O mundo de aventuras de André Lavadinho

Por a 3 Maio 2020 14:49

André Lavadinho e a ‘sua’ @World andam há mais de uma década a oferecer-nos das melhores imagens que poderiam ser feitas no WRC, e não só, mas o seu caminho já se faz há muito mais tempo, desde que começou a acompanhar o seu pai, o João. Fique a conhecer a história e o percurso de um dos mais destacados fotógrafos lusos no Motorsport.

Conheci o André há muitos anos quando era um ‘puto’ que quase andava ainda ao colo da mãe. Nessa altura, estava muitas muitas vezes com o pai, o João Lavadinho, pois era uma altura em que os jornalistas tinham tempo de ir ver ralis aos troços, pois não só não havia o imediatismo da internet, como existiam redações com gente suficiente para que o trabalho se fizesse com mais calma.

O mundo acelerou à velocidade da internet e do obturador das Canon e Nikon, e o André cresceu e um dia passou as fronteiras deste cantinho à beira mar plantado que é Portugal, e fez-se à vida. Uma década depois, está bem inserido no meio em que trabalha, tendo deixado de ser ‘apenas’ um fotógrafo, para se tornar num líder duma estrutura que trabalha a vários níveis no Motorsport.

Marketing, Ralis, velocidade, TT, só ainda não o vimos Fórmula 1.

A paixão que o André tem por este ‘mundo’ dos motores foi bem cedo passada pelo pai, o João, e por isso não foi de estranhar que bem cedo também o tenhamos visto de máquina em punho a ajudar o pai no seu trabalho, inclusivamente para o AutoSport.

Nunca hei-de esquecer num dia, num rali da Promoção em Murça, tal para aí 2006 ou 2007, numa prova em que o município tinha feito uma super especial nova perto da vila, cá de cima via-se que um Mitsubishi tinha capotado. Para aí uma meia hora depois, tinha ao pé de mim o jovem André a ‘tentar’ dizer-me que tinha conseguido a sequência de fotos. Mas para um jovem tão novo, e para quem o conhece, com o nervosismo da situação, a ‘coisa’ não foi fácil. Já nessa altura se percebia a forma como o André Lavadinho ‘vivia’ aquilo tudo e o sucesso que tem hoje em dia ao mais alto nível no WRC não surgiu por acaso. É fruto de muito trabalho e muita paixão.

Não merecem nada menos que grande respeito os profissionais como o André, e há felizmente muitos em Portugal, que dignificam a arte da fotografia no Motorsport, juntando-lhe uma paixão que só os portugueses têm de sobra.

Apesar de em muitos casos e em várias latitudes, os fotógrafos serem menos considerados que os jornalistas, uma espécie de jornalistas de segunda, não há nada de mais errado, pois sendo verdade que a palavra escrita pode apaixonar, se for boa, uma boa fotografia fá-lo bem mais depressa, e a paixão pelo desporto motorizado em Portugal não seria tão forte se não houvesse, desde sempre, tão bons fotógrafos.

E não é preciso enumerá-los. Todos sabem bem quem são. Voltando ao André, vamos com ele recordar algumas etapas do que tem sido o seu caminho.

André. Faz um pequeno exercício. Onde estavas e o que fazias há 20 anos? Conta-nos o teu percurso. Faz-nos um balanço do que tem sido a tua vida, que mudou tanto ao longo do tempo. Como cresceu a tua empresa, e o que é preciso trabalhar para chegar tão longe…

“Há 20 anos atrás, tinha 12 anos e já estava certamente com uma máquina na mão! Lembro-me perfeitamente de ir ao Rali de Portugal e estar no salto de Fafe (ainda sem acreditação claro) a ver o meu pai a fotografar o Richard Burns que venceu nesse ano, mas também já conseguia fotografar os carros no ar com uma Canon EOS 1V, se não estou em erro!

Lembro-me de ir com os meus pais fazer uma especial ou uma corrida de velocidade e no final do dia, deslocarmos-nos a um shopping um loja de fotografia e esperarmos horas para revelar todas as mesmas para os clientes, jornais e revistas. Apesar de as fotografias não saírem como agora, no mesmo segundo para um telemóvel ou cliente, sempre aprendi que devíamos estar sempre um passo à frente em termos de rapidez! Lembro-me também de ir todos os fins-de-semana ao aeroporto ou a uma estação de camionagem enviar as fotografias para o Jornal Autosport! Para as mesmas chegarem a tempo da impressão do Jornal!

