GP do Canadá 2007: O primeiro triunfo de Lewis Hamilton


Lewis Hamilton teve um fim-de-semana perfeito em Montreal, ganhando a partir da pole position e liderando de principio a fim, assegurando a liderança isolada do Mundial e continuando a sua série impressionante de pódios, pois até hoje terminou todos os Grande Prémios que competiu entre os três primeiros

O jovem piloto inglês começou a ganhar o GP do Canadá logo na primeira curva, quando resistiu aos ataques de Heidfeld e Alonso e manteve a primeira posição, enquanto o seu companheiro de equipa falhou o seu ponto de travagem e caiu para a terceira posição, depois duma espectacular passagem sobre a relva. Com Heidfeld atrás de si Hamilton não teve dificuldades em aumentar a sua vantagem, pois sabia que era uma questão de tempo até Alonso superar o piloto da BMW – quanto mais não fosse durante os reabastecimentos – e tentou ganhar o máximo de tempo possível face ao Bicampeão do Mundo.

Tendo a felicidade de reabastecer pela primeira vez imediatamente antes do Safety Car entrar em pista, Hamilton ficou na posição ideal para conseguir o primeiro triunfo da sua carreira e mesmo se daí para a frente as sucessivas neutralizações da prova lhe retiraram por quatro vezes a vantagem que tinha sobre Heidfeld, nunca perdeu a concentração, não cometeu o mais pequeno erro e ganhou com enorme autoridade logo numa pista onde nunca tinha competido.

Dedicado ao pai Como é natural a felicidade de Lewis Hamilton era enorme no final da prova, dedicando este seu primeiro triunfo em Grandes Prémios ao seu pai Anthony: «Sem ele eu nunca teria chegado aqui. Ainda não falei com ele, mas vi-o do pódio e ele tinha lágrimas nos olhos. Sei bem que ele está a sentir porque teve uma infância complicada, perdeu a sua mãe quando era muito novo e agora está a ver a sua pequena família a sair-se bem e isso enche-o, obviamente, de orgulho e satisfação.»

Falando da corrida o piloto inglês admitiu que, «o momento mais complicado foi na primeira curva, pois não arranquei muito bem e tinha o Heidfeld a tentar passar- me por dentro. Tapei-o mas tive de travar cedo e foi ai que vi o Alonso por fora, o que me fez pensar que ia perder a primeira posição. Mas ele seguiu em frente e acabou por atravessar a segunda curva mesmo à minha frente, mas sem nos tocarmos. Daí para a frente foi uma questão de manter a concentração e evitar erros, e desse ponto de vista acredito que as situações de Safety Car até penso que jogaram a meu favor.»

Hamilton tem agora oito pontos de vantagem sobre Alonso no Mundial e poderá gerir essa vantagem em Indianapolis – outra pista que não conhece – mesmo se pelo que vimos ontem jogar á defesa não faz parte do seu dicionário! E ainda bem que assim é, porque se trata dum dos maiores talentos da história da Fórmula 1 e esta precisa é de pilotos de ataque. Alonso arriscou e perdeu Tal como em Barcelona, Fernando Alonso quis arriscar tudo na primeira curva e voltou a perder. Mais do que a queda para a terceira posição, com o seu erro na primeira travagem, foi o facto do seu MP4/22 ter ficado

menos eficaz em travagem daí para a frente – não sabemos se devido a problemas de travões, ou por ter perdido alguma peça que dá apoio aerodinâmico, na sua passagem sobre a relva – acabando por sair de pista em mais quatro ocasiões, o que só pode ter acontecido por problemas técnicos.

No final o piloto espanhol sofreu ainda a humilhação suprema de ser passado pelo Super Aguri de Takuma Sato, quando não pode discutir a travagem para a chicane com o japonês, terminando apenas na sétima posição no final duma corrida que quererá esquecer rapidamente.

Acidente de Kubica ensombra o dia

Para a BMW o dia de ontem foi de emoções muito contrastantes. Logo no início da corrida os alemães ficaram em êxtase com a passagem de Nick Heidfeld para a segunda posição e a ganhar vantagem sobre Fernando Alonso, o que superava os sonhos mais ousados de Mario Theyssen e companhia.

Mas isso passou para segundo plano quando Robert Kubica sofreu um pavoroso acidente a meio da 28ª volta e todos temeram pela sua sobrevivência. O polaco estava a tentar ultrapassar Jarno Trulli na ligeira esquerda que antecede a travagem para o gancho, mas um desentendimento entre os dois levou a que um ligeiro contacto atirasse o BMW para fora de pista, quando Kubica já estava a fundo em sexta velocidade, a cerca de 280 km/hora. O BMW F1.07 passou sobre o corrector e começou a levantar voo quando entrou na relva, e bateu quase sem perder velocidade no muro que delimita a pista naquele ponto, ressaltando para o meio do asfalto, e capotando por duas vezes. Kubica ficou inconsciente logo no primeiro impacto e a imagem do polaco imóvel no habitáculo do seu F1.07, com o carro alemão semi-capotado, sobre o lado direito, deixou todos os presentes no circuito a temerem o pior.

