F1, Notas AutoSport: Force India rumo a um novo futuro
Este ano a Force India faz 10 anos de competição. São 10 anos de evolução gradual, trabalho bem feito e eficiente, que tiveram o ponto alto em 2016 e 2017. A estrutura de Silverstone foi das poucas equipas que conseguiu crescer sem contar com orçamentos faraónicos, utilizando sempre menos recursos que equipas grandes, mas conseguindo por vezes igualar a performance dos que gastavam o dobro.
A gestão financeira tornou-se num número de contorcionismo, que passou a ser mais difícil de fazer a cada ano, até porque as contas iam acumulando e depois de dois anos excelentes, a equipa sofreu as consequências. 2018, tal como em outras ocasiões, começou a meio gás. A equipa começou a testar com o chassis do ano passado com ligeiros upgrades enquanto o carro de 2018 era finalizado. Para já tem sido um ano de altos e baixos, mas sempre com a habitual capacidade da Force em encontrar soluções para os problemas. A luta pelo quarto lugar ia sempre ser muito mais difícil que nos anos anteriores até porque a Renault iria apresentar-se mais forte e esperava-se que a McLaren fizesse o mesmo, mas afinal foi a Haas a assumir esse papel. Mas mesmo assim a equipa mantém na luta e o futuro pode ser mais risonho.
O filme até agora
Na Austrália a equipa estreou o novo carro que, como esperado, ainda não estava no ponto e precisava de rodar mais. Não foi uma corrida boa para a Force. Perez quase conseguia chegar-se aos pontos e Ocon teve um primeiro stint fraco e não lhe permitiu fazer muito mais do que 12º. As melhorias no carro foram chegando e no Bahrein foi colocada uma asa nova que se esperava trouxesse mais performance. Mas esta nova evolução não teve os efeitos desejados e a peça foi rejeitada, algo raramente visto na Force, especialmente desde o uso do túnel de vento da Toyota. A equipa teve de usar a configuração anterior e obviamente os ganhos do carro não foram os que se antecipavam. Perez ficou com a corrida arruinada logo na primeira curva com o toque de Hartley, Ocon esteve envolvido em várias lutas e conseguiu um ponto para a equipa. Na China o cenário não foi muito melhor e a evolução avançava em ritmo lento.
Até que chegou a prova do Azerbaijão e a Force India surpreendeu. A estratégia certa e um Perez ao mais alto nível permitiu que a Force conquistasse um pódio, com o terceiro lugar do mexicano (segunda vez no pódio em Baku) que nas voltas após o recomeço da corrida (depois do incidente com os Red Bull) lutou muito para manter a posição enquanto os pneus não aqueceram (o mexicano disse que foram as duas melhores voltas da sua carreira). Um toque no início da corrida, uma penalização de 5 segundos e um recomeço em desvantagem não evitaram o pódio da Force, numa corrida louca. Ocon ficou arredado demasiado cedo com um incidente de corrida com Kimi Raikkonen.
As primeiras corrida foram complicadas para o francês, que nem na prova Espanhola teve a sorte do seu lado. Além de um pit stop desastroso, em que um pedaço de fita cola atrapalhou o processo (20 seg. perdidos), a sua unidade motriz perdeu pressão de óleo, o que obrigou à desistência. Já Perez voltou a estar muito bem, fez uma corrida muito sólida e conquistou mais alguns pontos preciosos.
Foi preciso esperar até a prova do Mónaco para vermos Ocon em destaque. O francês precisava de pontos como de pão para a boca e alcançou o objectivo com uma boa exibição. A Force India poderia ter feito no Mónaco uma boa prova, mas infelizmente Pérez ficou arredado dos pontos devido a uma paragem mais lenta. Mais uma vez a Force teve problemas na troca de pneus (segunda corrida consecutiva) e estragou a corrida ao mexicano.
As melhorias no andamento foram-se consolidando e no Canadá a Force voltou a apresentar-se em bom nível, embora o resultado prático tenha sido pobre. Perez, ficou fora da luta pelos pontos depois do toque com Sainz que o obrigou a regressar as boxes mais cedo, enquanto Ocon não teve a sorte do lado dele com a paragem mais lenta nas boxes que o fez cair para o nono. Na França foi um fim de semana para esquecer com zero pontos amealhados. Na qualificação foi Ocon a levar a melhor sobre Perez, mas não teve hipótese de mostrar mais na sua corrida, com um incidente na corrida que o deixou de fora. Embora Perez não tenha estado tão bem na qualificação, estava encaminhado para um resultado positivo na corrida, mas o novo motor não aguentou a exigência e cedeu. Um fim de semana sem pontos de uma equipa que deveria ter dois carros no top 10.