Ha 10 anos, com 22 anos já tinha completado dois anos da minha internacionalização como carreira de fotógrafo profissional.

Nesses primeiros dois anos, foi sem dúvida um desafio enorme para mim pois ia aos ralis sozinho ou com família e amigos que me ajudavam neste meu percurso e me diziam para nunca desistir ao ponto de serem mesmo exigentes comigo para que eu nunca baixasse os braços.

Mas rapidamente me consegui adaptar à realidade da altura com uma concorrência enorme já com muitos anos de carreira.

No ano de 2010, já estava a trabalhar por minha conta abrindo nesse ano (se não estou em erro) a @World conseguindo alguns clientes no WRC, IRC, Vários Campeonatos de Circuitos e sempre com o sonho e objetivo de dia a dia conseguir inovar e ter mais clientes que me obrigasse assim, a aumentar o número de fotógrafos da minha empresa, o tal objetivo de expansão.

Dia a dia, após km e km de estrada e horas e horas de trabalho, quando me sentia cansado só pensava nas três coisas essenciais naquele tempo: Inovar/quantidade e qualidade/deixar que a progressão diária falasse por mim.

Agora, um resumo de como estás hoje em dia, o que fazem, e já fizeram (Dakar, etc.) quantos são, onde queres chegar se possível.

2020, é um ano que olho para trás, e tento melhor com os meus erros dia a dia. Só assim iremos conseguir evoluir mais e mais.

Neste momento, alem de mim somos 14 fotógrafos a nível mundial na @World.

Além disso, como sentia que me faltava algo e não consigo estar parado, abri ha 2 anos a nossa agência além da @world chamada, @22 que oferece serviços de design, comunicação, gestão de redes sociais, estatísticas, vídeo, entre outros!

Nesta empresa, contamos com três designers, marketeers e comunicação e também com um foco enorme no futuro das redes sociais, para mim um dos maiores meios de comunicação do momento fazendo assim a gestão de redes sociais dos clientes que assim alcançam muito mais o público em geral e sponsors, clientes etc.

Fiz esta junção de empresas pois senti que estava na hora de evoluir e inovar alem da fotografia e assim conciliámos as duas empresas já em vários campeonatos como WRC, ERC, TCR, PureETCR, WTCR, F1, Fórmula E, Dakar, entre outros. Por exemplo 90% do conteúdo de imagem e design do WRC Promoter está por conta da @22 e a @World é a agência oficial do campeonato há vários anos. Mais não vos posso contar (risos)… só sei que não consigo estar parado nem baixar os braços. Nesta nova era, o ser humano tem uma capacidade enorme de adaptação, e cá estaremos para nos adaptarmos dia a dia à nova realidade.

Como é que um jovem de 20 anos de uma país pequeno e periférico se afirma num meio ‘Mundial’ como tu fizeste? Qual foi o segredo. Aposto que vais dizer trabalho, mas fizeste muito mais do que isso. Conta-nos os pequenos passos iniciais que levaram mais tarde a grandes saltos…

Em criança já tinha este sonho que mais tarde se tornou num objetivo muito claro para mim. Um país pequeno por vezes até ajuda, torna-nos mais humildes e pessoas mais ‘guerreiras’. O trabalho e mais trabalho foi 1% de tudo o que fiz para criar as minhas duas empresas. Ser líder de mim mesmo, colocar-me à prova dia a dia com o meu trabalho e tentar ser sempre o melhor, fez com que conseguisse as armas necessárias para evoluir.

O mais difícil foi mesmo ser um alvo, quando comecei a ir para fora mas também me ensinou a lidar com isso e descobrir como combater isso na minha forma de pensar. Gosto muito de ajudar toda a minha equipa, somos como amigos e não como meus funcionários, isso torna o dia a dia muito mais ‘divertido’ em vez de ‘maçador’. Às vezes tive que recuar com pequenos erros, para aprender a dar ‘grandes saltos’.

Nenhum início é fácil. Se fosse fácil não teria piada e certamente eu não estava onde agora estou sempre junto da minha grande e profissional equipa de fotógrafos, designers, videografos, marketeers, entre todos os que me apoiam dia a dia.

Quem era o teu ídolo entre os pilotos quando eras puto?

