Quem está melhor: F1 ou Indycar?

Por a 27 Abril 2020 12:20

Competições de monolugares, as semelhanças entre a Fórmula 1 e a Fórmula Indy terminam exatamente aí. Perante desafios comum – encerramento da atividade devido à pandemia de Covid-19 e suspensão dos campeonatos – quem está melhor preparado?

A resposta pode parecer simples: ambas estão em péssima situação face ao “lockdown” que se experimenta dos dois lados do lago. Quando Rudy Gobert, jogador de basquetebol dos Utah Jazz, testou positivo para SARS Cov-2, a NBVA suspendeu, imediatamente, a competição e qual efeito dominó, o desporto norte americano foi-se fechando. A Indycar hesitou, mas fechou a competição antes da Nascar, a última competição automóvel a suspender o campeonato.

Portanto, nem a Indycar nem a Fórmula 1 escapam aos tempos difíceis por que passa o desporto automóvel mundial e ambas têm de poupar, bastante, para se manterem seguras e capazes de encarar a retoma da competição. Porém, acaba aqui o caminho paralelo em que ambas caminham.

Os americanos têm uma fórmula muito mais barata, com estruturas infinitamente mais pequenas (entre 30 a 40 colaboradores), exceção feita às formações de Roger Penske, Chip Ganassi e Michael Andretti. Depois, não têm viagens intercontinentais, pois o campeonato é feito dentro do continente norte americano com um saltinho ao Canadá, sendo as viagens feitas pelos enormes e coloridos camiões, exatamente o mesmo que faz a Nascar.

Os norte americanos foram adiando corridas e têm o recomeço aprazado para junho, tendo a organização, pela primeira vez na história da prova, empurrado as 500 Milhas de Indianápolis para o dia 23 de agosto.

A IndyCar não desenhou um novo calendário porque como dizem os seus responsáveis, “não sabemos quando é que a competição vai recomeçar!” Sobre esse assunto, o Dr Anthony Fauci, o responsável pelo Instituto Norte Americano de Doenças Alérgicas e Infeciosas (vedeta mediática pela constante correção às diatribes de Donald Trump) tem uma ideia muito clara.

“Há uma maneira de voltarmos a ter desporto, pois ele faz falta. As bancadas ficam vazias e a transmissão televisiva terá de ser reforçada, os atletas ou os pilotos, ficam todos no mesmo hotel e são testados à chegada sobre a viabilidade de serem transmissores do vírus. Em competições consecutivas (como a Nascar) os desportistas devem ser testados semanalmente e dentro dos estádios ou pistas, a temperatura deve ser monitorizada amiudes vezes. Assim, podemos ter o regresso da competição.”

Esta ideia de competição sem espetadores foi abraçada por vários governadores norte americanos e por isso a IndyCar e a Nascar podem, mesmo, regressar já em maio e junho respetivamente.

Claro está que esta decisão de fazer corridas sem público vai tocar, profundamente, o bolso dos proprietários das pistas que, nesta altura, já estão a colocar colaboradores em “lay off”. Convirá esclarecer que os promotores das corridas são os donos das pistas que, de uma forma ou outra, estão ligados aos donos da competição. Mas é uma decisão mais fácil para os americanos que para os homens da Fórmula 1, pois a bilheteira é fundamental para o equilíbrio das contas dos promotores.

Por outro lado, a Fórmula 1 continuará com os mesmos chassis de 2019 que se perpetuarão até 2021, pelo que podem estar parados tendo apenas que restabelecer os “stocks” de peças sem nenhum trabalho de desenvolvimento. Já a Indycar estava a pensar incluir o Aeroscreen nos chassis e modificar o motor.

Outra vantagem da Indycar está nos custos com a motorização. A Chevrolet e a Honda fornecem o campeonato e está estabelecido um preço fixo de um milhão de dólares por carro, sendo que a General Motors e a Honda subsidiam as equipas patrocinando-as. Portanto, não há nenhuma equipa que pague o milhão de dólares e as formações de Roger Penske (Chevrolet), Chip Ganassi (Honda) e Michael Andretti (Honda) pagam ainda menos, claro. Fórmula 1? Desenvolvimento não fica por menos de 1.4 mil milhões de euros e o fornecimento a equipas clientes custa 14 a 20 milhões de euros.

Os motores da Chevrolet – a Indycar usa um bloco V6 com 2.2 litros sobrealimentado que cada construtor desenvolve – são produzidos pela ilmor de Mario illien em… Brixworth, Reino Unido, o berço dos motores Mercedes para a Fórmula 1.

Existe um braço norte americano situado em Detroit, que faz a manutenção dos motores da IndyCar e dos blocos da Nascar, Xfinity, Truck Series e Arca Series. Está fechada devido à ordem do Governador do Estado do Michigan de confinamento devido ao Covid-19.

Roger Penske, o novo dono do Campeonato IndyCar, perante a pandemia provocada pelo SARS-Cov-2, aproveitou a ocasião para mudar o rumo da renovação do motor para o campeonato de 2021, adiando-o para 2022 e dando mais tempo para a integração da hibridização.

Enfim, as diferenças entre a Fórmula 1 e a IndyCar são, mesmo, imensas e a gestão da competição norte americana é mais ágil que a dos compatriotas que gerem o campeonato mundial. Mas, no final da linha, ambos estão entre a espada e a parede e a braços com uma emergência financeira e perante contratos ferozes com as estações de televisão e patrocinadores que não os deixam, sequer, pensar em não realizar corridas em 2020.

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