CPR, Miguel Barbosa: “ O CPR tem que ser feito de provas de excelência, temos que elevar o nível”
No nosso périplo pelos vários pilotos e equipas nacionais, sob o tema ‘CPR, passado, presente e futuro’ um dos pilotos com quem falámos ofi Miguel Barbosa, ele que esteve na competição entre 2016 e 2019, rumando este ano novamente ao TT no sentido de tentar somar mais títulos aos sete que já tem. Tendo em conta que esteve na competição no seu recente período áureo, também ele nos deu a sua visão quanto à competição. “O CPR cresceu bastante nos últimos anos eu acho que ninguém tem memória de um CPR tão forte nestes últimos anos. Coincidiu com a altura em que entrei e desde aí foi sempre em crescendo. Neste neste últimos anos este crescimento deve-se a vários fatores. Acho que é os R5 são das categorias mais bem sucedidas em termos de FIA. O carro é bastante competitivo, custos controlados e depois tem o nível de performance quer tanto para os pilotos profissionais quer para os amadores, algo que é muito importante para nós como também é importante em termos de espetáculo para o público, o que é um fator fundamental para o sucesso dos ralis, e portanto esta mistura toda criou aqui um carro realmente de exceção e o R5 é de facto válido. E depois tem algo muito importante que é todo o desenvolvimento e todas as peças, toda essa logística é suportada pelas marcas, é algo oficial, e por isso as equipas e os pilotos não têm que se preocupar nem inventar muito, nem preocupar-se muito porque está tudo bem assegurado, e logo a começar pela segurança, que está assegurada e esse é um ponto muito importante, como depois toda logística e todo o desenvolvimento é assegurado pelas marcas, e os clientes, pilotos, seja o que for têm a sua disposição e é só encomendar e assim também permite com esta regulação da FIA em termos de preços permite que não haja grande especulação dos preços e que haja aqui grandes diferenças entre marcas o que faz realmente que haja aqui um grande equilíbrio. Desde que entrei para o CPR que sempre disse que os R5, cada um com as suas características, eram todos muito idênticos e portanto qualquer pilotos que se escondesse atrás de um carro não estaria correto porque todos os R5 são bons. Como já disse, já vimos todos os carros ganhar à geral em todo tipo de campeonatos e portanto não é pelo carro que algum piloto não possa vencer.
Isso gera muita competitividade e é bom que haja muitos carros diferentes, marcas envolvidas é bom para o espetáculo, e é bom para todos.
Os R4 honestamente é para mim difícil de emitir uma opinião é uma categoria que acabou de aparecer. Quando apareceram não vi grande espaço ou utilidade para isso, as marcas também não se pronunciaram muito sobre isso eu acredito muito em seguir a linha das marcas, elas são fundamentais para o desporto. Acho que vamos ter que esperar para ver mais, mas nem sequer é comparável os R4 com os R5.
Estão a nascer vamos ter que dar aqui mais tempo para ver o que acontece” começou por dizer Miguel Barbosa, que destaca a chega das equipas oficiais ao CPR, como ponto de viragem: “Acho que aqui um grande passo foi dado pelos pilotos e pelas equipas que investiram nos carros. Acho que o momento fulcral também foi a entrada de marcas oficiais, primeiro a Citroën e depois a Hyundai, as marcas automóveis são fundamentais para o desporto automóvel e depois a forma como ativam os seus projetos e a dimensão que lhes dão e a visibilidade e portanto, e a Skoda também, ainda que num nível não oficial mas também esteve presente e portanto as marcas são fundamentais. Mas eu acho que o grande esforço inicial foi feito pelas equipas e pelos pilotos como sempre e isso foi foi sem dúvida algo muito importante”, explicou.
