Ayrton Senna, 30 anos: Amigos endiabrados


Ayrton Senna não teve apenas inimigos enquanto passou pela F1.

O primeiro deles foi o belga Thierry Boutsen que, apesar de nunca ter sido seu colega de equipa (ou talvez por isso mesmo…), cedo entrou para o seu restrito círculo de amigos. Calmo e muito ponderado, Boutsen – quase sempre acompanhado pela esposa, Patricia, que o seguia para todo o lado – era colega frequente das noites depois das corridas, em discotecas e nos prolongados jantares de descompressão das corridas. Juntos, passaram férias por várias vezes em Angra dos Reis e era normal que viajassem em grupo, como dois pacatos casais de uma pacata vida mundana, onde dinheiro não era problema.

Mas o principal companheiro de Ayrton Senna, em especial enquanto ambos correram pela McLaren, foi o austríaco Gerhard Berger. Entre os dois nunca houve qualquer animosidade, com exceção talvez quando Senna quase parou ostensivamente, na última curva do GP do Japão de 1991, aceitando a contra gosto ordens da equipa que lhe ‘sugeriam’ oferecer o triunfo nessa corrida a Berger, pela grande ajuda que ele lhe fez ao longo da temporada.

Extrovertido e desbocado, Berger era o terror de Senna, sempre pronto a pregar-lhe partidas que nem ao diabo lembravam. Um dia, Senna arranjou uma mala tipo “James Bond”, que o acompanhava religiosamente para todo o lado. Garantia que era indestrutível e Berger resolveu tirar isso a limpo. Na véspera do GP de Itália de 1991, Senna pilotava o helicóptero que o iria levar do Hotel Villa d’Este, perto do lago Cuomo, onde estava hospedado, ao circuito de Monza. A bordo seguiam Ron Dennis e a esposa, Lisa e, claro, Berger. Além da caríssima pasta, onde estava o recente contrato com a McLaren para 1992, assinado de fresco. Quando se preparava para aterrar, já no circuito, mas ainda a mais de 150 metros de altura, Berger aproveitou uma distração de Ayrton, abriu rapidamente a porta e lançou fora a dita pasta perante o silêncio aterrorizado do casal Dennis.

Em terra, o controlador percebeu que alguma coisa tinha caído do “heli” e aterrado com estrondo numa nuvem de pó. Correu para lá e pegou estupefato na pasta, que realmente resistiu ao tombo e entregou-a a um espantado Ayrton. Que ficou furioso quando percebeu que as canetas que lá estavam dentro tinham rebentado sujando tudo com tinta!

Mas ‘pior’ foi mesmo o que sucedeu noutra ocasião, já Senna namorava com Adriane Galisteu que foi quem contou a ‘estória’ no seu livro em que conta a sua vida com Ayrton. A McLaren estava hospedada no mesmo hotel e Ayrton decidiu entrar no quarto que Berger ocupava, juntamente com a portuguesa Ana Corvo, então sua namorada. Rapidamente, pegou em toda a roupa do casal e mergulhou-a na banheira, que encheu de água quente e com todos os produtos que estavam à mão de semear. Saiu e ficou à espera da ‘vingança’. No jantar dessa noite, Berger e Ana chegaram com a mesma roupa com que tinham andado durante o dia e, nas semanas seguintes, nada aconteceu de anormal, para espanto e cada vez maior angústia de Senna.

Então, um belo dia, estava ele e Adriane no aeroporto de Buenos Aires, em pleno controlo de passaportes, quando o guarda, em vez dos habituais sorrisos e pedidos de autógrafos e após ir a uma sala interior, regressou e pediu secamente a Ayrton que o acompanhasse a essa sala.

Onde estava um oficial, com o passaporte do piloto nas mãos e cara de poucos amigos: “Senhor Ayrton, nós temos muito respeito pelo senhor, mas isto não!” E entregou o passaporte a Ayrton que descobriu, lívido que, no lugar da sua foto, estava a de uma pin up… em posição ginecológica explícita!

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