Grande Prémio da Bélgica de F1 – 1960: Sangue suor e lágrimas
Quando se fala em tragédia na F1, a memória das pessoas vai buscar a morte de Ayrton Senna, em San Marino. O que poucos sabem é que, precisamente no ano em Senna nasceu, houve um GP que foi tão mortífero como aquele em 1994. De facto, o dia 19 de Junho de 1960 está inscrito a negro na história da modalidade e o GP da Bélgica desse ano foi um dos mais desastrosos de sempre. Dois pilotos morreram
na corrida e, nos treinos, outros dois ficaram gravemente feridos. Uma particularidade: todos eles eram ingleses. Já nessa altura, os carros concebidos por Colin Chapman – os Lotus – eram tão frágeis que havia quem dissesse que eram feitos de vidro. Logo na sexta-feira, o de Stirling Moss sofreu a quebra de um eixo e o piloto foi cuspido do carro, ao despistar-se, quebrando ambas as pernas e a pélvis. Pouco depois, também num Lotus, Mike Taylor viu ceder a coluna de direção, terminando no meio das árvores e sofrendo ferimentos tão graves que nunca mais voltou a correr. Mas o pior estava para vir, durante a prova.
Nessa altura, a pista de Spa-Francorchamps ostentava ainda o seu traçado (quase) original, difícil e traiçoeiro. com mais de 14 quilómetros. Jack Brabham tomou a dianteira no arranque e não mais largou o comando, terminando com mais de um minuto de vantagem sobre Bruce McLaren e uma volta sobre Graham Hill. O primeiro desastre aconteceu na volta 17, a 19 da chegada. Com um Cooper, a jovem esperança britânica estava em luta pelo sexto posto, com Mairesse e Von Trips, quando se despistou a alta velocidade, em Malmedy. Morreu decapitado. Tinha
22 anos. Cinco voltas mais tarde, foi a vez de outro Lotus sofrer um acidente; ao volante, estava outro inglês, Alan Stacey, de 26 anos e só com uma perna. A princípio, não havia razão para a sua entrada desgovernada num campo, próximo de Masta. Mas, depois, encontrou-se o seu capacete, todo sujo de penas e de sangue.