CPVT, Pedro Salvador: “Não vamos atirar a toalha ao chão”

Pedro Salvador mostrou o seu ponto de vista em relação ao cancelamento da primeira prova do ano do CPVT. O patrão da Speedy Motorsport admitiu que tem as negociações bem encaminhadas para o campeonato e voltou a realçar, assim como tem feito a generalidade dos restantes chefes de equipa, que os custos da competição não são exagerados:

” A situação não é simpática para ninguém. Apesar de tudo, foi provocada pelo atraso em algumas negociações com algumas equipas. No nosso caso temos as coisas muito bem encaminhadas e portanto não há grandes dúvidas.   Dizer que o campeonato é caro e que esta situação já era esperada não é nada justo pois a relação entre aquilo que custa o campeonato e a qualidade/beneficio parece me que é bastante positiva. Eu já tenho muitos anos de corrida e se compararmos com os ralis e o TT, a  velocidade tem vantagens inequívocas. Primeiro é o custo da provas, e para quem não é piloto profissional a velocidade não exige tanto tempo quanto os ralis ou o TT, pois não se perde uma semana a testar e a fazer reconhecimentos. É claramente a modalidade mais adequada aos Gentleman drivers. Mas por algum motivo, que também me ultrapassa um pouco, não há o interesse desejado. “

Embora a solução não seja a ideal para as equipas, Pedro Salvador espera que a decisão possa trazer mais interessados e que assim o campeonato ganhe um novo balanço, embora admita que é preciso trabalhar mais para tornar o campeonato mais aliciante para quem compete:

“Esta solução encontrada, tem uma parte negativa que são poucas rondas, mas uma parte positiva que é a diminuição do custo para os pilotos. Para um carro a ser divido vai ter um custo pouco mais superior às outras opções que existem na velocidade. Parece me uma opção muito apetecível nestas condições que agora se apresentam. Concordo que se possa fazer mais para fomentar o interesse na competição.  A Speedy trabalhou muito para ter tudo preparado atempadamente e não vamos deitar a toalha ao chão e queremos estar presente no nacional de velocidade. “

Quanto aos TCR, não tem dúvidas que são a melhor opção para a nossa realidade:

“Os TCR são uma opção muito boa para a nossa realidade, tem custos de manutenção baixos comparativamente a outras categorias, e estão muito bem enquadrados a nível mundial. Não posso concordar que a competição seja demasiado cara. E temos de evitar a crítica fácil e infundada que se tem visto ao longo destes dias. O desporto motorizado é obviamente caro, mas temos de ter a noção do que se recebe pelo valor pago e pela qualidade.  Eu corro há 24 anos, sei bem os custos da competição e sei o quão difícil é encontrar o orçamento para correr,  mas neste momento estamos a fazer corridas a um preço mais baixo do que se praticavam há 15 anos atrás.  As opções mais baratas para quem as pretender já existem. Temos os TCC que são mais baratos e agora que se fala tanto do novo campeonato de turismos em Espanha, esse formato já existe cá. O TCS já são uma realidade mas não houve interessados.”

Salvador acredita que é necessário que todos os envolvidos caminhem juntos em busca de soluções e que com trabalho sério, se conseguirá ter um campeonato apelativo:

“É preciso uma mudança de mentalidade  e deixar de lado  a postura da crítica fácil e destrutiva que algumas pessoas que gostam de corridas tem adoptado.  Temos de trabalhar mais e melhor, sem dúvida, mas temos de deixar esta postura que não beneficia em nada as corridas a nível nacional. Eu vou fazer o que faço sempre que é trabalhar e proporcionar as melhores condições possíveis aos meus clientes para fazerem o que pretendem fazer. “

Por fim, Pedro Salvador reafirmou a qualidade e o potencial que o campeonato nacional tem quer ao nível das estruturas quer ao nível dos pilotos e relembrou que a velocidade nacional tem dado grandes talentos ao mundo e que por isso todos os amantes do desporto motorizado devem fazer um esforço para a preservar:

” Não podemos e deixar que isto acabe e quem gosta realmente de automóveis não pode mesmo querer que isso aconteça. Tivemos dois campeonatos com um nível altíssimo, os pilotos que temos cá discutem vitórias em qualquer campeonato e temos uma tradição de pilotos de velocidade de grande qualidade. Não há uma modalidade que tenha dado tantos pilotos de sucesso ao mais alto nível como a velocidade. Temos tido permanentemente pilotos a brilhar em competições internacionais e vamos deixar morrer o campeonato onde existe tanta qualidade? Não podemos deixar que isso aconteça.” 

É claramente um ponto forte do nosso campeonato. Temos muito talento ao volante e com capacidade de proporcionar grandes lutas em pista. Nos últimos dois anos tivemos vários exemplos disso. Há potencial, é preciso encontrar a formula certa para que seja aproveitado e rentabilizado a bem de quem vive das corridas e quem gosta delas.