Começa a haver luz ao fundo do túnel
Foram significativos os desenvolvimentos que tiveram lugar esta semana, já que se ficou a saber que em breve haverá novidades sobre as condições da retoma competitiva de todas as modalidades desportivas em Portugal, sendo que no desporto motorizado internacional o cenário não é diferente.
O Mundo Motorizado começa a ver a pouco a pouco a luz ao fundo do túnel, estando cada vez mais perto o momento em que vai ser possível planear o que ainda podemos ter em 2020. Desde que as coisas não deem uma volta de 180º, parece ser possível começar a ouvir os motores em junho, ou num cenário menos otimista, julho. A FPAK veio a público na passada semana informar que o Automobilismo e Karting continua suspenso em termos competitivos, até 31 de maio, mas vai haver em breve desenvolvimentos, pois o Governo e as autoridades de saúde, vão dar um parecer concreto. Neste momento, a prática desportiva individual ao ar livre é permitida de acordo com a resolução do Conselho de Ministros nº 33-A/2020 de 30 de abril. O Artigo 16º estabelece as condições e o contexto para a realização da mesma. Todos os pilotos que assim o entenderem, podem, mediante as condições referidas, dar início ao seu plano de treinos. Para já é o que há a dizer, sendo que o detalhe das medidas está na resolução publicada no Diário da República.
O AutoSport sabe que decorre um processo em que a FPAK reuniu ou irá reunir com os Associados e Licenciados para avaliar a atual situação e planear a retoma numa perspetiva a curto e médio prazo.
Em termos internacionais a FIA já veio a público ‘pedir’ para que as diversas competições não se envolvam em ‘guerra’ pelos calendários. A F1, o Campeonato do Mundo de Ralis (WRC), o Campeonato do Mundo de Resistência (FIA WEC) e outras séries nacionais e intercontinentais vão ter de arranjar soluções para a realização das suas provas, em princípio, na segunda metade de 2020, o que pode levar a uma sobreposição de eventos e confrontos na programação televisiva. Para Graham Stoker, da FIA: “É crucial que se dê prioridade à realização de eventos. Não podemos entrar em ‘guerras’, em disputas para saber quem tem prioridade. Essa abordagem não vai resultar. A prioridade é apenas que o desporto motorizado (re)comece e se isso implicar “super fins de semana”, com múltiplos eventos a decorrer, porque não?”
A Fórmula 1 ainda não começou a sua época, mas espera conseguir realizar 15 a 18 corridas entre julho e dezembro, começando na Áustria e acabando em Abu Dhabi. As 24h de Le Mans, evento tradicional do mês de junho, já foi mudado para 19 e 20 de setembro.
Na F1, Chase Carey revelou que o calendário final poderá ter corridas em pistas que não estavam anteriormente contempladas. Locais como Imola, Hockenheim e Portimão estão na lista, mas como é lógico a prioridade é dos detentores dos 22 contratos para fazer corridas em 2020. Desses, as corridas da Austrália, Mónaco e Paul Ricard já foram definitivamente canceladas. Há portanto 19 localizações em aberto, e dessas há alguns altamente improváveis. Spa-Francorchamps, por exemplo. Uma corrida em Monza ou em Barcelona, como estão atualmente os países também não será fácil de suceder. No calendário que surgiu como rumor, recentemente, constam a Áustria, Grã-Bretanha, Hungria, Azerbaijão, Singapura, Rússia, China, Japão, EUA, México, Brasil, Vietname, Bahrein e Abu Dhabi. Parece um percurso lógico, mas como bem se sabe, há ainda demasiadas incógnitas nesta equação.
“Temos vindo a trabalhar e estamos empenhados com os nossos promotores na elaboração de um calendário de corridas para 2020 onde temos dois desafios principais: identificar locais onde podemos realizar as corridas e determinar como transportar todos e tudo o que é necessário para esses locais. É também verdade que estamos em discussão com os nossos promotores, bem como com algumas pistas que não constam atualmente do calendário para 2020, para garantir que exploramos todas as opções. O nosso objetivo é arrancar a temporada no fim-de-semana de 4 a 5 de julho na Áustria, e é provável que corramos no fim-de-semana de 11 a 12 de julho também na Áustria. De resto, prevemos ter corridas europeias até ao início de setembro, incluindo a tradicional pausa de agosto, depois planeamos correr na Eurásia, Ásia, Américas, em setembro, outubro e novembro, antes de terminarmos no Golfo, no Bahrein e Abu Dhabi, já em dezembro. Com tudo isto, esperamos ter um calendário entre 15 a 18 corridas. As primeiras serão disputadas sem adeptos, mas na segunda parte do ano já esperamos tê-los nas bancadas” disse Chase Carey, que para já descarta prolongar o campeonato para 2021, mas assegura que essa é uma possibilidade, se necessária: “O nosso objetivo é terminar algumas semanas mais tarde do que a nossa data original, mas terminar em meados de dezembro, antes das férias”.
Velocidade: ANPAC mostra confiança no futuro
A ANPAC – Associação Nacional de Pilotos de Automóveis Clássicos afirmou hoje em comunicado que conta regressar às pistas este ano.
