Nuno Jorge (CAMG): “A grande questão é como será a nova realidade!”
No meio de toda esta confusão causada pela pandemia de coronavírus, não podemos esquecer os clubes. Nesse sentido aqui fica mais uma entrevista a um dos seus líderes, no caso Nuno Jorge, presidente do CAMG, Clube Automóvel da Marinha Grande.
Esta paragem devido à pandemia de coronavírus tem afetado em graus e escalas diferentes todas as agremiações desportivas, entre elas logicamente os clubes que organizam provas em Portugal. Desta feita, falámos com o presidente do CAMG, Clube Automóvel da Marinha Grande, Nuno Jorge, líder do clube que tem previsto fazer disputar o Rali Vidreiro/Marinha Grande, que está pensada para o fim de semana de 2 a 4 de outubro, sendo portanto uma das que não foi, para já, afetada pelas consequências da pandemia de coronavírus que o nosso País e o Mundo atravessam.
Nuno Jorge falou-nos da forma como têm tratado dos problemas do clube, da necessidade de todos os ‘players’ dos ‘motores’ em Portugal se juntarem para encontrar o melhor caminho, do que poderá a ser a nova realidade de 2021 e do facto de ninguém nesta altura estar em condições de traçar cenários, muito menos, assumir compromissos. Por fim, do que o seu clube pode ter que fazer para levar a cabo a sua prova tendo em conta o mais do que previsível distanciamento social que as pessoas vão ter que respeitar.
Como esta paragem tem alterado o quotidiano do vosso Clube?
Imenso! A nossa atividade, resume-se a reuniões através de videoconferência, onde falamos de cenários futuros, e as eventuais adaptações que teremos de fazer.
Quais os maiores riscos que se correm?
Neste momento, penso que tudo terá de ser reequacionado. O maior risco passará por termos capacidade ou não de encontrarmos o melhor caminho. O desafio é enorme!
No seu entender qual será o impacto no desporto motorizado com a paragem das competições?
Penso que o impacto é grande. Todos os agentes envolvidos tinham os seus projetos montados, e muitos deles não serão possíveis de concretizar. Mas a grande questão para nós, é, mais do que esta paragem, (que se prevê provisória) como será a nova realidade. Como será em 2021, quais as alterações, que adaptações teremos de fazer e quais as suas consequências? Ao mesmo tempo que colocamos estas questões, também estamos convictos que o desporto motorizado saberá dar resposta e estar à altura desses mesmo desafios.
Estariam dispostos a colaborar numa reorganização do campeonato que obrigasse à alteração da data prevista para o vosso rali?
Seremos sempre parte da solução e não do problema.
Quais são de momento as posições dos vossos parceiros, na sua grande maioria Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, quanto à realização da prova ainda em 2020?
Neste momento, todos os nosso parceiros encontram-se bastante focados, e bem, em todas as questões relacionadas com a pandemia que nos atravessa. Toda esta incerteza, tanto no que se refere a datas, como eventuais modelos adaptados a esta nova realidade, faz-nos estar atentos e expectantes. Ninguém está em condições de assumir compromissos.
Quais as medidas de apoio das entidades públicas ao vosso clube face a esta interrupção?
Até este momento o CAMG, não teve qualquer tipo de apoio. Não somos um clube com muitos encargos fixos, mas não deixamos de os ter. Esperamos que esta fase seja ultrapassada com a maior brevidade possível, para conseguirmos evitar a solicitação de apoios.
Qual o impacto financeiro que podem vir a ter com o cancelamento de algumas dessas provas?
Sem dúvida, que sendo a nossa única atividade, a organização de provas, as repercussões serão evidentes.
Toda esta situação trará repercussões económicas para o vosso clube. Qual a dimensão e importância destas para o CAMG?
Não somos um clube desafogado, no entanto não carregamos um passivo atrás de nós. Não possuímos uma estrutura profissional, e isso neste momento é uma vantagem.
O que pode fazer o clube no seu Rali Vidreiro, para fazer cumprir as mais que prováveis regras de distanciamento social entre os adeptos? Que medidas tomar?
Aqui, a questão é bem mais complexa. Não é novidade para ninguém que uma das características dos ralis é ir ao encontro das pessoas. E ralis sem pessoas não são ralis. Teremos de reequacionar tudo como dissemos anteriormente. Eventualmente uma das possíveis soluções passará por compactarmos as provas, ou seja, termos menos especiais, e fazer destas um local mais controlado, onde teriam de ser criados vários protocolos de segurança. Quanto maior for a distância de especiais diferentes, maior a dificuldade de controle. Por exemplo controlar ao nível de publico 2 especiais de 15 quilómetros, onde se passará 3 vezes, não é a mesma coisa que ter 4 ou 5 especiais a passar 2 vezes. Ou seja pensamos que a redução de espaços e de quilómetros será inevitável. Até eventualmente uma medida destas irá ao encontro de outra questão que se irá colocar futuramente, que será a redução de custos. Não podemos descer o nível dos ralis, mas sim procurar uma otimização dos mesmos.