Fórmula 1: Será a Porsche a ‘salvar’ a Red Bull?

Por a 16 Outubro 2020 15:51

A Red Bull está sem unidade de potência para 2022, estando a estudar todas as opções, mas e se a Porsche viesse salvar a equipa de Dietrich Mateschitz?

A saída da Honda da Fórmula 1 não foi uma surpresa, o facto de ter garantido a sua permanência na categoria apenas até ao fim de 2021 deixava antever que não havia certezas da parte dos homens do Japão quanto a continuidade.

O anúncio de há duas semanas foi apenas o concretizar das dúvidas criadas quanto à permanência do construtor nipónico.

A Red Bull encontra-se, assim, sem fornecedor de motores para o ano em que entrará em vigor o novo regulamento técnico, quando todas as equipas esperam dar um salto competitivo e, no caso da formação e Milton Keynes, passar a lutar por títulos, pelo menos, de igual para igual com a Mercedes.

A solução mais óbvia seria recorrer aos V6 turbohíbrido da Renault, que seria obrigado a ceder as suas unidades de potência, ao passo que a Mercedes já afirmou que não tem capacidade para fornecer uma quinta equipa e a Ferrari não se mostrou muito aberta a voltar colocar nos chassis da Red Bull os seus propulsores.

Contudo, os homens da formação da bandeira austríaca não parecem muito inclinados a regressar aos braços da sua antiga parceira gaulesa, dado considerar que numa posição de cliente dificilmente teria a possibilidade de lutar por títulos, uma vez que teria de adaptar os seus chassis a uma unidade de potência desenvolvida tendo em vista outro carro.

É por isso que a Red Bull está a equacionar ficar com os direitos intelectuais dos V6 turbohíbridos japoneses e passar ela própria a desenvolvê-los, até por que está previsto que a evolução dos actuais motores seja congelado nos próximos anos, o que não obrigará a custos astronómicos de pesquisa e desenvolvimento.

Mas se a Red Bull seguir este caminho, outra porta poder-se-á abrir – a de um outro construtor ficar com as unidades de potência que, originalmente, eram da Honda.

Instada a comentar pelo AutoSport a possibilidade de poder vender os direitos intelectuais das suas unidades de potência, directamente o indirectamente, a outro construtor automóvel os responsáveis nipónicos nunca a negaram apesar da nossa insistência, o que poderá indicar que essa é uma hipótese em cima da mesa para os japoneses.

Seguramente que Christian Horner e Helmut Marko já sondaram algumas marcas, dando-lhes conta da oportunidade que poderá estar no horizonte e dadas as ligações entre a Red Bull e o Grupo Volkswagen, uma marca deste conglomerado seria uma das opções mais óbvias.

Para além disso, recentemente Herbert Diess, o CEO do Grupo Volkswagen, afirmou que a categoria máxima do desporto automóvel é muito mais excitante a todos os níveis que a Fórmula E, onde o grupo tem duas marcas – a Audi e a Porsche – o que parece indicar que o maior construtor europeu está a considerar uma entrada a médio prazo no mundo dos Grandes Prémios. “Na minha opinião pessoal, deveríamos continuar com as corridas”, disse o alemão numa sessão transmitida pelo Linkedin. “A F1 tornar-se-á neutra em CO2, ao usar combustíveis sintéticos. É uma competição muito mais emocionante, divertida, disputada e técnica que a Fórmula E, que dá algumas voltas em centros de cidades em modo de jogo”.

Para adensar o argumento, o Grupo Volkswagen, através da Audi, é um dos construtores automóveis que mais tem investido nos combustíveis sintéticos – vulgos e-fuels – precisamente o tipo de comburente que a Fórmula 1 vai começar a introduzir no próximo ano até chegar aos 100% de combustíveis sintéticos, com o intuito de chegar à neutralidade carbónica em 2030.

Esta é uma tecnologia que entra em consonância com a estratégia do Grupo Volkswagen, dado que está a ganhar força para o futuro ao invés da mobilidade eléctrica.

Acresce ainda que, assim que a Honda anunciou o seu abandono, surgiram rumores na Alemanha quanto ao interesse da Porsche em ingressar na Fórmula 1, olhando para a Red Bull como parceira.

Recorde-se que a marca de Weissach esteve muito perto de ingressar na categoria máxima, tendo concebido um motor que deveria ser estreado no próximo ano, quando todo o projecto foi cancelado.

Ao adquirir os direitos intelectuais da Honda, ainda que através da Red Bull, a Porsche poderia preparar-se a baixo custo para as exigências da Fórmula 1 e criar uma relação com a formação de Milton Keynes para entrar em 2026, quando o novo regulamento de motores entra em vigor, podendo, ainda, influenciar de uma forma mais efectiva a construção do novo conjunto de regras para os motores.

Se a formação de bandeira austríaca conquistasse um título entre 2022 e 2025, beneficiaria ainda de toda a publicidade e, podendo ainda receber o crédito de ter feito aquilo que a Honda, muito provavelmente não conseguiu – dar um ceptro a Max Verstappen.

Veremos o que acontecerá até ao Verão do próximo ano…

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