F1: Um calendário mais interessante que o esperado
Não haverá uma pessoa no mundo que ache que esta pandemia está a ter um impacto positivo nas nossas vidas. Mas o calendário de F1 está a ganhar contornos bem mais interessantes do que inicialmente previsto.
O início desta pandemia fez-nos pensar em vários cenários que até fevereiro eram impensáveis, quer no nosso dia a dia quer no desporto. Na F1 assistimos à teimosia de um arranque que veio a ser uma falsa partida, seguida de muitas indefinições, que agora, aos poucos, vão sendo dissipadas. O calendário ganha forma e apesar das limitações, os fãs podem estar felizes com o resultado até agora.
Red Bull Ring foi o primeiro palco do ano e serviu duas corridas emocionantes cheias de ação. Um regresso em grande da F1. A prova húngara foi mais morna, mas a chuva da qualificação apimentou o sábado. Infelizmente no domingo Hamilton voltou a estar a um nível aparte mas np resto do pelotão assistimos a boas lutas. As primeiras três provas estão concluídas e o saldo é positivo.
Segue-se Silverstone, um terreno que costuma sorrir à Mercedes, mas certamente uma pista que agrada aos fãs pelo seu traçado e pela sua história. A jornada dupla no berço da F1 é também recebida com agrado.
A prova seguinte (se tudo correr pelo melhor) será na pista de Barelona, um traçado interessante e exigente mas que nem sempre produz boas corridas, dado o extenso conhecimento da pista por parte das equipas que tiveram duas semanas de testes na infraestrutura catalã.
A partir daqui, começamos a “desembrulhar” algumas prendas que este louco 2020 nos conseguiu ainda proporcionar. Spa é uma das pistas preferidas dos fãs e dos pilotos, e o mítico traçado belga é provavelmente um dos melhores do mundo para ver estes monolugares em todo o seu esplendor. Segue-se Monza, a catedral da velocidade, casa da Ferrari e também um dos palcos mais míticos da F1. São duas pistas que ajudam a definir a F1 e sem elas, o calendário perderia muito do seu valor.
Uma das boas novidades é a estreia de Mugello, uma pista fantástica, rápida, e que é uma grande adição ao calendário. Todos os que lá correram elogiam a pista e os pilotos do grid atual que conhecem o traçado italiano estão ansiosos por voltar.
Sochi é talvez a pista que menos entusiasmo provoque. Uma pista da era moderna, com muitas curvas lentas, muitas escapatórias e um traçado que não é o mais interessante do calendário. O cenário é certamente imponente mas falta tudo o resto e comparando com outras pistsa deste calendário, o nível de interesse é claramente inferior.
Segue-se Nurburgring, uma pista recheada de história e com um traçado bem conhecido de todos. Entre Hockenheim ( a primeira opção) e Nurburgring não há grandes diferenças ao nível da beleza do traçado e do potencial de proporcionarem boas corridas. Nurburgring é o palco escolhido e não nos podemos queixar.
Os pontos altos estão guardados para perto do final. A vinda da F1 ao AIA será um momento histórico para o desporto motorizado nacional e um prémio justo para a espectacular infraestrutura (e obviamente quem está à frente da mesma). Imaginar estes carros a enfrentarem o carrossel de Portimão provoca arrepios e quem tiver o privilégio de ver a prova da torre terá uma visão que certamente ficará marcada para sempre na memória. Sem querer apelar a nacionalismos desnecesários, mas o AIA é de facto um dos traçados mais interessantes do mundo, mais ainda quando falamos de pistas mais recentes, fugindo à filosofia “Tilke” (e ainda bem).
Outro momento arrepiante será o regresso da F1 a Imola, outro palco histórico, que há muito tentava regressar ao calendário do grande circo. O traçado é fantástico e a história da pista merece todo o respeito.
Das pistas inicialmente previstas no calendário é pena ver sair Zandvoort e Suzuka (esquecendo os traçados citadinos que este ano não são opção), mas quase que somos levados a pensar que estas “soluções de recurso” proporcionaram um calendário mais interessante que o inicialmente proposto. E outras soluções poderão ser encontradas que tornnem este calendário ainda melhor. Não é por falta de qualidade das pistas que a F1 não proporcionará grandes espectáculos.