Há plano, só falta arrancar
Numa altura em que a FPAK continua a reunir com os intervenientes das diversas disciplinas, o AutoSport teve acesso ao plano de contingência, e as medidas planeada são exigentes, mas permitem perfeitamente que os ‘motores’ se façam ouvir novamente a curto prazo.
Apesar da pandemia ainda estar numa fase em que o Governo e as autoridades de saúde não podem arriscar demasiado na abertura das competições desportivas, já começa a ser possível traçar planos de médio prazo, e nesse contexto a FPAK continua a fazer o seu trabalho de bastidores de modo a que seja possível o desporto motorizado recomeçar em Portugal. A federação tem reunido amiúde com os intervenientes das diversas disciplinas e nesse contexto já foi possível divulgar os primeiros calendários, que pode ver em baixo: “À semelhança daquilo que temos vindo a fazer, tivemos mais um conjunto de reuniões com os diversos intervenientes nas diversas disciplinas com vista a uma eventual retoma da atividade desportiva no curto prazo. Assim, desenvolveram-se reuniões com os intervenientes dos Campeonatos Regionais Ralis e com os organizadores das provas do Campeonato dos Açores de Ralis. Estão agora previstas reuniões com os intervenientes do Campeonato Portugal de Perícias, Campeonato Portugal de Drift e Campeonato Portugal de Arranques. Nas reuniões debateu-se o Plano de Contingência, como foi igualmente discutida a reorganização e redução dos calendários desportivos, a regulamentação, os apoios e os custos envolvidos”, revelou a FPAK.
As medidas apresentadas e propostas foram sendo validadas pelos intervenientes e assim que estiver concluído o planeamento, vai poder-se avançar para calendários definitivos, como se qualquer um início de época se tratasse.
Plano de contingência exigente
Numa altura em que já existe um plano para o recomeço da época motorizada em Portugal, ficámos a saber também que não há bela sem senão, e esse ‘senão’ surge em forma de diversas condicionantes. O verão está à porta e todos os que anseiam por ir dar um mergulho à praia já perceberam que este ano isso vai ser possível, mas com regras. Lotação nas praias, distanciamento entre grupos. Portanto, condicionantes. E será exatamente o mesmo nos ralis, como em todas as restantes competições e nesse âmbito, o Amândio Santos, da VMotores ouviu três presidentes de clubes, Nuno Loureiro (CAMI), António Sequeira (Escuderia Castelo Branco) e António Jorge (Clube Automóvel de Amarante), que disseram de sua justiça quanto ao que têm pela frente.
Para Nuno Loureiro (CAMI): “Temos que ver na pirâmide das necessidades, o espetáculo desportivo é completamente supérfluo, se corrermos o risco se passarmos imagens de grandes aglomerações a DGS acaba com isto é não é isso que nós queremos”, começou por dizer explicando o cuidado que os ‘motores’ têm que dar com a mensagem que vão passar: “Estamos a fazer provas não cativando público, mas vamos ter paciência, dar a volta, para tentarmos levar isto a bom porto e não correr o risco de não ter prova nenhuma. Julgo que a essência é essa, nós não podemos ter, apesar de ser algo completamente contra natura, temos que nos redimir às evidências e não cativar público” disse Nuno Loureiro que tocou também num ponto que é comum a todas as organizações: Como vão gerir a sua equipa nos dias de prova? “Não sei como vamos controlar, há situações muito difíceis, como por exemplo, se não puder colocar pessoas nos mesmo quartos, e o que significa isso em termos de orçamento. Como é que vou alimentar as pessoas? Estou muito preocupado como é que vou colocar a prova no terreno. É uma situação tão adversa que nós precisamos de saber é como é que nós vamos trabalhar com todos os voluntários, logisticamente dar a volta a isto. Tenho dado voltas à cabeça e esse é o meu maior drama. A situação do publico, é desagradável, é contra a nossa essência, mas eu julgo que é melhor assim do que não ter”, disse Nuno Loureiro (CAMI).
Já António Sequeira, Presidente da Escuderia Castelo Branco entende que “nesta altura não vale a pena fazer críticas aquilo que está definido e estruturado. Obviamente a federação tentou encontrar uma possibilidade para que nos pudéssemos realizar as provas, e mesmo sabendo que o próprio Ni Amorim se mostrou constrangido com algumas propostas, nós sabemos que se elas não acontecessem desta forma poderíamos ter outro tipo de resposta, porque os governantes estão um pouco afastados do conhecimento do que é um rali, uma baja o ralicross, e é preciso incutir aos governantes, aos decisores, o que nós valemos em termos de economia e em termos de turismo, porque os nossos ralis são uma boa fonte de receita para os concelhos onde eles são feitos sem ter o perigo das multidões.