Sempre foi o Carlos Sainz. A partir dos meus 4 anos, fui à maioria dos testes do Carlos e Luis Moya quando vinham ao Norte do País. Passei grandes noites com eles na Pousada de Guimarães a ouvi-los falar do carro, das técnicas e histórias! Ainda me lembro de algumas! Uma vez, estava com eles na sala e começou a nevar muito na PEC que iam andar no dia seguinte. E pneus de neve? Teste cancelado!

Qual foi o teu primeiro rali do Mundial fora de Portugal?

Foi o Rali da Alemanha em 2008. Fui com o meu pai e com o Aloísio Monteiro. A melhor historia foi que nos enganamos numa saída para uma especial pois achamos que Aushfart era uma aldeia (risos). Nunca me hei-de esquecer! Obrigado aos dois pela grande oportunidade que me deram nesse e outros ralis!

Quantos ralis já tens, sabes? O Martin Holmes tem 526…

Não faço a mínima ideia mas devo ter uns 130 do WRC fora os outros eventos todos! Fim de semana a fim de semana neste momento as minhas empresas tem uma média de 3/4 eventos por todo o mundo logo… perdi a conta!

Qual é a parte mais difícil da tua vida profissional? As viagens devem ser uma seca…

Os aeroportos e andar de avião! Assumo que é das poucas coisas que tenho receio de entrar é num avião… A parte mais difícil é sem duvida alguma a logística onde tenho 2/3 amigos que me ajudam na mesma senão sozinho não conseguia.

Qual é a parte mais complicada desta logística?

Certamente a marcação de voos, rent a car e hotéis para toda a equipa. Tudo o resto, com alguma organização torna-se mais fácil.

Em que país é que se come melhor?

Adoro o México. Venho de la sempre com saudades de voltar no ano seguinte. A comida é única, com sabores únicos. Por exemplo, fajitas, nachos e a cerveja é fantástica. Não sou fã de cerveja mas no México peço uma por noite sempre ao jantar (risos). E os espaços de restauração são diferentes. Cheios de cor!

Já apanhaste algum susto num rali? Quando? Com quem?

Já sim o maior susto de sempre… Armindo Araújo no shakedown do Rali de Portugal de 2007 com o Mitsubishi Lancer WRC. O meu pai colocou-me num ângulo e avisou-me: Nunca te coloques em baixo neste salto, fica sempre de pé. Penso que foi isso que me safou a vida pois consegui atirar-me para o lado direito e o carro do Armindo ainda me acertou num joelho mas sem consequências, enquanto todas as outras pessoas que estavam com os joelhos no chão, levaram com o carro. Curiosamente, no estrangeiro nunca apanhei nenhum susto…

Sabemos que um fotógrafo de ralis tem muitas vezes sacrifícios pela frente para tirar a fotografia ideal, qual foi a coisa mais estranha que já fizeste por uma fotografia?

A maior sacrificio de um fotografo, caso ele goste do que faz, é mesmo e só pensar na inovação. A coisa mais estranha que fiz por uma fotografia foi no meu primeiro Dakar quando estava no helicóptero e começou a chover torrencialmente e vi um sítio espetacular e previa que todos os pilotos de Motos iam ter as suas dificuldades em passar aquela zona. Quando pedi ao piloto para aterrar, ele conseguiu aterrar mas na água! E depois como saí do helicóptero?!… acho que estão a imaginar (risos)!

Qual a coisa mais estranha que pediste a um piloto?

A coisa mais estranha, foi pedir ao Nicolas Vouilloz num teste para fazer um salto a fundo para ser capa de revista. E não é que ele fez e apos o salto destruiu a frente do carro e tivemos parados duas horas na assistência?

Para além dos ralis, as outras modalidades do desporto motorizado também te atraem?

Desde que oiça um motor, gosto de tudo. Tudo me fascina no Motorsport. Adoro fotografar e ver uma partida com muitos carros por ex quando estou a fotografar o TCR, F1 ou Fórmula E, fico todo arrepiado quando o semáforo passa a verde!

Consegues eleger a tua melhor fotografia?

Não consigo eleger. Todas são especiais para mim. Nem que seja um local normal, para mim já se torna especial pois adoro o que faço.

Talvez, para os amantes de fotografia, a fotografia vencedora do Dakar 2016.

Qual a maior realização da tua vida profissional?

