Rali Terras D’Aboboreira: Armindo Araújo vence e lidera campeonato
Armindo Araújo e Luís Ramalho venceram o Rali Terras d’Aboboreira e são agora os novos líderes do campeonato. Ricardo Teodósio e José Teixeira bem tentaram, mas não conseguiram melhor do que o segundo lugar, enquanto a estrela do rali foi Miguel Correia, que com António Costa ao lado, obteve o seu primeiro pódio no CPR à geral. O jovem francês, Adrien Fourmaux, da M-Sport, veio treinar o Rali de Portugal, andou bem, mas uma penalização afastou-o da luta pelo triunfo.
A sexta de sete provas do CPR 2020 redundou num ‘virar de tabuleiro’. Numa altura em que parecia que o campeonato estava a ficar muito inclinado para Bruno Magalhães, eis que uma prova em que o Hyundai i20 R5 não teve argumentos para os seus adversários, atirou com o até aqui líder do campeonato para um quarto lugar que lhe vai dificultar a luta pelo título, que agora se mostra mais favorável a Armindo Araújo.
O piloto da The Racing Factory vai agora para o Algarve na liderança, com uma vantagem de 8,88 pontos, o que obriga Bruno Magalhães não só a vencer, mas se Armindo Araújo for segundo, a assegurar ainda pontos adicionais através de vitórias em especiais e/ou PowerStage.
Numa prova de asfalto em que se terá de contar com o pilota da ‘casa’ e também com um José Pedro Fontes mais competitivo, e eventualmente Pedro Meireles, as contas poderão ser complicadas.
A verdade é que neste momento o campeonato sorri mais a Armindo Araújo, mas como todos bem sabemos, nada está decidido até ao derradeiro metro de prova. Vamos esperar é que a pandemia não impeça que a luta se desenrole até ao fim.
Triunfo sem espinhas
Armindo Araújo e Luís Ramalho vieram para esta prova sabendo que tinham de vencer para tornar mais fáceis as contas pelo título, e assim o fizeram ao terminar com uns expressivos 32,4s de avanço sobre Ricardo Teodósio e José Teixeira, em carro igual. Venceram quatro dos seis troços da prova no que ao CPR diz respeito, fazendo a diferença nos dois troços mais longos a dupla passagem por Amarante. Só aí deixaram Teodósio a quase 30 segundos. Terminaram o primeiro dia com um curta margem de 1.5s face a Teodósio, mas no arranque do segundo, os 23,67 Km de Amarante deixaram claro quem, em condições normais iriam vencer a prova. E foi isso que sucedeu. Agora, têm o campeonato na mão, mas depois do que Bruno Magalhães já fez este ano nas provas de asfalto, convém irem ‘desconfiados’ para o Algarve…
Grande Miguel Correia
Acabou o sonho para Ricardo Teodósio e José Teixeira. Muito a dupla do Skoda Fabia R5 evo da ARC Sport tem lutado, mas as coisas não lhes têm saído, e esta prova sentenciou algo que já era quase uma certeza: não vão repetir o feito de 2019. Mas não é por falta de tentativas. Na prova anterior, na Marinha Grande, todos sabemos o que aconteceu, e com a atribuição de 25% dos pontos deixou Teodósio quase fora da luta. A réstia de esperança tinha a ver com possíveis azares dos adversários no Terras d’Aboboreira, mas isso não sucedeu e curiosamente, o algarvio fez das melhores exibições do ano, e também resultado, sem que isso lhe permitisse melhor do que ficar a mais de 30s de um Super-Armindo. Este ano, foi assim, começou com dois triunfos claros de Armindo Araújo, depois um Super-Bruno. Lutou muito, mas houve sempre qualquer coisa que não lhe permitiu fazer melhor. Nesta prova, esteve bem, mas Armindo Araújo foi bem melhor. Simples!