Eu compreendo que os próprios autarcas não estão à vontade nesta situação, e na minha região em que não houve números de casos particularmente graves desta pandemia não se quer correr o risco com um evento que isso venha a acontecer.
Temos que ser pragmáticos, para o ano é ano de eleições, temos que perceber o que está em causa, mas também queremos que as nossas regiões lutem e vão para a frente. Hoje não é possível fazer isto na plenitude. Este ano de 2020 vai ficar para a história, mas temos que trabalhar muito para dar confiança. Esta é uma oportunidade que temos de mostrar aos nossos governantes o que isto pode representar de retorno económico para as nossas regiões, na responsabilidade que temos no turismo inter-regiões. Temos que fazer isto de maneira a que a federação saia disto com uma força acrescida e também trabalhar muito para que aquilo que vamos perder em público ganhar em visibilidade pois isto não é só o Rali de Portugal, nós também trabalhamos muito para alimentar este público”, explicou.
Por fim, António Jorge, Presidente do Clube Automóvel de Amarante, destaca que “há aqui uma indefinição muito grande, eu espero que as provas aconteçam, se o Rali de Castelo Branco vier para a estrada na data que está previsto é importantíssimo que aconteça, e isso é o mais importante. Todos os condicionalismos que estão ou poderão vir a ser colocados, temos que estar preparados para fazer ralis de acordo com aquilo que é preciso fazer”.
Ralis com menos troços e passagens múltiplas
Já são conhecidas algumas novidades quanto à estrutura de três provas do Campeonato de Portugal de Ralis, sendo que neste momento ainda não há calendário. Acredita-se que qualquer dos três eventos vão estar no calendário, Rali de Castelo Branco, Rali Terras d’Aboboreira e Rali Alto Tâmega, mas isso vai depender até mais da FIA do que da FPAK, já que o Rali dos Açores tem prioridade em termos de marcação.
Continua a subsistir a dúvida que o Europeu de Ralis se realize, e se isso não acontecer, dificilmente haverá Rali dos Açores, já que o Grupo Desportivo Comercial não deverá colocar uma prova na estrada se esta puder apenas contar para o CPR.
Mas isso é uma situação que para já não se coloca, pois temos que esperar primeiro pelas decisões da FIA, depois a seu tempo saber-se-á o que vai acontecer ao Rali dos Açores.
António Jorge, Presidente do Clube Automóvel de Amarante revelou que tem cinco versões delineadas do Rali Terras d’ Aboboreira: “Se vier a acontecer, terá diferenças. Cada ano temos feito um rali novo, em 2018 foi em terra, o ano passado, 2019 em asfalto, asfalto, este ano de 2020 será completamente novo. A sede será em Marco de Canaveses, e terá três troços diferentes. Podemos ter quatro ou cinco, isso é uma questão daquilo que tiver que ser quando soubermos mais do que sabemos agora. O troço da Aboboreira terá 16 Km, Baião Vida Natural, com 10.4 Km e Amarante 23 Km. No sábado, começa-se com Aboboreira, Baião, novamente Aboboreira, um reagrupamento em Marco Canaveses, e na parte da tarde, disputamos o troço de Amarante, vamos novamente a Baião Vida Natural e novamente Amarante, onde termina”, disse António Jorge.
Já António Sequeira, Presidente da Escuderia Castelo Branco revelou que o rali será sábado e domingo, terá quatro troços diferentes, algo que pode ser adaptado se daqui até 15 de junho houver alterações nas diretrizes da DGS. Se assim for, iremos adaptar. Temos aqui algumas incógnitas, que passam pelo levantamento ou não das fronteiras, pois podemos contar com concorrentes vindos de Espanha”, disse.
Por fim, Nuno Loureiro (CAMI), vai colocar na estrada um rali que tinha sido previsto inicialmente passar por seis municípios: “não vamos conseguir passar pelo municípios todos, houve que fazer ajustes, tivemos que encurtar quilómetros. Será um rali de dois dias, sábado e domingo, quatro troços, assistência em Chaves, provavelmente no aeródromo Chaves onde será mais fácil controlar as entradas e aglomeração.
