24 Horas de Le Mans: Sabia que…

Por a 14 Junho 2018 09:14

A história das 24 Horas de Le Mans é riquíssima, e é dos detalhes que vem muito dessa riqueza. Aqui ficam alguns exemplos…

– O canadiano John Duff, que venceu as 24 Horas de Le Mans com um Bentley em 1924, foi duplo de Gary Cooper, no filme Beau Sabreur de 1928?

– Jacky Ickx venceu a prova de 1969, apesar de não ter corrido para o seu Ford GT40 na hora da largada, como forma de protesto pelo tipo de largada “tipo Le Mans” que o belga considerava perigosa e um incentivo aos pilotos começarem a corrida sem os cintos de segurança apertados. John Woolfe morreu num acidente logo na largada, dando razão a Ickx.

– Jean Rondeau, piloto natural de Le Mans, venceu a prova de 1980 com um carro com o seu nome e feito por si, o Rondeau M379D/Cosworth (na companhia de Jean Pierre Jaussaud), mas acabou morto numa passagem de nível quando o seu carro foi atingido por um comboio em dezembro de 1985?

– A primeira vitória de Tom Kristensen aconteceu em 1997, ao volante do TWR Porsche WSC-95 da Joest Racing, depois de ter sido chamado à última da hora para substituir Davy Jones, lesionado devido a um acidente?

– Que foi Dan Gurney, vencedor das 24 Horas de Le Mans de 1967 com um Ford GT40 na companhia de A.J.Foyt, o primeiro a oferecer um banho de champanhe para celebrar a vitória, instituído a hoje tradicional celebração de vitória com champanhe? E que Gurney e Foyt foram, até hoje, a única equipa totalmente norte americana (pilotos, carro e equipa) a vencer Le Mans, batendo todos os recordes da época (volta mais rápida, maior distância percorrida, o maior motor a ganhar)? Disse na época o piloto americano que “estava Henry Ford e a sua ‘entourage’ junto de nós no pódio e estava tão feliz, mas tão feliz de termos acabado de bater a Ferrari que não me lembrei de mais nada senão fazer jorrar o champanhe pelo que deu um banho a toda a gente que estava em nosso redor.”

– Que Bertrand Gachot, dois meses depois de ganhar a prova em 1991 ao volante de um Mazda 787B na companhia de Volker Weidler e Johnny Herbert, foi preso em Londres por ter atacado um motorista de táxi com gás pimenta?

– Que Johnny Dumfries, vencedor em 1988 com um Jaguar XJR-9LM (com um motor Jaguar V12 com 7 litros) tendo como colegas de equipa Jan Lammers e Andy Wallace, é o 7º Marques de Bute, uma ilha escocesa?

– A Porsche inscreveu um 917/20 pintado de cor de rosa, altamente modificado para servir como mula de testes para o campeonato Can-Am e para as alterações aerodinâmicas de baixo arrasto dos outros 917, com os nomes dos cortes de carne como acontecia no talho? Sabe como se chamava o carro? “Der Truffeljager von Zuffenhausen” (em honra de uns porcos usados para farejar encontrar trufas na floresta negra) ou como ficou mais conhecido “Pink Pig”. A Porsche recuperou o desenho na edição deste ano com um dos 911 RSR oficiais. O outro carro tem as cores que pintavam os Porsche quando tinham o patrocínio da Rothmans.

-Os “Art Car” são uma tradição de Le Mans e designers famosos criaram carros para a BMW, marca que abraçou este conceito. O primeiro foi Roy Lichenstein (1977) com o BMW 320i pilotado por Herve Poulain e Marcel Mignot (foram 9ºs classificados), seguindo-se Andy Warhol (1979) com um BMW M1 pilotado por Manfred Winkelhock, Marcel Mignot e Hervé Poulain (foram 6º classificados), Jenny Holzer (1999) com o BMW V12 LMR que, infelizmente, não chegou a competir e Jeff Koones (2010) com o BMW M3 GT2 pilotado por Andy Priaulx, Dirk Muller e Dirk Werner, que abandonou após 53 voltas.

