GP Estíria F1: Ambição de Sergio Pérez oferece ‘triunfo’ a Lando Norris
O Grande Prémio da Estíria marcou mais uma oportunidade perdida pela Racing Point, que viu Lando Norris ‘vencer’ a corrida do segundo pelotão ao aproveitar as dificuldades e a avidez dos homens da formação de Silverstone.
No Grande Prémio da Áustria a equipa de Lawrence Stroll ficou aquém do esperado, perdendo para a Ferrari, o que poderia ser esperado, e para a McLaren, ao passo que a Renault se mostrava também forte por comparação, mas via Daniel Ricciardo abandonar.
No entanto, uma semana passada e, sobretudo pelas mãos de Sérgio Pérez, começou-se a assistir ao tipo de performance esperada do RP20, um carro que tem fortes inspirações, para dizer o mínimo, no Mercedes W10, que no ano passado venceu ambos os campeonatos.
O mexicano foi mesmo o mais rápido na primeira sessão de treinos-livres do Grande Prémio da Estíria, cujo cenário era o mesmo do do Grande Prémio da Áustria, Red Bull Ring, uma estreia na história da Fórmula 1 – dois eventos consecutivos no mesmo circuito.
Porém, se no seco o carro de Silverstone era bastante competitivo, no molhado a situação alterou-se substancialmente, denotando dificuldades em aquecer os pneus de chuva, e com a qualificação a disputar-se com a pista muito molhada – a terceira sessão de treinos-livres foi cancelada devido ao mau tempo – Sérgio Perez e Lance Stroll sentiram muitas dificuldades, quedando-se o mexicano pelo décimo sétimo lugar da grelha de partida e o canadiano pelo décimo segundo.
As perspectivas para a corrida eram melhores, uma vez que a pista estaria seca e as temperaturas elevadas, tendo a vida de Pérez sido facilitada, quando os dois pilotos da Ferrari se tocaram.
Charles Leclerc, que arrancara de décimo quarto depois de ter sido penalizado com três lugares na grelha de partida por ter bloqueado Daniil Kvyat na Q2, lançou um ataque desesperado ao seu colega de equipa na Curva 4, e o choque entre os dois foi inevitável.
Com a asa traseira partida, Sebastian Vettel rumou às boxes para abandonar, ao passo que o monegasco montou uma nova asa dianteira, mas os danos no fundo plano eram demasiado extensos para continuar, desistindo na quarta volta.
Pérez ganhava duas posições com pouco esforço, mas a sua tarefa era ainda hercúlea, mas nem por isso baixava os braços.
Na terceira volta, o Safety-Car regressou às boxes, fora chamado para limpar os destroços dos Ferrari, e Pérez começou imediatamente a ganhar posições, subindo a décimo terceiro.
A superior velocidade de ponta do RP20 era instrumental para que o mexicano galgasse lugares e na sétima volta era já décimo primeiro.
A partir de então a recuperação do piloto da Racing Point era mais cadenciada, mas na décima quarta volta suplantava Norris, subindo a décimo ficando apenas com Carlos Sainz, Daniel Ricciardo, Lance Stroll e Pierre Gasly à sua frente na luta pela supremacia no segundo pelotão, desfeiteando o francês da AlphaTauri quando estavam completadas dezoito voltas.
Entretanto, já Esteban Ocon abandonara devido a problemas de sobreaquecimento, numa repetição dos problemas sofridos pelo seu colega de equipa na primeira prova da temporada.
Carlos Sainz deixava de ser uma factor aquando da sua paragem nas boxes, estavam cumpridas trinta e duas voltas, devido a uma troca de pneus demasiado longa, conseguindo ainda assim, terminar no nono posto com a volta mais rápida da corrida no bolso, graças a um jogo de borrachas frescas macias montadas a cinco passagens da bandeira de xadrez.
Contudo, depois de realizar a sua paragem nas boxes, Pérez tinha ainda de ultrapassar o piloto da McLaren, realizando uma manobra no fio da navalha, ao superiorizar-se ao espanhol por fora na rápida Curva 6.
Daniel Ricciardo iniciara a corrida com pneumáticos médios, para trocar por macios na trigésima sétima volta, e liderava o segundo pelotão, seguido pelos dois Racing Point após as paragens nas boxes.
No entanto, o Renault não se mostrava particularmente à-vontade com as borrachas macias da Pirelli, ficando sob mira dos Racing Point, que trocavam de posições, ficando claro que o mexicano tinha ritmo para ir muito mais além.
Ricciardo, em dificuldades com pneus foi uma presa fácil para Pérez, que ascendeu ao quinto lugar e à liderança do segundo pelotão. Porém, o piloto da Racing Point não se mostrava satisfeito e com Alex Albon no horizonte, o mexicano imprimiu um andamento fortíssimo, encostando ao Red Bull do tailandês.
O piloto da equipa de Milton Keynes não conseguia acompanhar os três primeiros, acabando por ficar exposto ao rapidíssimo Racing Point RP20 Mercedes de Pérez, mas conseguiu manter-se sempre ao abrigo de qualquer ataque do mexicano.
Só na última volta o homem de trinta anos conseguiu desferir um assalto ao quarto lugar, travando bastante tarde para passar por dentro o seu rival na Curva 4. No entanto, este conseguiu defender-se na saída, mantendo a sua posição com um toque pelo meio, ainda que normal no calor da luta, mas Pérez levou a pior, uma vez que a asa dianteira dos eu monolugar cedeu, obrigando-o a reduzir substancialmente o seu andamento.
Entretanto, atrás deste duo, Stroll tudo tentava para suplantar Ricciardo, e, na penúltima volta lançou um ataque arrojado ao australiano. Este teve recorrer à escapatória para evitar o contacto, acabando por ser Norris o grande ganhador, ao aproveitar a escaramuça para ascender a sétimo por troca com o piloto da Renault, que foi quem levou a pior, ficando ainda no escape do canadiano.
Na última volta, o jovem inglês, sentido a oportunidade de bater o piloto da Racing Point, desferiu um ataque mortífero, suplantando o seu rival na aproximação à Curva 4, depois de ter tentado ultrapassá-lo por fora na Curva 3.
Com Pérez a rodar a baixa velocidade, completou a sua última volta em 1m17,849s, o seu quinto lugar ficou em risco, tendo Norris continuado a atacar na tentativa de ascender ao comando do segundo pelotão, o que acabou por acontecer na entrada da última curva.
Uma semana depois de assegurar o seu primeiro pódio na Fórmula 1, Norris conquistou o quinto posto num fim-de-semana em que sofreu uma penalização de três lugares na grelha de partida por ter ultrapassado com bandeiras amarelas na primeira sessão de treinos-livres, alinhando na nona posição, e em que se queixou de dores, o que sublinha a sua performance do passado domingo.
Por seu lado, Pérez teve ainda de ter atenção a Stroll e a Ricciardo na aceleração para a bandeira de xadrez, tendo os três cruzado a linha de meta lado a lado e separados por 0,204s.
Num dia em que poderia ter triunfado facilmente, a ambição de ultrapassar um Red Bull, acabou por ser responsável pela sua derrota na luta do segundo pelotão.