Lendas da F1, Maurice Trintignant: Professor de condução científica

Por a 25 Março 2020 14:16

Maurice Trintignant foi uma das velhas glória da F1 e o primeiro piloto francês a alcançar uma vitória em GP, numa época em que nomes como Fangio, Moss e Ascari eram estrelas maiores. Em memória de “le Pétoulet”, uma viagem aos anos loucos da F1

Há episódios que ficam para a história da F1 e que fazem parte da lenda. A forma como Maurice Trintignant ganhou a sua alcunha é no mínimo peculiar. O francês, nascido a 30 de Outubro de 1917 em Vaucluse, iniciou a sua carreira na competição em 1938 ao volante de um Bugatti 2,3 l, o mesmo modelo com que o seu irmão perdera a vida cinco anos antes. Durante a guerra, o Bugatti ficou escondida num palheiro, e os ratos de campo fizeram o seu ninho no depósito da máquina. Foi precisamente com este modelo que Trintignant participou na primeira prova do Pós-Guerra – a Taça da Libertação corrida nos Bosques de Bolonha, perto de Paris.

Os resquícios dos excrementos dos ratos alojados no depósito misturaram-se na carburação e obrigaram o francês a abandonar a prova. Mas desse episódio nasce o seu cognome de competição – “le Pétoulet” – literalmente “caganita de rato”. Mais do que pelo insólito episódio, Trintignant ficaria para sempre ligado à história do automobilismo como o primeiro francês a vencer um GP de F1.

Condução científica

A carreira e a vida de Maurice estiveram quase para ser fatalmente seladas nos treinos para o GP da Suiça em 1948, quando sofreu um violento acidente que o deixou em coma durante oito dias e o manteve afastado das pistas durante dois anos. Mas, com a força de vontade que o caracterizava, Maurice regressa em grande para prosseguir uma carreira que se estenderia durante toda a década de 50 e o início da década de 60. Na era dos “gentlemen drivers”, Trintignant perfilava-se como o verdadeiro cavalheiro francês, tanto nas pistas como fora delas. Sem ser um virtuoso ou exuberante na condução, Trintignant impôs-se pelo seu estilo meticuloso e versátil, que fizeram dele uma espécie de percursor da escola da condução “científica” em pista, que teria 30 anos depois a sua mais alta expressão, também na pele de um pequeno francês de nome Alain Prost.

Primeiro na escuderia Gordini, Trintignant passou pelas mais famosas equipas de F1 da década de 50 – Ferrari, Bugatti, Vanwall, Maserati, BRM, Cooper, Aston Martin, Lotus, Lola. Com um total de 82 provas de F1 disputadas entre o GP do Mónaco de 1950 e o GP de Itália em 1964, Maurice Trintignant gravou o seu nome por duas vezes no quadro de honra do Mónaco, em 1955 com a Ferrari (depois do abandono de Moss e Fangio e do mergulho no mar de Ascari), e em 1958 com o Cooper-Climax de Rob Walker. No seu palmarés pontifica ainda uma vitória nas 24 Horas de Le Mans em 1954 ao lado do argentino José Froilán González num Ferrari. Contemporâneo e adversário em pista de nomes como Fangio, Moss, Hawthorn, Jack Brabham, Bruce McLaren, Von Trips e

Phil Hill, o francês Maurice Trintignant era figura estimada no automobilismo em em França.

Tio do actor francês Jean-Louis Trintignant, “le Pétoulet” estava retirado na sua terra natal, onde foi “maire” e de dedicava à produção de vinhos, quando morreur em 2005, tinha 87 anos.

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