MEMÓRIA, Petter Solberg: “Incrível ter passado por isso sem um arranhão”
A propósito do recente acidente de Ott Tanak, recordamos um momento igualmente arrepiantes, vivido há 20 anos por Petter Solberg no Rali da Alemanha: “O Rali da Alemanha é um rali que para mim tem muitas lembranças, mas nem todas boas. Em 2004, sofri lá um dos piores acidentes de toda a minha carreira! Mesmo agora, ainda acho é incrível ter passado por isso sem um arranhão. E uma semana depois ter vencido o Rali no Japão foi uma sensação incrível”, recordou.
Rali da Alemanha 2004
“Um dos factos marcantes deste Rali da Alemanha foi a verdadeira hecatombe de desistências entre os pilotos oficiais, com o denominador comum a serem as saídas de estrada! Primeiro foi Gronholm que viu o 307 WRC “começar a deslizar e a traseira bater em algo, depois de ainda acelerar para tentar corrigir a trajetória do carro”. Uma classificativa depois, Daniel Solà “encolheu” a frente do Lancer WRC04, de tal modo que alguns órgãos mecânicos do carro entraram no “cockpit”. Já na segunda etapa, Panizzi explicou que “estava a travar quando pisei relva ao fazer a trajetória e o carro bateu numa árvore, deslizando depois 200 metros e batendo muito violentamente noutra árvore”. Três troços mais à frente foi a vez de Roman Kresta arrancar duas suspensões ao Skoda Fabia WRC e ficar também fora de prova, no mesmo troço em que Petter Solberg destruiu o Impreza WRC2004, após “um salto numa lomba que não colocou o carro na trajetória ideal e que o levou a capotar diversas vezes”. Quanto a sequelas dos acidentes, todos os pilotos e navegadores saíram ilesos. Talvez o caso mais grave tenha sido o de Phil Mills que apesar de não ter tido qualquer fratura foi obrigado a passar a noite de sábado no hospital, mas por mera precaução”.
Rali do Japão 2004: Solberg sozinho em casa
Petter Solberg fez as honras da casa no Rali do Japão. Inspirado nos fãs da Subaru, o Campeão do Mundo apresentou na ementa uma “lição de condução”, bem recheada com “ausência de erros”. Um prato sem dúvida delicioso, mas que não desconcertou Loeb ou não tivesse o alsaciano ficado a a somente 10 pontos do título de Pilotos. Aguardam-se, com expectativa, as cenas dos próximos capítulos…
Apesar de ambos ser estrelas de “Hollywood” (cada um à sua maneira), provavelmente o pequeno ator Macauley Culkin não conhece Petter Solberg. Não conhece, mas mesmo sem o saber, inspirou o rali do Campeão do Mundo que, ao volante dum Subaru Impreza sem um único arranhão, triunfou no Rali do Japão, ficando “Sózinho em casa”. Se é vulgar dizer-se que para um piloto finlandês é mais importante vencer o Rali da Finlândia do que ser Campeão do Mundo, então para uma marca japonesa triunfar em casa é também mais significativo que conquistar um título. Perante o entusiasmo de milhares de fãs e do testemunho de Kyoji Takenada (o patrão da CEO Fuji Heavy Industries Ltd ou, por outras palavras, da Subaru), Petter Solberg não só quebrou o “enguiço” de três desistências consecutivas, como desenhou uma vitória perfeita, alicerçada em 13 triunfos em Especiais (um índice de sucesso de praticamente 50%) e numa liderança que nunca esteve em causa e que se foi solidificando da primeira à 27ª classificativa.
Em sentido prático, isto significa que a o norueguês voltou, recuperando dois lugares na corrida ao título de Pilotos, sendo agora novamente a sombra mais ameaçadora de Loeb. Duas semanas depois do seu terrível acidente no Rali da Alemanha, o triunfo nipónico foi o melhor que lhe podia ter acontecido…