Na Áustria o cenário foi bem mais positivo apesar de uma qualificação menos conseguida. Uma equipa determinada e dois excelentes pilotos conseguem sempre um pouco mais do que se espera. Perez fez uma recuperação muito boa e até sonhou com um lugar no top 5, mas não teve andamento para chegar a Magnussen. Ocon facilitou a tarefa do mexicano e, com ordens da equipa, abriu a porta a Checo, na condição de regressar ao sexto posto, caso o ataque do seu colega de equipa ser revelasse infrutífero. Assim aconteceu, todos cumpriram a sua parte do “contrato” e o francês acabou no sexto posto e Perez com o sétimo.
Na Grã Bretanha começou a sentir uma mudança de forças dentro da equipa, com Ocon a destacar-se mais. Embora Perez tenha começado mais forte, era Ocon a assumir-se como estrela da equipa. Perez “disfarçou-se” de Grosjean com um erro pouco habitual na largada e acabou cedo com as poucas hipóteses que tinha de brilhar enquanto Ocon largou bem e conseguiu subir até ao sétimo lugar final.
Na Alemanha, não foi um fim de semana fácil para a Force India, mas acabou da melhor forma. Esteban Ocon teve uma qualificação para esquecer e explicou que a falta de tempo em pista comprometeu a sua prestação no sábado. A FP1 esteve ao cargo de Nicholas Latifi e como a FP3 foi feita sob chuva intensa, na prática, Ocon teve apenas um treino. Mas compensou isso na corrida, com um excelente andamento e uma recuperação de sete posições. Pérez teve uma qualificação muito melhor, mas na corrida não escapou aos sustos e um pião quando a pista estava mais escorregadia poderia ter acabado com a tarde do mexicano. A estratégia da equipa, que deixou os pilotos em pista, sem arriscar troca para intermédios, resultou e ambos acabaram nos pontos, no que acabou por ser um fim de semana positivo.
Por fim a Hungria, que não costuma ser muito hospitaleira com a Force, numa pista onde tradicionalmente se dão mal. Foi novamente o caso e nem Ocon nem Pérez foram capazes de contrariar isso, mais ainda com a situação financeira da equipa a causar alguma perturbação, especialmente no mexicano.
As últimas corridas já tinham o fantasma da insolvência a pairar e as férias de verão vieram na altura certa. Quando a equipa regressar à competição terá um novo dono, as dívidas a caminho de serem saldadas e dinheiro para implementar as tão desejadas melhorias que deverão permitir um aumento na competitividade da equipa. A Force esteve perto do colapso mais foi salva a tempo, para bem da F1.
Ocon Vs Perez
O confronto Ocon Vs Perez está mais uma vez muito equilibrado. Perez começou melhor, mas Ocon recuperou e estão agora separados por apenas um ponto. A convivência nesta fase é bem melhor do que há um ano atrás e ainda bem para a Force India, que não precisava das querelas do ano passado nesta fase. São ambos excelentes pilotos e a equipa tem beneficiado do seu talento. Em qualificação Perez tem sido arrasado e apenas por três vezes conseguiu ficar à frente de Ocon (um ponto fraco do mexicano desde os primeiros tempos na F1). Em corrida Perez ficou apenas por 4 vezes à frente do Sr Regularidade (Ocon), que embora tenha começado mal o ano (os três abandonos não o ajudaram) não perdeu a compostura e mostrou a sua qualidade. Para já a vantagem vai para Ocon mas agora de cabeça limpa e sem os problemas financeiros para o distrair, Perez poderá focar-se no que realmente interessa e melhorar a sua performance.
O que esperar da segunda metade da época?
Espera-se uma segunda metade mais consistente por parte da equipa. Agora com mais fundos e com a situação financeira finalmente resolvida, a equipa poderá olhar para o futuro com mais ânimo e tentar chegar ao quarto lugar. Deverá ser uma tarefa difícil pois a Renault tem mais meios, mas a luta pelo top 5 estará ao rubro com a Haas e a McLaren também na luta. Resta saber que tipo de investimento será feito na equipa mas se as pessoas que agora assumem o leme quiserem fazer crescer a equipa de forma séria, a F1 pode ficar a ganhar com uma Force mais… forte.
Notas meio da época
Sérgio Perez: Nota 7
Esteban Ocon: Nota 8
Force India: Nota 7
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