WRC: Braço de ferro Toyota/Hyundai
Este ano o Mundial de Ralis ficou reduzido a três equipas, e com a M-Sport/Ford sem pilotos que possam ombrear com os plantéis da Hyundai e da Toyota, é entre estas duas equipas que se esperam as maiores lutas, que pelos triunfos em ralis, ou pelos dois campeonatos. A Hyundai coloca uma ênfase maior nos Construtores, que ganhou pela primeira vez em 2019, sendo certo que com Thierry Neuville e Ott Tanak na equipa, dois dos pilotos que estiveram envolvidos na luta pelo título de pilotos o ano passado, acabará por ser inevitável que a equipa sinta a pressão de olhar para isso.
Já do lado da Toyota, Sébastien Ogier é claramente o ponta-de-lança e essa pode ser uma pequena vantagem da Toyota nessa luta particular pelo título de pilotos, pois a forma como a Hyundai vai gerir dois galos para um poleiro será um problema acrescido para Andrea Adamo, enquanto Tommi Makkinen terá a vida mais facilitada a esse nível.
Hyundai Shell Mobis WRT
A Hyundai construiu este ano uma equipa ainda mais forte, com um recém-chegado de luxo, Ott Tänak, que se junta a Thierry Neuville, Dani Sordo e Sébastien Loeb. Apesar de ter vencido o Mundial de Construtores pela primeira vez na sua história, Andrea Adamo e os seus pupilos querem mais, e a equipa vai agora atacar também o título de pilotos. Reduzindo a questão à matemática, ficam com 66% de hipóteses de o conseguir, sendo que tanto Loeb quanto Sordo são pilotos para vencer um ou outro rali. Vamos ver é como Adamo vai gerir os seus dois pilotos de ponta a lutarem por vitórias e pelo título, mas, como se viu até aqui, o italiano não se atemoriza com este tipo de desafios.
De resto, o Hyundai i20 WRC sofreu algumas evoluções, que incluem a mudança de local do escape. O difusor traseiro também foi remodelado.
Para Andrea Adamo: “Tivemos um grande sucesso em 2019, mas agora começa tudo do zero. O nosso objetivo é claro: lutar pela vitória em cada prova e tentar os títulos de pilotos e construtores. Sabemos que a ferocidade da competição permanecerá intensa, por isso temos de ter a certeza que o nosso pacote técnico é tão forte quanto possível. Temos, sem dúvida, uma das equipas mais fortes do WRC, com o Thierry, Ott, Dani e Sébastien, e eu estou tremendamente concentrado no trabalho que há para fazer.”
M-Sport Ford WRT
A M-Sport vai tentar fazer em 2020 o que não conseguiu fazer no ano passado. Vencer provas. Com os pilotos mais fortes todos concentrados nas outras duas equipas, Malcolm Wilson e ‘sus muchachos’ decidiram manter Teemu Suninen e contrataram Esapekka Lappi, um bom piloto, mas que ainda não se afirmou definitivamente no WRC. Gus Greensmith é o terceiro piloto e tem previstas nove provas. Ao trio não será fácil fazer muito melhor do que o ano passado, ainda que a má prestação da equipa também se deva muito ao facto de Elfyn Evans ter ficado vários meses de fora. Será curioso perceber se Lappi conseguirá fazer melhor do que fez em 2019. Obter vitórias não será nada fácil à M-Sport/Ford. Para isso contam com um Ford Fiesta WRC com um motor evoluído, mas só no segundo trimestre da época: “Quando chegar teremos mais potência, binário e maneabilidade”, disse Wilson, que concede não ser possível à equipa lutar pelos Construtores: “Não vamos ter três pilotos em todas as provas, mas vamos apontar para alguns eventos que podemos vencer. De resto, vamos voltar às nossas raízes, tendo uma equipa muito jovem, e voltamos a ter dois finlandeses de volta à família. Tivemos alguns resultados fantásticos com o Marcus (Grönholm), Mikko (Hirvonen) e Jari-Matti (Latvala), e agora estou ansioso para ver como se irá desenvolver esta próxima geração.”
Toyota Gazoo Racing WRT
A Toyota viu sair o ‘seu’ Campeão, Ott Tänak, mas pouco ficou a perder com a troca, já que passa a ter Sébastien Ogier na equipa. Não é uma aposta de futuro, mas para ‘reagir’ no imediato ao ‘Dream Team’ da Hyundai é uma movimentação perfeita, sendo que ao lado do francês vai estar Elfyn Evans, um piloto que é capaz de ganhar ralis. Por fim, a jovem esperança, o finlandês Kalle Rovanperä, piloto que muitos acreditam ser o próximo finlandês a ser Campeão do Mundo de Ralis. Também o ‘estagiário’ da Toyota, Takamoto Katsuta, terá um programa de seis provas com um WRC. Espera-se que a Toyota dê grande luta à Hyundai, já que, ao fim ao cabo é a equipa que mais tem ganhado ralis nos últimos dois anos. Resta saber como se adaptam Ogier e Evans a uma nova realidade. No Rali da Suécia haverá um quarto Yaris WRC para Jari-Matti Latvala, mas esta será uma participação esporádica. Para Tommi Mäkinen: “Por fora, o nosso carro parece similar, foi um conjunto que foi forte em muitas condições diferentes na temporada passada, mas estamos sempre a trabalhar para fazer melhorias e nesse contexto vamos entrar nesta temporada com um carro mais leve e mais potente. Estou confiante que os nossos novos pilotos se sentirão rapidamente confortáveis e que podemos apontar alto novamente nesta temporada.”