F1: Recordar os Blown Diffusers
A F1 é a busca por perfeição, pelo décimo de segundo que fará a diferença na qualificação, pelo truque que dará a vantagem sobre os restantes. O Dual Axis System da Mercedes é a prova de que a F1 é muito mais do que apenas corridas. Mas são muitos os exemplos truques que fizeram a diferença. Os Blown Difusers foram também um desses truques.
Até
o ano de 2013 o domínio da Red Bull foi claro claro. Os Bull´s eram
a equipa a bater e Sebastian Vettel era o piloto em evidência. O
talento de Vettel e o génio do departamento técnico da Red Bull,
chefiada por Adrian Newey eram por demais evidentes.
A
busca pela aderência máxima leva a que o foco na aerodinâmica seja
grande. Mas a aerodinâmica é muito mais do que as asas dianteiras e
traseiras do carro. O fundo plano de um monolugar de F1 é
certamente a zona mais crítica no que diz respeito à criação de
downforce e uma peça ganha especial enfase… o difusor traseiro.
O difusor é uma peça colocada na traseira do carro que permite que o fluxo de ar que circula debaixo do chassis percorra esse trajecto de forma mais rápida do que o ar que circula no topo. Isso vai provocar o chamado efeito Venturi, ou seja, a pressão debaixo do carro é menor e como tal a maior pressão no topo do carro vai “empurrar” o carro contra o chão aumentado a aderência. Essa tecnologia foi introduzida, embora com outros componentes e de forma diferente, nos final dos anos 60 pela Lotus e pela BRM. A Brawn GP e Jenson Button venceram o campeonato em 2009 graças a uma modificação feita nos difusores que só 6 corridas depois foi implementada pelas outras equipas. Foi o suficiente para chegarem à frente terem a vantagem para gerir o campeonato. Isto mostra bem a importância deste componente.
Mais tarde surgiram os “Blown Diffusers” . Os gases de escape normalmente eram direccionados para zona especificas na traseira do carro para aumentar o “downforce”. Entretanto várias equipas começaram a direccionar os escapes para os difusores, para aumentar a velocidade de circulação do ar no fundo plano e diminuir a pressão debaixo do carro, aumentando a aderência.
Os primeiros “Blown diffusers” usados foram chamados de “frios”, pois resultavam do ar que passava no motor, quando o piloto não tinha o pé no acelerador. Retirar o fluxo de ar do difusor do carro, implicava perda de “downforce” e consequentemente de aderência. Uma vez que o piloto à entrada de uma curva, normalmente, está a travar e não tem o pé no acelerador, os gases de escape diminuem, o efeito de Venturi diminui e isso fazia com que a aderência diminua numa altura critica. Com essa tecnologia, mesmo sem estar a acelerar, o fluxo do ar, embora menor, continuava a chegar ao difusor mantendo a aderência do carro. Embora não houvesse admissão de combustível ou ignição, o ar era bombeado pelo motor e enviado para o difusor.
A Red Bull inovou essa área em 2011 e criou os “Blown diffusers” quentes. O principio era o mesmo, mas com uma diferença: Quando o piloto retirava o pé do acelerador, o motor continuava injetar combustível de forma a aquecer os gases de escape e manter assim um fluxo de ar constante, o que dava mais estabilidade ao carro e mais confiança ao piloto, criando mais downforce do que com os “blown diffuser´s” frios. Isso era feito com um atraso no tempo de ignição, o que fazia que o combustível injetado fosse queimado não na câmara de combustão, mas sim já no escape, não produzindo qualquer tipo de força descendente no pistão.
Mas a tecnologia tinha um senão. Consumos até 15% mais elevados e nível de desgaste do motor muito maior. Uma vez que a F1 queria reduzir custos, a tecnologia foi banida por ser demasiado cara. Os carros com essa tecnologia tinham um som característico nas entradas e a meio das curvas. Além disso a temperatura dos gases de escape era muito elevada e várias equipas sofreram falhas, com peças da parte traseira a ficarem derretidas por causa do sistema.
Apenas a Red Bull dominava a tecnologia e em 2011 construiu o carro à volta deste tipo de difusores, sendo a peça fundamental nesse ano e nos anos seguintes, embora em escala menor, pois as restrições foram aumentando. Outra equipas seguiram essa filosofia como seria de esperar.
Nestes
dias em que as pistas estão silenciosas e que as ruas mais calmas,
não será má ideia recordar o som característico deste sistema.