Super especial não vamos fazer, mas há duas questões que nos estão a preocupar: A Peugeot Rally Cup Ibérica tem previsto iniciar-se em Castelo Branco, e também a Copa Suzuki, e isso está a preocupar-nos porque não sabemos como vai ser a abertura das fronteiras. É uma incógnita para nós. Tínhamos prevista a data de 4/6 setembro, mas por causa do Rali dos Açores, que é uma prova FIA, a FPAK pediu-nos para antecipar para o último fim de semana de agosto, 29/30 agosto, o que não é uma data favorável, devido aglomeração pessoas, pois há ainda muitos emigrantes nessa altura. Mas vamos fazer e vai ser um sucesso, cá estamos para a luta”, concluiu.
Karting/Off Road e Velocidade à “porta fechada”
Paralelamente, já se percebeu que vai ser possível a realização de provas de Karting/Off Road e Velocidade, mas à “porta fechada”. Ou seja, todas estas competições poderão ser disputadas à porta fechada sendo que os organizadores não deverão ter público ou como alternativa, ter zonas com fortes limitações do número de pessoas, e onde estas existirem terão de ser vigiadas por elementos das forças policiais. São obrigadas a usar máscaras e ou/viseiras, portanto seguir as normas de segurança que forem impostas pela DGS. No paddock e boxes só podem aceder elementos autorizados, tem que haver sempre distanciamento social e sempre que possível as provas devem ser transmitidas em direto, possivelmente na internet.
FPAK divulgou calendários
A FPAK divulgou calendários do Campeonato de Portugal de Karting, Troféu Rotax, Campeonato de Portugal de Ralicross, Campeonato dos Açores de Ralis, Campeonato da Madeira de Ralis e Troféu Regional de Rampas AMAK, que para já ainda estão à necessária autorização por parte das Autoridades de Saúde para a realização de competições de automobilismo e karting. Sem essa autorização as competições não podem ir em frente, se bem que não sejam esperadas ‘negas’. Tudo o resto, como se percebe, está em ‘stand by’ e a ser alinhavado. O primeiro fim de semana previsto para haver provas é o de 4 e 5 de julho, estando agendado o Troféu Rotax em Viana do Castelo, e também, oficiosamente, o Rali de Castelo Branco.
CALENDÁRIOS
Campeonato dos Açores de Ralis
11 e 12 de Julho – Além Mar Rali Ilha Azul
15 e 16 de Agosto – Rallye Além Mar Santa Maria
19 e 20 de Setembro – Azores Rallye
17 e 18 de Outubro – Pico Rali
6 e 7 de Novembro – Além Mar Rali
27 e 28 de Novembro – Rali Além Mar/ Ilha Lilás
Campeonato da Madeira de Ralis
17 e 18 de Julho – Rali da Calheta
6 a 8 de Agosto – Rali Vinho da Madeira
25 e 26 de Setembro – Rali da Ribeira Brava
16 e 17 de Outubro – Rali de Santana
13 e 14 de Novembro – Rali Município de São Vicente
Campeonato de Portugal de Karting
25 e 26 de Julho – Circuito de Viana do Castelo
19 e 20 de Setembro – Circuito de Portimão
17 e 18 de Outubro – Circuito de Braga
14 e 15 de Novembro – Circuito de Baltar
Taça de Portugal de Karting
5 e 6 de Dezembro Circuito do Bombarral
Troféu Rotax
4 e 5 de Julho – Viana do Castelo
29 e 30 de Agosto – Braga
3 e 4 de Outubro – Baltar
31 Outubro e 1 de Novembro – Braga
Campeonato de Portugal de Ralicross
11 e 12 de Julho – Circuito Lousada 1
1 e 2 de Agosto – 54º Ralicross de Castelo Branco
5 e 6 de Setembro – Ralicross Verde Horizonte 1
26 e 27 de Setembro – Ralicross Montalegre 1
14 e 15 de Novembro – 47º Ralicross Sever do Vouga 2
Troféu Regional de Rampas AMAK
5 de Setembro – Rampa Regional do Monte
2 e 3 de Outubro – Rampa Regional do Porto Moniz
24 de Outubro – Rampa Regional Santacruzense
6 e 7 de Novembro – Rampa Regional da Ribeira Brava
27 e 28 de Novembro – Rampa Regional do Paul do Mar