A decisão de permitir o regresso do desporto automóvel em Portugal dependerá sempre da evolução da pandemia de Covid-19 e das deliberações da DGS e do Governo, mas os responsáveis da ANPAC, em articulação com a FPAK, continuam a trabalhar nos bastidores para que se possa realizar o máximo possível de provas em 2020. No entanto a ANPAC acredita que, apesar de este ser um tempo de crise e de profunda reflexão, a readaptação necessária para que as competições voltem, poderá trazer novas oportunidades. Paulo Miguel referiu isso mesmo:
“Estamos a preparar vários cenários para um eventual regresso, incluindo se necessário a reformulação dos regulamentos. Há muita vontade dos pilotos em regressarem às pistas, mas também temos de perceber que nada será como dantes e que há diversos concorrentes a atravessar um dos momentos mais difíceis das suas vidas, nas suas profissões e nas suas empresas. Por outro lado, nunca como agora os adeptos estiveram tão atentos aos desenvolvimentos que vão sendo anunciados online. As empresas e os patrocinadores terão aqui uma plataforma de exposição das suas marcas ainda maior, quer em termos de visualizações online quer no alcance que atingem. Teremos todos que nos readaptar, vamos ter de minimizar os riscos nos paddocks e nos circuitos, mas penso que há boas hipóteses de voltarmos a ter automobilismo de Velocidade em 2020”, afirmou Paulo Miguel, que também confirmou que a ANPAC tem debatido cenários para a época de 2021.
Fórmula E ‘abandona’ época se não correr até setembro
A atual época de Fórmula E será cancelada caso não se realize mais nenhuma corrida até setembro. A razão é simples: Os responsáveis da competição não querem afetar a época seguinte, que como se sabe passa a Campeonato do Mundo e está pevista arrancar em dezembro. Os mais recentes cancelamentos tiveram lugar com as corridas de Nova Iorque e Londres, agendados para julho.
É intenção dos responsáveis da competição disputar mais corridas nesta temporada de 2019/2020, com eventos à porta fechada e realizados em circuitos permanentes – o Autódromo Internacional do Algarve é um sério candidato a uma corrida – mas o que for conseguido, e que deve ser anunciado brevemente, não irá para lá de setembro: “Se não pudermos correr em agosto e setembro, acho que não vamos correr para além disso. Vamos claramente sacrificar a época [atual] para começar a correr [para a época 2020-21] em dezembro. Mesmo com todos os pontos de interrogação e toda a incerteza, penso que é muito improvável que não consigamos fazer mais uma corrida. Penso que conseguiremos talvez mais duas a quatro corridas, ou seja, provavelmente dois fins de semana duplos e talvez um pouco mais. Se o fizermos, estamos bem”, disse Alejandro Agag, CEO da Fórmula E. Recorde que com cinco eventos disputado, António Félix da Costa lidera a competição com nove pontos de avanço para Mitch Evans.
DTM a passar por dias muito difíceis
O anúncio da saída da Audi do DTM no final de 2020 – sem se saber o que se poderá correr ainda em 2020 – colocou uma nuvem ainda mais negra sobre o futuro a curto prazo da competição, e existem receios crescentes sobre a viabilidade do campeonato alemão de carros de turismo.
O antigo piloto de F1, Gerhard Berger que dirige a série, admite ter ficado chocado com a súbita decisão da Audi de sair no final de 2020, o que deixará o DTM apenas com um fabricante de automóveis, a BMW: “Estes são dias muito difíceis para nós”, disse Berger. “Como se pode calcular, estamos neste momento a levar a cabo muitas conversas nos bastidores, e se já não seria fácil discutir o que fazer ainda em 2020, Berger também tem que olhar para 2021: “Temos de esclarecer essa questão com todos os envolvidos e vai certamente demorar algum tempo”, disse Berger, que no meio da pandemia, juntamente com a sua equipa está a fazer “tudo o que é possível” para “colocar os carros de volta à pista o mais depressa possível. Espero que ainda possamos ter grandes corridas na segunda metade desta temporada”, concluiu.
WRC: Rali da Finlândia pode passar para setembro
A FIA e o Promotor do WRC continuam a monitorizar ativamente a situação mundial e individual de cada um dos países pertencentes ao WRC no que ao Covid-19 diz respeito, sendo por isso possível fazer um ponto de situação relativo às provas de 2020.
Como se sabe, o Rali da Argentina foi adiado, a fronteiras do país continuam fechadas e existe quarentena obrigatória aos habitantes do país. Restrições governamentais significam que qualquer data reprogramada não é possível até, pelo menos ao quarto trimestre de 2020.
O Rali de Portugal foi, como se sabe, cancelado para 2020, o Rali da Sardenha foi adiado, o país permanece em Estado de emergência, a circulação de e para a Sardenha está restringida e o acesso às famílias é permitido desde 4 de maio. Haverá uma ligeiro alívio das restrições a partir de 1 de junho.
Quanto ao Rali Safari, o planeamento continua, o governo pretende levar o máximo tempo possível para avaliar a oportunidade de realizar a prova, e neste momento as fronteiras fecharam 30 dias. Nenhum estrangeiro é autorizado a entrar no país e haverá uma atualização do governo em 15 de maio, que coincide com a decisão do movimento de frete marítimo.
No Rali da Finlândia, o planeamento da prova continua, as reuniões em massa estão proibidas até o final de julho, a circulação dentro e fora do espaço Schengen está restrita e a reavaliação do status do evento será feita em junho. O adiamento da prova para setembro/outubro está a ser considerado.
No Rali da Nova Zelândia o planeamento também continua, as fronteiras estão fechadas, a reavaliação do status do evento será feito no final de maio, mas a recente decisão da anulação do Campeonato da Nova Zelândia de ralis não são boas notícias para a prova do WRC, que pode seguir o mesmo caminho, numa país que não está a facilitar ao mínimo a luta contra a pandemia.
No Rali da Turquia, o planeamento da prova continua, há um bloqueio limitado, mas apenas nas principais cidades, o transporte de e para Itália é restrito. Nos rali da Alemanha, Gales/Grã-Bretanha e Japão o planeamento continua, pois é demasiado cedo para resoluções, sendo preferível esperar pelo avanço da pandemia, até ser necessário tomar decisões quanto a essas provas.