Em 2012 e pela primeira vez desde 1970, a grelha de partida do Mundial de Fórmula 1 não contou com a presença de qualquer piloto italiano, algo difícil de compreender quando falamos da pátria da Ferrari, Alfa Romeo e Maserati. Após cinco anos sem que um piloto italiano corresse na F1, Antonio Giovinazzi fez em 2017 dois Grandes Prémios com a Sauber, em substituição do lesionado Pascal Wehrlein.
Dois anos volvidos, Antonio Giovinazzi vai regressar à Fórmula 1, novamente com a Sauber, para correr ao lado de Kimi Raikkonen: “Já passou algum tempo, foi no início de 2017. Além disso, não foram fins de semana completos. Na Austrália, apenas estive presente no sábado e no domingo, já na China, os treinos de sexta-feira foram cancelados devido ao mau tempo. Estes foram tempos difíceis, mas, no próximo ano, tudo será melhor. Vou ter os testes de Barcelona para ganhar ritmo, e vou estar muito melhor preparado quando chegar a Melbourne”, disse recentemente o piloto.
Voltando aos italianos, se para a generalidade dos observadores é impossível dissociar a expressão maior do desporto automóvel da marca do Cavallino Rampante, idêntico discurso não se aplica aos pilotos transalpinos, já que, com honrosas exceções que se perdem na bruma dos tempos, poucos foram aqueles que deixaram registo digno de nota, traço de inconfundível qualidade e mestria.
Os 99 pilotos italianos que até agora participaram no Campeonato Mundial de Fórmula 1 e que estiveram presentes à partida de 785 Grandes Prémios apenas averbaram 43 vitórias e conquistaram o título mundial por três vezes, montante exíguo para os representantes de um país que ‘respira’ competição motorizada. Mas se no início tudo apontava para que o verbo a conjugar seria ‘vincere’, com Nino Farina a triunfar no Mundial de 1950 ao volante do Alfa Romeo 159, seguindo-se os títulos de Alberto Ascari em 1952 e 53 (Ferrari 500), rapidamente se constatou que os feitos destes dois grandes pilotos dificilmente seriam repetidos.
Atente-se que a primeira vitória de um italiano na Fórmula 1 coincidiu com a prova de estreia do Mundial e Nino Farina averbou no GP da Grã-Bretanha de 1950, o primeiro dos cinco triunfos que alcançou, enquanto que Ascari só despontava no ano seguinte, obtendo um conjunto de triunfos impressionantes em 1952 e 1953, 13 no total, ainda hoje o melhor registo de um piloto transalpino e mais do dobro do segundo classificado neste particular ranking, Riccardo Patrese. Só que Ascari triunfou 13 vezes em 32 Grandes Prémios disputados e Patrese necessitou de cumprir 256 para subir seis vezes ao degrau mais alto do pódio.
Depois de Farina e Ascari, iniciou-se a verdadeira travessia do deserto e com exceção de alguns ‘oásis’ competitivos os italianos na Fórmula 1 roçaram a fronteira da mediocridade, o que provocou ciclos terríveis e intermináveis em que não conseguiram triunfar: desde o GP da Itália de 1966 (Scarfiotti em Ferrari) até à Áustria 1975 (Vittorio Brambilla em March/Ford); deste último até ao GP do Mónaco de 1982 (Patrese em Brabham/Ford); do GP do Japão de 1992 (Patrese em Williams/Renault) até ao GP do Brasil de 2003 (Fisichella em Jordan/Ford). Muito pouco para quem, aparentemente, teria probabilidades de fazer bem melhor, mesmo não esquecendo o virtuosismo de pilotos como Michele Alboreto, Alessandro Nannini ou Jarno Truli, entre outros.
Muitos se interrogarão quais as razões que levaram a este estado de coisas num país onde um dos axiomas é a competizione. Falta de programação e preparação de alicerces ao longo dos tempos para lançar novos pilotos, claro que sim, mas acima de tudo um gigante chamado Ferrari que, tal como o eucalipto tem a insanável característica de secar tudo à sua volta, congregando todos os esforços e corporizando todas as atenções. A necessidade de conquistar títulos, de fazer jus aos seus pergaminhos levou a Ferrari a sacrificar no altar da vitória qualquer solução que não permitisse a conquista imediata de resultados, mesmo que esse tipo de opção viesse a revelar-se incorreta. Em Maranello apostar em pilotos italianos nunca foi política prioritária e para isso também contribuiu, e muito, a pressão da comunicação social transalpina sempre pronta a exigir e muito pouco dada a condescender. Se acaso subsistissem dúvidas bastava, atentar ao que sucedeu em 2009, quando após o acidente no GP da Hungria, Felipe Massa foi substituído, primeiro por Luca Badoer e depois por Giancarlo Fisichella.
Não é necessário ser perito em consultas de opinião pública para constatar que qualquer tifosi digno do seu nome (e são muitos) prefere a vitória de um Ferrari, mesmo que tripulado por um apátrida, do que o triunfo de um piloto italiano em qualquer outro monolugar. Para o ano, vai haver um piloto italiano, aos comandos de um…Alfa Romeo (Sauber). Não é provável que este binómio esteja em condições de vencer, mas ter Alfa Romeo e Giovinazzi juntos já é um começo…
A Itália, que entre muitas outras virtudes, apoiou a participação da primeira mulher na Fórmula 1, Maria Teresa de Filippis em 1958, necessita urgentemente de um piloto de Fórmula 1 com o carisma de Valentino Rossi no MotoGP, alguém que mesmo sem ter a capacidade de ofuscar o grande símbolo Ferrari possa, pelo menos, deixar no ar algumas interrogações pertinentes. Estamos certos que este acidente de percurso tem feito ‘mexer’ com os decisores italianos e, em breve, para além de Giovinazzi, a situação regressará à normalidade com os pilotos italianos a reocuparem o seu lugar na grelha de partida dos Grandes Prémios de Fórmula 1. Luca Ghiotto, Alessio Lorandi e Antonio Fuoco estão na Fórmula 2 e Leonardo Pulcini na GP3, portanto, estão na luta para chegar ao topo….
Alberto Ascari: O melhor de Itália
Alberto Ascari, nascido em Milão a 13 de julho de 1918 é, sem sombra de dúvida, o piloto italiano com melhor palmarés no Mundial de Fórmula 1. As suas 32 participações em Grandes Prémios saldaram-se por 13 triunfos, 14 pole positions, 12 voltas mais rápidas, pela conquista de dois títulos mundiais (1952 e 1953) e ainda hoje detém o recorde do maior número de vitórias consecutivas, nove, obtidas ao volante do Ferrari 500 em 1952.
Ascari iniciou-se em competição nas duas rodas e, pela primeira vez, tripulou um automóvel de competição nas Mille Miglia em 1940, tinha então 22 anos de idade. Após a II Guerra Mundial, Ascari ingressou na Maserati no final da década de 1940, mas rapidamente passou para a Ferrari. Após o domínio Alfa Romeo nos dois primeiros anos do Mundial de F1, o piloto italiano impôs o competitivo Ferrari 500 em 1952 e 1953 sagrando-se Campeão Mundial.
Após ter passado pela Lancia e pela Maserati sem registo de grandes sucessos e na altura em que apostava tudo no Lancia D50 para regressar às vitórias, Alberto Ascari morreu num acidente em Monza quando testava um Ferrari de sport, decorria o ano de 1955.
Copyright © 2015 Autosport | Ficha técnica | Estatuto editorial | Política de privacidade | Termos e condições | Informação Legal | Como anunciar
E-mail Marketing certified by:
Egoi