhe alguma margem de manobra.

O piloto de trinta e um anos tem mostrado superioridade na maior parte das sextas-feiras da temporada, mas com o decorrer do fim-de-semana acaba por se ver batido pelo seu colega de equipa, que vai ganhando ritmo a cada jornada que passa.

Ora na prova de Emilia-Romagna, na prática, a sexta-feira era no sábado, com reflexos palpáveis para o restante fim-de-semana e, uma vez mais, Bottas mostrou-se o mais rápido, conquistando a pole-position depois de um duelo intenso com Hamilton, que foi vergado pela última volta lançada do finlandês, ao ficar a menos de um décimo de segundo do seu colega de equipa.

Max Verstappen, perdia para os Mercedes algum tempo no primeiro e terceiro sectores, devido ao superior nível de potência do V6 turbohíbrido de Brixworth, mas não estava longe, a 0,5s de Bottas, e em configuração de corrida parecia ser mais ameaçador, até porque, tal como os pilotos da equipa de Brackley, qualificara-se com borrachas médias, os preferidos para a prova de sessenta e três voltas.

Com as esperadas dificuldades em ultrapassar no circuito de Imola, o arranque seria determinante para o desfecho do primeiro Grande Prémio da Emilia-Romagna e, neste exercício, era Hamilton que levava a pior, sendo suplantado por Verstappen e ameaçado por Pierre Gasly, ataque que repeliu com veemência para desencanto do francês.

No final da primeira volta, Valtteri Bottas era um homem feliz, estava no primeiro lugar e o adversário que o privara de inúmeras vitórias e pole-positions era apenas terceiro, tendo Verstappen como tampão.

No entanto, um pouco mais atrás acontecera algo que marcaria toda a corrida do finlandês – Sebastian Vettel e Kevin Magnussen envolveram-se num toque na Tosa e na pista ficara uma deriva do Ferrari.

Na segunda volta, o líder da corrida não conseguia evitar o detrito depositado no asfalto de Imola e este ficava cravado nas derivas laterais do Mercedes como uma lapa, roubando profunda performance aerodinâmica ao “Flecha Negra”.

Bottas conseguiu sempre manter o holandês sob respeito, mas nunca conseguiu abrir uma vantagem relevante para os seus perseguidores, que se mantiveram sempre nos seus espelhos.

Com o seu recruta encravado entre os dois Mercedes, a possibilidade de realizar um “undercut” ao líder começou a ser o pensamento dominante no “pit-wall” da Red Bull e assim que encontraram uma clareira para colocar Verstappen após uma troca de pneus, o estrategas da equipa de bandeira austríaca chamaram o seu piloto, estavam decorridas dezoito voltas, e então a 2,5s de Bottas.

Como seria de esperar, a Mercedes respondeu com o líder, parando-o na volta seguinte, o que lhe permitiu ficar à frente do holandês.

Com Hamilton, e com o luxo de ter dois carros capazes de poder vencer, conforto que a Red Bull já não tem desde que Daniel Ricciardo foi para a Renault, os homens da estrutura de Brackley mantiveram Hamilton em pista na esperança de que o “overcut” permitisse, pelo menos, suplantar Verstappen.

Porém, os pneus duros que o finlandês e o holandês montaram nas boxes mostraram-se difíceis de colocar janela térmica de funcionamento, dadas as baixas temperaturas que se fizeram sentir em Imola – a pista não passou dos 22ºC – ao passo que o médios que equipavam ainda o carro quarenta e quatro, na temperatura certa, revelavam-se competitivos e consistentes, levando a que os estrategas da Mercedes sugerissem a Hamilton que realizasse mais dez voltas com eles, algo a que este aderiu rapidamente.

O inglês, ajudado pelos problemas de Bottas, ia cavando uma vantagem confortável para os seus perseguidores, aproximando-se dos cerca de 28s necessários para parar nas boxes e manter o comando.

Na vigésima nona volta, tinha já o seu colega de equipa à distância desejada, mas era no limite e era preciso ganhar mais algum tempo para que garantisse a liderança da corrida.

Porém, na volta seguinte, o Campeão do Mundo tinha o seu segundo golpe de sorte do dia. Esteban Ocon abandonava com problemas de embraiagem, provocando uma brevíssima situação de Safety-Car Virtual precisamente quando Hamilton se aproximava da entrada para as boxes.

O inglês não se mostrou rogado e entrou para realizar a sua troca pneus, saindo no primeiro lugar e com mais de três segundos de vantagem para o seu colega de equipa. Estava decidida a corrida, até porque Hamilton tinha pneus doze voltas mais frescos que os seus rivais, o que lhe permitia manter-se ao abrigo de qualquer problema.

Bottas, que no início estava na liderança da prova, via o comportamento degradar-se, acabando por ceder o segundo posto a Verstappen, que o pressionava desde que ambos passaram pelas boxes.

O holandês rapidamente se afastou do finlandês, mas a treze segundos de Hamilton, o máximo que poderia aspirar era ao segundo posto, muito embora não tivesse dificuldades em replicar o andamento do Campeão do Mundo.

No entanto, na quinquagésima volta, o piloto da Red Bull sofria um furo no seu pneu traseiro / direito, provocado por detritos em pista, lançando-o para o abandono e para a gravilha da escapatória da Chicane de Tamburello.

Uma corrida em que poderia ter dado luta aos Mercedes cifrava-se num abandono para Verstappen que este ano, em três Grandes Prémios realizados em Itália, abandonou sempre.

Para se defenderem de qualquer eventualidade, os dois pilotos da formação de Brackley aproveitaram a situação de Safety-Car espoletada pelo holandês para passaram pelas boxes e montar pneus macios usados, mas com os problemas que Bottas sentia desde a segunda volta, este nada podia fazer quanto ao seu colega de equipa, que caminhou triunfalmente para a sua nonagésima terceira vitória na Fórmula 1.

A Mercedes, com mais uma dobradinha, garantia o seu sétimo título consecutivo de construtores, um recorde, batendo o da Ferrari.

Num dia em que após a primeira volta Hamilton parecia ter a vitória bastante distante, tudo conjurou para que o inglês subisse ao degrau mais alto do pódio, sendo Bottas uma vez mais derrotado, mas desta feita sem que pudesse ter feito algo para evitar mais um desaire…

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Autosport Exclusivo
últimas Autosport
autosport-exclusivo
últimas Automais
autosport-exclusivo
Ativar notificações? Sim Não, obrigado