Michele Mouton: “Hoje em dia em Portugal, trabalho em segurança é quase um feriado para mim…”
Por Martin Holmes
Trinta e seis anos depois de ter ganho o Rali de Portugal, em 1982, naquela que foi a sua segunda de quatro vitórias no WRC, Michele Mouton, hoje em dia Delegada de Segurança da FIA, está de volta a Portugal. Mas os anos que passaram não afetaram a sua paixão pela modalidade, e curiosamente nem o seu senso de humor…
Perguntámos-lhe se os velhos tempos em Portugal eram boas lembranças para si, mas a primeira resposta foi surpreendente: “Foi há muito tempo que eu me esqueci delas. Não, estou a brincar, é sempre um prazer estar aqui. O entusiasmo das pessoas é fantástico. Eu estou feliz. Feliz por voltar a um lugar onde o meu trabalho sempre foi muito difícil, mas as coisas estão a mudar para muito melhor. O meu trabalho em segurança e no controlo dos espetadores nos dias de hoje em Portugal é quase um feriado para mim”.
Se diz que no seu trabalho como Delegada de Segurança é quase um feriado, então alguma coisa deve estar a ser bem feita. Qual foi a principal mudança no trabalho?
MM: Eu estava a referir-me apenas a Portugal, onde a situação melhorou muito em segurança. A organização e a polícia conseguem ter todas as zonas de público prontas antes que das pessoas chegarem, e depois não têm permissão para sair dali para qualquer lado, para além do que é permitido.
Nós mesmos temos trabalhado de forma diferente com os carros de segurança. Estamos a trabalhar em cadeia, temos um canal de comunicação via rádio dedicado, para que todos possamos controlar os carros de segurança, quer seja o 000, 00 ou zero. E isso melhorou muito a segurança.
Também as medidas que tomámos em impedir as pessoas de andar na estrada 20 minutos antes do arranque de um troço, e não entrar nos troços pelo início ou final, 30 minutos antes do primeiro carro também ajudou. Isso levou a que as pessoas hoje em dia não cheguem no último minuto e vão para os troços muito mais a tempo.
Quem foi o maior responsável por melhorar o sistema?
MM: Antes de eu chegar, Jacek Bartos trabalhou 20 anos na FIA, desenvolvendo ideias. Desde então, mudei um pouco a maneira de trabalhar, com maior colaboração com os organizadores, procurando soluções viáveis e também trabalhando bem de perto antes do evento. Temos mais seminários, olhamos com muita atenção para os planos de segurança, com antecedência. As coisas melhoraram muito, e não só em Portugal, mas em todos os ralis.
Como correram as coisas na Argentina, talvez o único país em que mais se teme a segurança?
MM: Correu muito bem, fiquei muito satisfeita. Foi o primeiro ano em que pudemos ver os onboard de todos os troços. Aí pude verificar os troços sem ter que parar e tirar fotos de pessoas mal colocadas. Foi também assim em Monte Carlo este ano, pelo que para mim é uma grande melhoria. Na Argentina, sabemos que a paixão pelos ralis é tão grande que as pessoas não querem perder nada, mas com a ajuda da rádio nacional que este em direto em todos os troços, conseguiram convencer as pessoas que precisavam de estar bem colocadas e respeitar as regras. Se não, perderão o rali. Isso ajudou muito. Mas às vezes sente-se que a paixão é tão grande que facilmente se podem esquecer e passam por cima das fitas. Mas, considerando a quantidade de pessoas que tivemos no rali, tivemos um rali bem seguro este ano.
Pensando nos tempos dos Grupos B, que diferenças mais a impressionam?
Nos dias do Grupo B, havia pessoas em todo o lado na estrada. Surpreende-me que não tenham havido mais acidentes. Hoje em dia temos uma infraestrutura para a segurança: Ambulâncias 4×4, todos os carros de resgate e helicópteros trabalhando diretamente connosco na estrada. Não vejo como podemos melhorar esse aspeto. Eu acho que nos temos que verdadeiramente nos concentrar na educação dos espetadores e no treino dos marshalls. Eles são muito importantes porque são a primeira pessoa em contato com o espetador.
Pessoalmente, gosta do Rali de Portugal no norte do país?
Adoro. Eu pressionei-os a voltar para o norte porque a paixão está aqui. No Algarve havia bons troços, mas a atmosfera não é em nada comparável ao Norte, mesmo que tenhamos de forçar as pessoas a portarem-se adequadamente. E é isso mesmo que o público está a fazer, e tudo isso torna este rali fantástico.
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