Fórmula 1: A equipa do Mónaco está viva

Em Outubro passado foi anunciado num projecto para ingressar na Fórmula 1 em 2021 e, muito embora a pandemia do COVID-19 tenha atrasado todo o processo, o plano continua vivo, como o responsável da potencial nova equipa confirmou ao AutoSport.

No dia 3 de Outubro último a Monaco Increase Mangement (MIM) anunciou que estava a montar uma equipa para ingressar na categoria máxima do desporto automóvel em 2021, ano em que seria introduzido, originalmente, o novo regulamento técnico, permitindo às novas estruturas encontrar um plano de igualdade com as escuderias que presentemente fazem parte das grelhas de partida.

A origem do projecto foi Salvatore Gandolfo o homem por detrás da MIM, uma companhia de gestão de carreiras de pilotos, que tem actualmente no seu portfolio Pascal Wehrlein, que defende a Mahindra na Fórmula E e faz trabalho de simulador para a Ferrari, Alex Palou, que competirá este ano na IndyCar, e Davide Vidales, uma jovem promessa espanhola ainda no karting.

Para seu consultor, o italiano chamou Adrian Campos, que já tinha tido há cerca de dez anos um projecto para a Fórmula 1, que se viu obrigado a ceder, e compete presentemente nos Campeonatos FIA de Fórmula 2 e Fórmula 3.

O primeiro encontro com Chase Carey, o CEO da FOM, data do dia 11 de Maio do ano passado, durante o Grande Prémio de Espanha, seguindo-se mais dois encontros, nos escritórios da Fórmula 1 em Londres, com Ross Brawn, a 15 de Maio e 31 de Julho.

Gandolfo, sentindo que tinha o beneplácito dos responsáveis máximos do mundo dos Grandes Prémios, e com o apoio da Real Federação Española de Automobilismo, anunciou o seu plano a 3 de Outubro, então já com uma estrutura edificada para lançar a equipa.

O projecto será financiado por empresas com ligações à MIM, operando a partir das instalações da Campos Racing, situado nos arredores de Valência.

Rapidamente os dois homens começaram a trabalhar nos recursos humanos, contratando Peter McCool como director técnico, que trabalhou na Super Aguri, e Ben Wood como aerodinamista, função que desempenhou na Mercedes e na Prost.

Estes dois técnicos foram seguidos por uma equipa de engenheiros que deu início a um estudo preliminar para um projecto para um Fórmula 1 segundo o que se conhecia do novo regulamento, enquanto foram abertas negociações com os diversos fornecedores de motores presentes actualmente na categoria.

Gandolfo e Campos foram ainda mais longe, apontando que Wehrlein e Palou como potenciais pilotos da equipa na sua temporada de estreia no mundo dos Grandes Prémios, agendada originalmente para 2021.

Então, o italiano apontava que “entrar no Campeonato do Mundo de Fórmula 1 de 2021 será um projecto de longo prazo. Estamos conscientes dos desafios que nos esperam, mas temos uma equipa de especialistas a trabalhar dia e noite e a solidez financeira exigida pela FIA para tornar este projecto num sucesso. Com o novo Tecto Orçamental, a nova distribuição de lucros e os novos regulamentos técnico e desportivo existe uma grande oportunidade para as equipas mais pequenas competirem e, no final, tornarem o Campeonato do Mundo FIA de Fórmula 1 mais interessante e equilibrado, novamente”.

Contudo, desde então, o mundo mudou, catalisado por uma pandemia que parou toda a economia mundial, deixando a Fórmula 1 às portas de mais uma crise que poderá ter consequências profundas em diversas das actuais equipas, existindo o risco de algumas simplesmente desaparecerem.

Apesar do ambiente pouco animador, em declarações prestadas ao AutoSport, Salvatore Gandolfo garante que a nova estrutura continua a trabalhar, muito embora admita que, à luz dos acontecimentos recentes, a estreia em pista da nova equipa está em stand-by. “O projecto continua vivo, assim como a estrutura que foi edificada no ano passado. No entanto, percebemos que qualquer discussão com a FIA relativamente a uma possível inscrição no Campeonato Mundial de Fórmula 1 terá necessariamente de ser adiada para uma data em que a ameaça actual do novo coronavírus seja algo do passado”, afirmou-nos o italiano, acrescentando: “Entretanto, estamos atentos a qualquer oportunidade que possa fortalecer o nosso projecto”.