Já Miguel Correia e António Costa levaram o Skoda Fabia R5 ao terceiro lugar da geral, o primeiro pódio do jovem, que, lembre-se, só tem três anos de ralis, sendo este o segundo num R5. Notável a sua evolução, sendo que fez o suficiente para manter atrás de si dois pesos-pesados como são Bruno Magalhães e José Pedro Fontes. Nesta prova notou-se claramente um forte andamento, alicerçado na confiança que lhe transmite António Costa, que sendo da zona conhece muito bem os troços desta prova. Crescimento competitivo que deixa água na boca para o futuro, pois o CPR precisa de mais bons valores.
Bruno Magalhães e Carlos Magalhães foram quartos classificados, terminaram a mais de um minuto dos vencedores, e passaram o rali inteiro a ‘lutar’ contra a maior fraqueza do Hyundai i20 R5, a falta de tração. Há muito que está identificada a maior dificuldade do carro, e é precisamente em ralis em que é precisa muita tração. Quando os troços foram mais rápidos, Bruno Magalhães andou menos mal, mas quando as classificativas enrolavam um pouco mais, as dificuldades aumentavam em flecha e para se perceber as dificuldades, Bruno foi 4º ou 5º em todos os troços. Em Fafe ainda disfarçou as dificuldades com um 2º lugar, mas se olharmos para o historial, só nas provas mais extensas de terra, Açores e Rali de Portugal, a sua experiência permitiu resultados acima do valor do carro naquele tipo de piso. Seja como for, vai para o Algarve a depender apenas de si para ser campeão, e o rali é em asfalto, portanto, está muito longe de estar derrotado.
Pensar no futuro
Adrien Fourmaux e Jamoul Renaud trouxeram a Portugal o Ford Fiesta R5 MK II da M-Sport para treinar o Rali de Portugal de 2021, que quase certamente vai passar naquela zona. Como é habitual com os jovens lobos do WRC, trazem um ritmo que os pilotos portugueses estão longe de ter, e isso ficou bem à vista com o triunfo em cinco dos seis troços da prova. Só que penalizaram dois minutos ao controlarem por avanço numa entrada no parque de assistência e com isso atrasaram-se na classificação. Terminaram a 1m41s do vencedor, e deveriam ter ganho o rali caso não tivesse existido a penalização, mas também é justo dizer que Armindo Araújo tinha que olhar para o CPR e não se preocupou em tentar bater a dupla franco-belga. Provavelmente vão capitalizar o trabalho quando cá voltarem em maio do ano que vem…
José Pedro Fontes e Inês Ponte tiveram uma prova muito abaixo da potencialidades da dupla e do carro, mas sendo verdade que a terra não é o terreno de eleição de Fontes, os tempos feitos ‘dizem’ que houve algo para lá de um simples dia menos bom. Com o carro a 100% um “dia menos bom” significaria terminar a prova um bom bocado mais à frente e não foi isso que sucedeu.
Luís Rego Jr. e Jorge Henriques, em Skoda Fabia Evo, foram sétimos classificados, e vieram ao continente aprender. Ao correrem num tipo de piso muito diferente do que habitualmente encontram nos Açores, foram melhorando nas segundas passagens mostrando evolução. É saindo da zona de conforto que se evolui e esse papel cumpriram bem. Algo semelhante pode ser dito de Rafael Botelho e Rui Raimundo que no seu Skoda Fabia R5 foram oitavos da geral. Foram sétimos num dos troços, mas a bitola foi 9º/10º nas especiais.
A dupla espanhola José Olivares/Rodolfo Garcia levou o VW Polo GTI R5 ao nono lugar e a fechar o top 10 ficaram Vítor Ribeiro e Miguel Ramalho, num Citroën DS3 R5. Nada mau para quem só faz uma ou duas provas pro ano.
Na estreia com o Dacia Sandero R4 em pisos de terra, Gil Antunes e Diogo Correia foram 12º da geral e sextos do CPR numa prova em que andaram bem, batendo Diogo Salvi e Paulo Babo (Skoda Fabia R5) e Adruzilo Lopes/José Janela (Mitsubishi Lancer Evo IX) pro uma mão cheia de segundos.
