Rali de Portugal: Os ‘precipícios’ de Arganil
A agência Lusa difundiu hoje um artigo cujo título é
“Arganil traz algum risco para os pilotos porque tem menos árvores”.
No texto lê-se que “Arganil tem ribanceiras grandes, com desníveis
acentuados e, este ano, poucas árvores, por causa dos incêndios que dizimaram a
floresta. E esta já salvou muitos pilotos”, palavras de Rui Madeira. É
verdade, esse é um dos desafios de Arganil, mas essa é também uma realidade que
os pilotos de ralis conhecem há muito, e não é por Arganil ter estado fora do
CPR e do WRC tantos anos que só agora vão voltar a conviver com a realidade dos
precipícios nos ralis…
Quanto ao WRC, ainda agora os pilotos disputaram o Rali de Monte Carlo, e na maioria dos troços há zonas absolutamente arrepiantes… para o comum dos mortais, mas não para os pilotos de ralis. Trazendo a questão para o campeonato português, só quem não conhece o Rali Vinho Madeira não sabe a quantidade de estradas do rali que têm enormes declives e sendo verdade que em muitos casos as árvores resolvem depressa a questão duma qualquer saída, há muitas zonas que não é nada assim.
E não é só na Madeira, pois o Rali dos Açores tem zonas também assustadoras, por exemplo a Lagoa das Sete Cidades. Nem sequer o resto do campeonato ‘desconhece’ os precipícios. Troços do Marão, Cabreira, no Rali de Portugal, no novo Rali Amarante Baião, não faltam precipícios ou a prova não se realizasse em boa parte na Serra do Marão.
No artigo da Lusa, Rui Madeira recorda o acidente de Kenneth Eriksson (na foto), mas não foi em Arganil que existiu o maior acidente de sempre no Rali de Portugal, foi no troço do Malhão em 2009, quando Jari-Matti Latvala capotou serra abaixo quase duas dezenas de vezes. E está cá para contar a história: “Arganil tem um problema grave, que são as ribanceiras com desníveis muito grandes”. A única vez que uma parte de um troço do Rali de Portugal na zona de Arganil foi anulado por causa do perigo excessivo foi em 1992, quando se anularam os primeiros sete quilómetros do troço do Piódão, muito rápidos e com curvas de 90º com precipícios incríveis. Isso não existe no Rali de Portugal deste ano…
Quanto ao Rali de Portugal deste ano, o troço da Lousã, que
ainda não conhecemos bem, sabemos que a única zona que poderá ser mais
complicada, é a descida final, mas mesmo essa, sendo tão lenta, com ‘cotovelo’
atrás de ‘cotovelo’, não encerra qualquer perigo.
O troço de Góis, que é lindíssimo, tem uma zona o outro em que é ‘proibido’ sair, mas a dificuldade do troço não é excessiva, muito longe disso. A zona inicial é a subir, depois os concorrentes andam pelo topo da serra, zona rápida, mas longe dos precipícios, o troço entra depois numa zona bem mais sinuosa, sobe para o cruzamento da árvore, e daí ruma ao gancho do Sobral, numa zona que está efetivamente agora muito mais despida por causa dos incêndios, mas que não tem uma enorme dificuldade, já que é semi rápida. E os pilotos do WRC conhecem bem dos testes dos últimos anos. Depois do gancho do Sobral, fica muito sinuoso até final.
Quanto a Arganil, a zona inicial não tem precipícios perto
da estrada, a descida para o Sobral idem, o gancho do Pai das donas, sim é uma
zona aberta, com um bom precipício, mas não é local que historicamente tenha
havia saídas. Depois sobe para o Voo Live e só na descida para o Alqueve há uma
zona ou outra mais aberta. Nada que se compare, por exemplo, com o troço de
Malhada Chã, em que os pilotos passam sete quilómetros a olhar para o Piódão lá
em baixo. O artigo é apenas um pouco alarmista, mas nada que não se faça há
quarenta anos sem registo de acidentes demasiado graves. 40 anos! Os
precipícios nunca intimidaram os pilotos de ralis, não era agora que isso iria
acontecer…
Agora, que os troços são duros, isso ninguém duvide. O piso de Arganil não tem nada a ver com as autoestradas de Fafe, e é bem mais duro que o Marão e que a Cabreira. Mas estamos a falar de Arganil…
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