F1: Sortudos e azarados

Por a 16 Julho 2020 16:30

O mercado de 2020 é claramente um dos mais estranhos dos últimos anos. A velocidade a que os acontecimentos vão surgindo é por vezes digna de uma qualificação. O resultado final é por vezes mais satisfatório para uns do que para outros.

O grid para 2021 começa a ganhar cada vez mais forma e com a confirmação da dupla de piloto da Williams para a próxima época falta apenas ver as movimentações da Alfa Romeo, Haas, Racing Point e Alpha Tauri.

A Mercedes já conformou Valtteri Bottas para 2021 o que significa que a dupla de pilotos deverá manter-se pois a renovação de Lewis Hamilton deverá ser apenas uma formalidade. Bottas consegue assim segurar o lugar mais um ano e consegue-o bem cedo na época, o que evitará que a pressão seja desmesurada. Bottas estava a ficar sem lugares interessantes disponíveis, mas com esta renovação pode focar-se a 100% no seu trabalho. Pessoalmente, a minha aposta teria recaído em George Russell, dando um ano ao piloto para se ambientar à sua nova equipa, ficando 100% preparado para a época 2022. A Mercedes apostou na continuidade o que faz de Bottas um dos sortudos deste ano, por manter este lugar tão desejado.

A Ferrari irá ter Charles Leclerc e Carlos Sainz, uma mudança já muito discutida. Sainz poderá entrar na lista dos azarados, pois a instabilidade que se vive na Scuderia poderá provocar ondas de choque, que se poderão sentir em 2021 e quem sabe em 2022. O espanhol dificilmente poderia dizer que não à Ferrari, mas não irá chegar no momento ideal e nem terá o carro ideal para a sua estreia de vermelho.

Red Bull tem confirmado Max Verstappen e falta conhecer o colega de equipa do holandês para o próximo ano. Alex Albon é favorito, por tudo o que já fez e pelo potencial que já demonstrou, mas Pierre Gasly está à espreita de uma oportunidade. Daniil Kvyat é o que apresenta a menor odd para subir novamente à Red Bull.

A McLaren terá Daniel Ricciardo e Lando Norris e uma equipa que terá dois dos pilotos mais acarinhados pelos fãs só se pode considerar sortuda. Além da boa disposição de ambos, Ricciardo dispensa apresentações e Lando Norris está a transformar-se num piloto de grande categoria. Junta-se a isso uma equipa cada vez mais confiante e capaz de enfrentar as adversidades. O futuro parece risinho.

A Renault também já fechou o seu alinhamento para 2021. Esteban Ocon é claramente aposta para o futuro e junta-se a ele Fernando Alonso. O tão comentado regresso do espanhol dá-se pela porta da equipa que o viu ser bi-campeão, numa jogada de mestre (mais uma) da equipa no mercado de pilotos. É certamente uma sorte para a Renault contar com Alonso do seu lado, ainda para mais com o espanhol já mentalizado que 2021 será um ano para “aquecer”. Mas se 2022 não der uma Renault mais competitiva, a sorte poderá tornar-se em dor de cabeça, pois Alonso não é conhecido pelo discurso politicamente correto, especialmente quando desagradado com o rumo dos acontecimentos.

A Racing Point tornou-se no centro das atenções, tornando-se no possível destino de Sebastian Vettel para 2021. A equipa tem contrato com Sérgio Pérez, mas talvez existam clausulas que facilitam a saída do mexicano. Lance Stroll seria a opção mais óbvia para sair, mas sendo filho do patrão, esse cenário torna-se bem mais longínquo. Assim, Pérez pode tornar-se no grande azarado de 2020, ficando impedido de representar uma grande marca, depois de todo o excelente trabalho que fez na Force India e na Racing Point. Será uma grande injustiça, quer pelo talento, quer pelo momento em que acontece.

Quem pode lucrar com a saída de Sérgio Pérez é a Alfa Romeo ou a Haas. A Alfa continua à espera da decisão de Kimi Raikkonen sobre o seu futuro mas se Pérez ficar livre, torna-se numa excelente opção para a equipa, quer pela parte financeira, quer pela parte do desempenho desportivo. António Giovinazzi não está garantido mas deverá manter o lugar. Também a Haas poderia lucrar muito com a entrada de Pérez, o que significaria a saída quase certa de Romain Grosjean que já no ano passado esteve na corda bamba. Kevin Magnussen é visto como um piloto com qualidade e a sua saída parece improvável. Sorte de quem ficar com Pérez e azar de quem perder o lugar.

A Alpha Tauri deverá manter a dupla, a não ser que Albon tenha um 2020 mau e então a equipa poderia ver a chegada do tailandês sendo Gasly a escolha mais provável para o lugar da Red Bull, com Kvyat a manter o lugar por mais um ano. Mas este cenário é, para já, improvável, e a Alpha Tauri tem sorte em ter dois pilotos com qualidade mais que suficiente para as ambições da equipa.

Por fim a Williams, que confirmou hoje George Russell e Nicolas Latifi para 2021. A equipa mantém o dinheiro da familia Latifi e o talento de Russell, num compromisso que certamente agrada à equipa. Russell teria a esperança de subir à Mercedes mas terá de esperar mais um pouco até ter a sua merecida hipótese numa equipa mais competitiva.

Para já este é o resumo do mercado mas uma vez que estamos em 2020… tudo pode acontecer ainda.

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