Pouco a pouco as informações acerca do estado de saúde do talentoso piloto de Leste foram emergindo e para surpresa geral o seu próprio manager, Daniele Morelli, conseguiu chegar à fala com Kubica quando este ainda estava no centro médico do circuito. Segundo o italiano, «o Robert está consciente e pareceu-me bem, pois trocámos algumas impressões e ele estava muito perto da sua disposição normal».

Segundo fontes do circuito Robert Kubica foi transportado para um hospital da cidade com suspeitas de fractura na perna direita, mas o facto do polaco ter sobrevivido a um impacto tremendo sem sofrer lesões demasiado graves demonstra que ao menos na segurança dos monolugares a FIA está a fazer um bom trabalho.

Ferrari derrotada em toda linha

Ferrari fosse tão competitiva como a McLaren, os F2007 nunca pareceram capazes de entrar na luta pela vitória e o dia acabou com Raikkonen a recolher apenas quatro pontos para a Scuderia, que está a perder rapidamente o contacto com a McLaren nos dois Campeonatos. Mesmo quando tiveram pista livre à sua frente nem Massa nem Raikkonen tiveram andamento para se aproximarem do BMW de Nick Heidfeld, o que é preocupante e demonstra que a Ferrari não tem conseguido desenvolver o seu monolugar ao mesmo ritmo das suas principais rivais. Raikkonen voltou a cometer alguns erros, parecendo sofrer lapsos de concentração em momentos-chave da corrida.

O finlandês acabou por terminar na quinta posição, mas perdeu o contacto com Wurz e Kovalainen nas últimas voltas, pois estava em dificuldades com os travões. Se a nível interno conseguiu reduzir a distância para Massa, no Mundial não se mostrou capaz de liderar a equipa depois do brasileiro ter sido desclassificado. Massa desclassificado Após ter sido batido na qualificação por Kimi Raikkonen, Felipe Massa conseguiu dar a volta ao texto logo nos primeiros momentos da corrida, quando passou o seu companheiro de equipa. depois só passou Alonso quando este errou pela terceira vez na entrada da

primeira curva, mas a partir daí as coisas começaram a complicaram-se para o brasileiro.

Tendo esperado que o “pit lane” abrisse depois da primeira situação de Safety Car, Massa não se apercebeu que o sinal vermelho na saída das boxes estava aceso e, tal como Fisichella, passou-o sem olhar, mas as novas regras são mesmo complicadas – porque é que a entrada das boxes está aberta e a saída fechada? – e o brasileiro acabou por ser desclassificado. Isto depois de 26 voltas em que esteve em pista… para o boneco.

O resultado da corrida de ontem foi mesmo o pior possível para a Scuderia, que tem Massa já a 15 pontos e Kimi a 21 pontos de de Hamilton no Mundial, diferenças que começam a ser difíceis de recuperar. Pior ainda é a situação no Mundial de Construtores, onde a vantagem da McLaren já é de 28 pontos. Daí que o próximo fim de semana seja crucial para a Ferrari e só uma dobradinha poderá colocar a Scuderia no caminho da necessária recuperação de pontos face à McLaren.

CLASSIFICAÇÃO

1 Lewis HAMILTON McLaren Mercedes 70  1h 44m 11.292s
2 Nick HEIDFELD BMW Sauber BMW 70 +04.343s
3 Alexander WURZ Williams Toyota 70 +05.325s
4 Heikki KOVALAINEN Renault Renault 70 +06.729s
5 Kimi RAIKKONEN Ferrari Ferrari 70 +13.007s
6 Takuma SATO Super Aguri Honda 70 +16.698s
7 Fernando ALONSO McLaren Mercedes 70 +21.936s
8 Ralf SCHUMACHER Toyota Toyota 70 +22.888s
9 Mark WEBBER Red Bull Renault 70 +22.960s
10 Nico ROSBERG Williams Toyota 70 +23.984s
11 Anthony DAVIDSON Super Aguri Honda 70 +24.318s
12 Rubens BARRICHELLO Honda Honda 70 +30.439s
ab Jarno TRULLI Toyota Toyota 58 Acidente
ab Vitantonio LIUZZI Toro Rosso Ferrari 54 Acidente
dsq Felipe MASSA Ferrari Ferrari 51 Não respeitou sinais vermelhos
dsq Giancarlo FISICHELLA Renault Renault 51 Não respeitou sinais vermelhos
ab Christijan ALBERS Spyker Ferrari 47 Acidente
ab David COULTHARD Red Bull Renault 36 Cx. Velocidades
ab Robert KUBICA BMW Sauber BMW 26 Acidente
ab Adrian SUTIL Spyker Ferrari 21 Acidente
ab Scott SPEED Toro Rosso Ferrari 8 Colisão
ab Jenson BUTTON Honda Honda 0 Cx. Velocidades

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