É expandir mais e mais a @World como um grupo e não ‘apenas’ como uma agência fotográfica tal como esta a acontecer com a @22, empresa de comunicação e design do grupo e mais dois em que já estou a desenvolver um projeto em cada uma. Realização também será ver um sorriso de cada pessoa que me ajuda a expandir a mesma. Não gosto de ter funcionários mas sim amigos que trabalham comigo e me ajudam a expandir.

Como é uma semana normal de ralis do Mundial, por exemplo este no México. Que diz foste, o que fizeste (resume) em cada dia?

Vou explicar os 5 passos que acho essenciais para ter um bom trabalho profissional pois mais não posso contar. Chegar a uma segunda feira, Treinar todas as especiais e escolher os locais para todos os fotógrafos e reunir com todos após os treinos.

Tudo o que tens para fazer alem do teu trabalho, passa para segundo plano quando começaa um rali do mundial pois, acordas às 4/5 da manha e terminas o trabalho por volta da meia noite…

Não há um minuto de descanso. O meu momento de descanso é quando fotografo numa especial! É onde coloco todo o resto em ‘off’ na minha cabeça pois mal termina uma PEC, ligo o computador e volto ao trabalho que é o envio de fotos emails pedidos entre muitas outras coisas.

6a e ultima dica… basta ser organizado!

Fala-nos dos ralis, qual é a organização que tem mais meios?

Acho que todas as organizações, tem que ser boas para ter um rali do mundial. Adoro a organização dos nórdicos, do nosso Rali de Portugal mas também do Rali do México. O Rali do México é fantástico. Pela facilidade de chegar as especiais, marshalls e polícia muito compreensiva para todos e não só profissionais, especiais muito bonitas e um ambiente diferente.

Se fosses um espectador, qual era para ti o melhor rali para assistir?

Todos (risos)! Mas três são especiais: Sardenha e México e Finlândia. Depois Rali de Portugal. Podia ser a minha primeira escolha para um espetador mas a dificuldade de os mesmos irem até às especiais torna difícil a escolha. São muitos os espetadores em Portugal, a prova com mais gente, e isso apesar de ser muito bom por um lado, coloca dificuldades extras. Mas são estas as quatro escolhas. Por todos os motivos! O centro de cada destes ralis é sempre em cidades espetaculares com muito para fazer ali do Rali em si.

E como fotógrafo? Qual é o teu local preferido para fotografar no Rali de Portugal?

Todos eles tem um ponto que acho único logo, gosto de todos! Deste a Sweet Lamb em Wales, passando pelo El Condor na Argentina e terminando na especial de Vieira do Minho no Rali de Portugal, todos os ralis são espetaculares. A zona das pedras de Vieira do Minho é espetacular. O acesso ano a ano é um desafio mas sempre consegui chegar ao mesmo de carro mas com muita dificuldade e ajuda de jipes. Adoro a especial de Arganil no planalto, deu fotografias espetaculares em 2019 e espero voltar a este local muito em breve. Certamente local de seleção para os meus fotógrafos.

Qual é o rali em que a segurança é mais rígida?

Rali de Portugal e pelos melhores motivos! Tiro o chapéu ao ACP por criar um rali assim tao bom com a máxima segurança possível!

Tem mesmo que ser assim por muito que as pessoas critiquem. O Rali de Portugal se nao tivesse estas restrições a nível de segurança, na minha opinião não podia existir.

E o menos? Como vês a evolução que os ralis sofreram ao longo destes últimos 10 anos?

A FIA, ano a ano toma novas medidas para melhorar a segurança nos ralis. Para mim, o rali com menos segurança era a Sardenha mas isso mudou e passou a ser a Argentina. É muito perigoso com as pessoas na berma da estrada. A organização só irá conseguir segurar o público se tomar medidas como o Rali de Portugal. Talvez o ACP possa organizar o Rali da Argentina também num futuro próximo (risos).

Todas as evoluções que assisto, foi sempre parar melhorar as provas e condições das mesmas. Nada em contrario.

Conheces bem os pilotos todos, com qual te dás melhor? Porquê?

Gosto de todos em especial. Os nórdicos mais tímidos mas pessoas espetaculares e amigas. São a minha segunda família. Diariamente lido com todos. Quer em trabalho ou falar em amizade, gosto de todos. O Kris Meeke, é uma pessoa que falo diariamente.

E nas equipas? Alguma história engraçada com alguns?

Com a ‘Máfia Tuga’ do WRC e todos eles sabem do que falo e de quem. É espetacular chegar a cada rali e estar com eles. Adoro.