– As partidas tipo Le Mans começaram com os carros de um lado da pista e os pilotos do outro lado a correrem para começarem a prova, quando a bandeira francesa era agitada, fazendo pegar os motores e saindo sem ajuda. Os carros eram alinhados através da capacidade dos motores, com os maiores na frente. Com os pilotos a cumprirem as primeiras voltas com os cintos desapertados – uma invenção recente para a época – e alguns sem sequer apertarem os cintos, sucediam-se os acidentes e várias mortes ocorreram. Stirling Moss “inventou” uma nova partida com o carro parado já com a primeira engatada. Quando o piloto saltava para o banco e sem embraiagem colocava o motor em andamento, imediatamente começava a andar. Em 1970 a partida tipo “Le Mans” foi alterada, com os carros parados na mesma forma, mas com os pilotos dentro dos carros e já apertados. Em 1971, este procedimento de partida foi abolido e desde então a corrida começa com uma partida lançada.

– A inspiração para a Porsche manter o canhão (quando existe, claro) da ignição do lado esquerdo da coluna de direção, tem a ver com a partida tipo Le Mans? Com a ignição do lado esquerdo o piloto conseguia ligar o motor e com a mão direita engatava a primeira velocidade e saia mais depressa que os outros que tinham de fazer tudo com a mão direita.

– Apesar da prova ser realizada desde 1923, a edição 2018 da grande prova francesa é, apenas, a 86ª corrida disputada em Le Mans? Tudo porque em 1936, no pico da Grande Depressão, a prova foi cancelada devido a uma greve dos trabalhadores franceses e entre 1940 e 1948, a Segunda Guerra Mundial e a recuperação do país anularam toda e qualquer manifestação no circuito situado nos vales de La Sarthe.

– Nem sempre as 24 Horas de Le Mans foram realizadas no segundo ou terceiro fim de semana do mês de junho? Houve três as edições que não foram disputadas nessa data: em 1923 a corrida foi antecipada para o mês de maio; em 1956, decidiu o ACO realizar a corrida em julho; em 1968, foi adiada para setembro.

– Só desde 1980 é que se tornou obrigatório ter três ou mais pilotos a dividirem um carro? Antes disso o mais comum era um par de pilotos por carro, mas nos anos 50 do século passado, alguns tentaram fazer a corrida a solo. O perigo que essa situação exibia levou o ACO a impor um número mínimo de horas de condução, tornando inviável alguém conseguir fazer aprova sozinho ao não permitir que cada piloto estivesse em pista mais de 80 voltas e nenhum piloto poderia conduzir mais que 18 horas durante as 24 horas de prova. O primeiro trio de pilotos a ganhar em Le Mans foi Jochen Rindt (alemão), Masten Gregory e Ed Hugus (ambos americanos), ao volante de um Ferrari 250LM da North American Racing Team em 1965. A última dupla a vencer em Le Mans foi Klaus Ludwig e Henri Pescarolo (Porsche 956) em 1984, dividindo entre eles os 4900,276 km cumpridos pelo carro em 359 voltas.

– Que a Porsche venceu a corrida de 1994 com uma versão de estrada do mítico 962? O ano de 1994 foi o de charneira entre o fim do regulamento do Grupo C e o nascimento do GT1, categoria que tinha como base carros desportivos de estrada. Como sempre sucede nestas coisas, o regulamento não era claro ou específico e a Porsche percebeu o “buraco” legal que a questão do carro de estrada deixou aberto. Pegou no 962 de competição, refinou-o aerodinamicamente, mudou a carroçaria aplicando-lhe painéis em fibra de carbono e kevlar, instalou um segundo banco (onde cabia uma criança) espalhou couro e alcantara pelo interior, aplicou-lhe tudo o que era necessário para ser utilizado legalmente em estrada – com a ajuda das autoridades alemãs, claro! – entre elas uma pequena bagageira na frente e suspensão pneumática para que o carro cumprisse com as normas de altura ao solo exigidas pelas leis alemãs para carros de estrada. O motor era o mesmo “boxer” de 3.0 litros com dois turbos da “Kuhle, Kopp und Kausch” (os célebres KKK) acoplado à uma caixa manual de 5 velocidade. Sem o restritor da competição, o motor chegava aos 730 CV. A Porsche deu-lhe o nome do preparador alemão Jochen Dauer (Dauer Racing) e homologou o carro como Dauer 962LM. Chegava aos 405 km/h, chegava dos 0-100 km/h em 2,8 segundos e aos 200 km/h em 7,3 segundos. Como não havia número mínimo de carros para homologar o modelo em GT1, a Porsche fez regressar à competição o 962 através deste Dauer.

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