F1: Renault admite que subestimou o desenvolvimento dos motores

Desde a introdução das novas unidades motrizes que a Renault tem tentando acompanhar o desenvolvimento da Ferrari e da Mercedes, sem grande sucesso. A pouca agressividade na busca de soluções foi sempre um dos pontos de discórdia entre os franceses e a Red Bull, que nunca se cansou de pedir mais e melhor.

Em declarações ao autosport.com, Cyril Abiteboul admitiu que a Renault subestimou a capacidade de desenvolvimento destas unidades motrizes:

“Acredito que subestimamos o potencial desta unidades motrizes. Estamos há quatro anos com este conjunto de regulamentos e esperaríamos estar a ver uma curva de desenvolvimento menos acentuada, o que é o caso na Mercedes, mas o recente desenvolvimento da Ferrari vem-nos provar que tal é ainda possível. Não sabemos como mas é possível e é algo que não devermos alcançar neste período. Temos de dar passos maiores e tomar mais riscos, sem colocar a fiabilidade em causa.”

2019 será um ano importante para a Renault. Além das novas regulamentações que poderão permitir um salto maior na performance do chassis, caso o trabalho seja feito com qualidade, a equipa recebe Daniel Ricciardo, um piloto unanimemente considerado um dos melhores da actualidade e que irá colocar mais pressão na equipa. A Renault ficará com uma dupla fortíssima e capaz de enfrentar qualquer dupla da actualidade e como tal está tudo nas nas mãos dos engenheiros :

“Temos a capacidade de melhorar, colocar mais potência, mais apoio aerodinâmico, mais aderência no carro, mas fazemos essas melhorias ao ritmo dos concorrentes, o que não é mau, mas não nos permite diminuir a distância em relação a eles. “

A vontade de tomar mais riscos implica um investimento maior, e a estrutura de Enstone tem menos 30% de Staff que a Mercedes ou a Ferrari. No entanto a possibilidade de um tecto orçamental poderá levar a equipa a não fazer esse investimento pois de nada serve crescer para de seguida ter de diminuir de novo o tamanho da operação.

“Eficiência é a palavra de ordem para acelerar o que temos de fazer ao nível do chassis. No motor a situação é diferente só temos de aumentar um pouco o ritmo a que estamos a desenvolver o motor.”

Desde a entrada da Renault em 2016 que a equipa tem dado passos sólidos em frente. O primeiro ano foi um ano zero pois os franceses não tiveram tempo de colocar um plano em prática e tiveram de usar o trabalho feito pela Lotus, que já na altura não tinha a capacidade para acompanhar o ritmo da maioria. 2017 foi o primeiro ano “a sério” da Renault, que deu um sexto lugar. Para este ano o quarto parece bem encaminhado, o que está dentro do plano da marca do losango, mas os responsáveis querem começar a incomodar os homens da frente e para isso têm de mostrar mais. A Mercedes e a Ferrari tem mostrado uma capacidade tremenda ao nível da evolução dos seus carros e a Red Bull tem um chassis de top, restando apenas encontrar o motor certo para o potenciar. A Renault não tem ainda um chassis ao nível do top 3 e motor precisa de mais desenvolvimento, daí as declarações de Abiteboul. Será a Renault capaz de encontrar um atalho ou acelerar o seu desenvolvimento? Só assim poderá ambicionar voltar a ser campeã.