Consegues manter uma conversa com o Tanak?

Diariamente também. Existem troca de prendas no Natal (risos).

Qual é a pessoa mais fantástica que conheceste nas corridas ou nos ralis?

Além dos meus pais, sempre ligados ao Motorsport, e que foram 200% exigentes comigo para que me tornar um dos melhores, foram várias as pessoas, amigos, clientes e colegas, que lidei e lido dia a dia. Não quero falar em nomes!

Tu que os vês sempre a passar, qual é o piloto que mais gostas de ver?

Sem dúvida os mais espetaculares (riso). Estava sempre à espera do Kris Meeke, dava sempre uma boa fotografia. Agora, talvez o Lappi pela sua conduçãoo agressiva!

E do WRC 2, algum que convém ir tendo atenção?

Todos os pilotos que entram no WRC2 tem um objetivo, lutar para chegar ao WRC. É preciso ter especial atenção a todos neste momento e vê-se isso pelos tempos muito parecidos de todos eles.

As marcas para quem trabalhas, pedem-te tipos de fotos específicas ou é tudo ao teu critério?

Um dos motivos que me sinto muito realizado internacionalmente é que os clientes confiam muito em mim e na @World. Deixam-nos trabalhar com a nossa inovação e profissionalismo pois confiam em nós e no trabalho diário que oferecemos quer no WRC quer em qualquer outro campeonato que estamos presentes. Após cada rali, todos os clientes internacionais sem exceção me enviam um email o que me deixa motivado a mim e a minha equipa.

Deves ter imensas histórias para contar. Queres começar por onde?

Começo por uma que me irá marcar para toda a vida. O meu primeiro Rali da Jordânia em 2010. Sozinho, aluguei o carro, peguei no roadbook e fui direto a uma especial para começar a ver os locais antes do rali. Parei apás a primeira especial de treinos num mini mercado numa aldeia com casa abandonadas para comprar água. Após sair do mini mercado, várias crianças sem roupa, vieram ter comigo a pedir dinheiro. Foi um momento muito emocionante para mim que dei meia volta e comprei o mini mercado todos para eles e eles entraram todos contentes com os sacos.

Outra, primeiro Rali do México que estive, 2009. Aterrei, aluguei um carro ‘baratinho’ e fui direto buscar o road book e para as especiais ver os melhores locais. Estava ansioso por conhecer este rali e mesmo após 36 horas de viagem com voos e aeroportos, lá fui eu.

Depois de duas especiais, estava sozinho e com quatro furos nos pneus do carro. E depois? Fiz 60 km de uma estrada de asfalto até ao aeroporto onde cheguei com o carro sem pneus e a deitar faísca das jantes! Chamaram-me maluco, eu aleguei que os pneus eram fracos deram me outro carro e lá voltei eu!

O que tens feito nestes tempos de confinamento. Como são os teus dias?

Nestes tempos de confinamento, só precisamos todos é de confiança em nós próprios para a real adaptação que temos que ter e estamos a viver. Como regra, mantenho sempre o horário anterior. A minha manhã começa por iniciar pelo ponto 1 de todos os agendamentos que preparei na noite anterior, com reuniões por tele-conferência com os clientes e também com os designers, comunicação e social media da minha empresa @22, do grupo @World onde realizamos toda a gestão de redes sociais aos nossos clientes.

O tele-trabalho é tudo neste momento. Várias reuniões sobre o tema futuro do automobilismo, como o fazer como comunicar e como todos nós nos adaptarmos entre cliente/empresa, são os pontos fortes do meu dia a dia.

Após o trabalho, mantenho a minha rotina de exercício fisíco sempre em casa. Em um mês e meio fiz confinamento total.

Não tenho receio do coronavírus, tenho é respeito por todas as pessoas a quem eu o possa pegar e isso sim, mantém-me com força de ficar sempre em casa. Penso que isto não se irá solucionar em eventos à porta fechada mas sim à real adaptação de todos os profissionais e não só.

Para além dos ralis, as outras modalidades do desporto motorizado também te atraem?

Adoro tudo que seja circuitos, a adrenalina das partidas trocas de pilotos nas boxes e o desafio de fazer uma fotografia num circuito é muito motivante. Gosta também muito do World RX, mas prefiro circuitos. Certamente sem esquecer o Dakar, o rumo ao desconhecido sempre que acordo dia a dia.

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