Aumentar o nível
Mas a visão de Miguel Barbosa estende-se a outras áreas, que curiosamente continuam a ser muito referidas pelos principais players do CPR: “Algo muito importante também, no meu entender foi a entrada do Rali de Portugal para o campeonato, para o CPR. Sempre defendi isso e há um conjunto de pilotos que sempre defenderam isso. O campeonato tem que ser feito de provas de excelência. Temos que elevar o nível das provas, não podemos ter um campeonato com grandes máquinas, grandes pilotos, marcas automóveis envolvidas e depois temos provas que não correspondam a esse realidade.
Portanto temos todos que elevar o nosso nível, cada um tem que fazer a sua parte, os clubes, as equipas, os pilotos, todos os envolvidos neste desporto tem contribuído para o elevar. Mas temos que procurar soluções, e soluções de promoção, soluções de estarmos em centros de cidade, não podemos estar longe do público, temos que nos aproximar dos grandes centros populacionais e levar os automóveis até às pessoas. É algo que faz falta e obviamente que é muito importante. Para além disso, tem que se trabalhar para ter uma cada vez maior visibilidade nos media e tentar fazer ações.
Eu penso que isto é uma bola de neve e uma pescadinha de rabo na boca. Se não formos aumentando este nível, o efeito é contrário.
Quanto mais nível trouxermos ao campeonato e quanto mais coisas positivas, essas chamam outras e penso que isso é uma bola de neve”, disse.
Mais visibilidade, provas perto de grandes centros urbanos
Outro ponto muito focado tem a ver com algo que também se tem falado muito, especialmente pela estranheza que isso encerra… e não é de agora.
O facto de não haver ralis no ‘continente’ português, perto das grandes cidades. Pode dar-se de barato que Fafe é perto de Guimarães, o Rali do Algarve de Portimão, mas Porto e Lisboa estão ‘longe’ dos ralis: “Eu acho que é o caminho que se tem que seguir é: sabemos que temos boas equipas, sabemos que temos bons pilotos, temos ótimos carros, temos marcas envolvidas no campeonato que é algo que já não acontecia há imenso tempo, o que é excecional, e se temos algo que está a funcionar bem há bastante tempo, e isso é excecional, mas é preciso agora ter o reverso da medalha que é ter bastante comunicação, bastante divulgação, as provas primarem pela excelência, procurar como é podem melhorar ano após ano e não apenas repetir provas.
Tentar melhorar a visibilidade, a localização das provas, como levar as máquinas e os pilotos até perto do povo, que tem acontecido, é verdade, mas há ainda mais por fazer e eu acho que é isto que é preciso, é preciso elevar o nível é preciso adaptar-nos a estas novas realidades, dos digitais, tudo mais, mas sobretudo é viver paixão automóvel junto das pessoas, pois é preciso levar os carros ao pé das pessoas que é para se ter noção, como por exemplo como foi o Dakar quando arrancou de Lisboa, que suscitou um interesse na modalidade (TT) que nunca tinha sido antes visto, e isso tem a ver com o aproximar da modalidade às pessoas, tudo isto tem a ver com a proximidade às pessoas e com promoção, que foi algo que nesse caso foi bem feito.
Eu acho que esse é o caminho, é isso que temos que fazer, penso que em Portugal os pilotos e as equipas sempre foram muito profissionais, e alguns clubes também, mas é preciso mais. É preciso mais nesse sentido e esse é o ponto fulcral”, explicou.
Rampa de lançamento
Por fim, Miguel Barbosa tocou também na base da pirâmide dos ralis: “Por fim, é preciso também criar escadas no desporto e eu acho que a Peugeot Rally Cup Ibérica trouxe isso. É preciso que os pilotos vejam que existem caminhos. A Peugeot Rally Cup Ibérica, para além de ter composto o plantel das provas é uma competição bastante aliciante, com bons prémios, com um carro bastante competitivo, e depois vai permitir guiar um R5.
Este tipo de iniciativas são importantes para o desporto, e também foram mais fator positivo a contribuir para o CPR pois criou mais ‘buzz’ à volta.
Há uma motivação extra, é neste momento a ‘copa’ mais importante a nível ibérico e acho que foi uma mais-valia para o nosso campeonato também, que vai por arrasto”, concluiu.