Triunfo de Daniel Nunes nos 2WD
Grande luta teve lugar nas duas rodas motrizes. O triunfo acabou nas mãos de Daniel Nunes e Nuno Mota Ribeiro (Peugeot 208 R2) por apenas três segundos face à dupla açoriana Rúben e Estêvão Rodrigues, em carro igual. A liderança, que vinha do 1º dia dos ‘manos’ Rúben e Estevão Rodrigues foi defendida quase até ao final, mas, o melhor estava mesmo reservado para o fim, com Daniel Nunes e Nuno Mota Ribeiro a superarem-se e a conseguirem na derradeira classificativa anular a diferença que os separava, depois de triunfarem em três das quatro especiais realizadas. À entrada para a ‘Power Stage’ de Baião, a diferença cifrava-se em apenas 1,2 segundos e com um derradeiro esforço, Daniel Nunes venceu de forma clara, carimbando a vitória na classe com 3.2s de avanço. Ricardo Sousa e Luís Marques, também em Peugeot 208 R2, assistiram à luta a alguma distância, terminando a mais de 56 segundos dos vencedores. Com este resultado já são Campeões de Portugal Júnior de Ralis.
Desta forma, venceram também, logicamente, no Challenge R2&You.
No Campeonato Norte de Ralis o domínio foi também absoluto por parte de Lucas Simões e Simplício Gonçalves ao vencerem as quatro especiais da prova. No segundo posto ficaram José Gomes e André Gaspar, e em terceiro, Tiago Almeida e Bruno Azevedo. Vítor Pascoal e Ricardo Faria foram os mais velozes na prova extra que reuniu os concorrentes do agrupamento X5, deixando boas indicações com o Nissan Micra N5.
Apesar da ausência (oficial) de público, o Rali Terras D’Aboboreira correu bem, a prova recebeu elogios de todos os quadrantes, a escolha dos troços foi excelente, e esta é uma prova difícil, realizada em troços com uma história ‘brutal’ nos ralis em Portugal. Agora, dentro de duas semanas, se a pandemia deixar, o CPR decide-se no Algarve.
Classificação
1 Armindo Araújo Luís Ramalho SKODA FABIA R5 EVO 1:08:40.5 R5
2 Ricardo Teodosio José Teixeira SKODA FABIA R5 EVO 0:32.4 R5
3 Miguel Correia António Costa Skoda Fabia R5 0:59.7 R5
4 Bruno Magalhães Carlos Magalhães HYUNDAI i 20 R5 1:13.6 R5
5 Adrien Fourmaux Jamoul Renaud FORD FIESTA R5 MK II 1:41.7 R5
6 José Pedro Fontes Inês Ponte CITROEN C3 R5 2:06.7 R5
7 Luis Miguel Rego Jorge Henriques SKODA FABIA R5 EVO 2:21.8 R5
8 Rafael Botelho Rui Raimundo Skoda Fabia R5 3:34.7 R5
9 Jose Olivares Rodolfo Garcia VOLKSWAGEN POLO R5 3:48.9 R5
10 Vitor Ribeiro Miguel Ramalho Citroen DS3 VTI R5 4:46.6 R5
11 Juan Gonzalez Diego Eusebio FORD FIESTA R5 5:35.5 R5
12 Gil Antunes Diogo Correia DACIA SANDERO R4 6:26.5 R4Kit
13 Diogo Salvi Paulo Babo Skoda Fabia R5 6:47.5 R5
14 Adruzilo Lopes José Janela MITSUBISHI LANCER EVOLUTION IX 7:02.8 N
15 Daniel Nunes Nuno Mota Ribeiro PEUGEOT 208 VTI (R2B) 8:11.7 R2
16 Ruben Rodrigues Estêvão PEUGEOT 208 R2 8:14.9 R2
17 Ricardo Sousa Luís Marques PEUGEOT 208 VTI (R2B) 9:08.3 R2
18 Daniel Villaron Rodrigo Eusebio FORD FIESTA R5 MKII RALLY 2 10:46.1 R5
19 Ernesto Cunha Valter Cardoso PEUGEOT 208 RALLY 4 12:18.1 R2
20 Filipe Nogueira João Vieira Renault Clio R.S. R3T 14:44.5 R3
21 Luis Mota Alexandre Ramos MITSUBISHI LANCER EVOLUTION IX 15:21.2 N