CPR, Pedro Meireles: “Não há alternativa que não passe pela redução de provas…”

Por a 12 Abril 2020 11:23

Pedro Meireles é um dos principais protagonistas do Campeonato de Portugal de Ralis e num trabalho que visou ‘olhar’ para o que tem sido a competição nos últimos anos e ponderar o que se poderá fazer para o futuro, falámos com um conjunto de players nacionais. O piloto do VW Polo GTI R5 foi o primeiro.

O CPR cresceu bastante nos últimos anos, o que fazer para o consolidar?

“O CPR tem vindo a registar um aumento de qualidade nos últimos anos, com o regresso a tempo inteiro de pilotos de nomeada e de outros esporadicamente isso tem se verificado, mas sobretudo o regresso de uma equipa oficial ao CPR, nomeadamente a Hyundai, que faz um excelente trabalho, veio dar outra visibilidade ao nosso campeonato. Eu acho que nós temos que evoluir e não consolidar, sob pena de haver abandonos dado que o dinheiro investido é muito e nem sempre o retorno de marketing é o devido, outro ponto que devemos melhorar é a existência e a visibilidade das categorias sem ser os R5,um campeonato não pode ser alicerçado só nas viaturas de topo é muito perigoso para a sustentabilidade do mesmo, este aspeto tem que ser visto com preocupação.

Em que se baseou este crescimento? A FIA ter ‘criado’ os R5? O quê mais?

“Sem dúvida que a categoria R5 foi a melhor que a FIA criou nos últimos anos, os carros são mais performantes, mais baratos de comprar e manter que um S2000 era, por exemplo, mas este crescimento foi a nível europeu e não só localmente, acho que essa foi a chave”.

Sendo os diversos carros competitivos e tendo andamentos muito parecidos, gera competitividade, será isso?

“Sim acho que os carros R5 são todos muito competitivos, uns mais difíceis de guiar do que outros, cada um com as suas características, mas na globalidade são todos muito competitivos e aliás, vê-se que todas as marcas têm vitórias nos campeonatos disputados por esse mundo fora e logicamente isso gera competitividade”.

O quê mais, no teu entender? Resume como se chegou aqui a diversos níveis e porquê?

“Este ‘boom’ do CPR deu-se muito mais por iniciativa dos pilotos do que por algo que tenha sido feito estruturalmente. Relembro que em 2013 tudo começou quando eu decidi comprar um S2000, surgiu de seguida o Bernardo (Sousa) a alugar um para fazer o CPR e o Ricardo Moura pouco demorou a adquirir o seu. No fim do ano tínhamos o João Barros a comprar um R5, acho que foi o ano do volte face no CPR e a partir de 2014 foi sempre a subir com a chegada dos sucessivos R5, isto tudo sem que a Federação mexesse uma palha…”

O que se fez bem? O que não se fez tão bem?

Algumas coisas fizeram-se bem, e uma série de mudanças sugeridas pela APPR (Associação Portuguesa de Pilotos de Ralis) foram aceites pela Federação, o limitar os pneus a utilizar, o taxar as inscrições consoante a categoria, embora aqui acho que as inscrições deveriam ser mais baratas. O agrupar o CPR por pisos, etc. Mas continua a haver excesso de provas, e sobretudo acho que devíamos competir todos contra todos e não haver escolha de provas. A promoção deste campeonato tinha que alcançar outra dimensão, como se costuma dizer, não bate a cara com a careta…”

Nesse contexto, o que se pode fazer para consolidar?

“Acho que o CPR está de boa saúde mas tem que olhar para os pontos fracos, temos um lote de carros e pilotos a lutar pelos primeiros lugares que dignifica muito este campeonato, a Hyundai esta a dar um enorme contributo para este campeonato e se o faz é porque com certeza o retorno compensa, mas também todos temos que ver não só que se faz, mas o que poderia ser feito, e pode-se fazer muito mais.

Temos que olhar seriamente para as outras categorias sem ser os R5, essas têm que ser a base de sustentação do campeonato e deve-se criar condições para que as listas de inscritos cresçam por aí…

O campeonato devia ter, no máximo, oito provas (ideal sete para mim) e sou claramente a favor da inclusão das três provas ‘grandes’ (Rali de Portugal, Açores e Madeira) no campeonato (admito a não inclusão no CPR do Rali de Portugal para as outras categorias que não os R5, isto pelo ‘feedback’ que tive de alguns pilotos das referidas categorias), com as devidas condições para a deslocação as ilhas (o Rali dos Açores tem sido exemplar neste aspeto), todas as provas contariam deitando-se a pior pontuação fora.

A federação deveria criar um caderno de encargos que devia ser rigorosamente cumprido pelos clubes que quisessem organizar um rali do CPR, um rali/tipo, a meu ver shakedown sexta-feira e Super especial à noite, e todas as classificativas realizadas no sábado, temos que pensar no público e naqueles que se querem deslocar para ver ralis, não faz sentido haver classificativas (normais) à sexta-feira, é dia de trabalho e tira classificativas de rali ao sábado, que é quando se deve concentrar o rali.

Outras medidas deviam constar desse caderno de encargos, nomeadamente ao nível da promoção e acompanhamento das provas.

Está na hora da Federação promover o nosso campeonato com a dimensão que ele merece, a nível televisivo tem que se fazer muito mais, deixo um exemplo, vejam o que se faz no Rali Vinho Madeira (ndr, Paulo Almada/RTP Madeira), um exemplo a cobertura televisiva e radiofónica que se faz naquele rali, sim o gosto e as pessoas fazem a diferença, já não peço para se fazer o mesmo mas será impossível transmitir uma classificativa em direto? Que seja uma curta (PowerStage), relembro que aqui há uns anos vi alguns prólogos do TT em direto, é possível… Custa-me ver a forma como os jornais diários desportivos tratam a nossa modalidade, qualquer modalidade com menos expressão que a nossa tem direito a muito mais jornal que os ralis, isto é facilmente alterado.

Seria fastidioso enumerar tudo aquilo que penso, só peço que façam com que haja dinamismo, que se tente, não por mim, mas pela modalidade e pela geração de pilotos vindoura.”

O que esperar ainda desta temporada?

“Penso que não há alternativa que não passe pela redução de provas. Sendo disputado durante 10 meses o nosso campeonato já tem provas a mais, imagine-se em meio ano. Não vejo outra solução.”

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luis.pimentel
luis.pimentel
4 anos atrás

muito bom,excelentes ideias

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