Fórmula 1, Mercedes ‘arrisca’ para manter vantagem

Por a 21 Março 2018 09:55

A Mercedes é a equipa que ostenta o maior alvo nas suas costas, dado que, depois de quatro temporadas em que monopolizou os títulos, pelos menos duas das suas adversárias estão determinadas em colocar um ponto final no domínio dos ‘Flechas de Prata’. Apesar das ameaças os homens de Brackley

decidiram prosseguir com a sua filosofia técnica. Será suficiente para manter o seu ascendente, mesmo com uma unidade de potência completamente nova?

Quando uma equipa está tanto tempo no topo, acaba por ser a bitola pela qual todas se medem, por um lado, mas, por outro, é também a adversária que as suas principais rivais pretendem bater e, não se iludam, mais tarde ou mais cedo, num mundo ultra-competitivo e de constante mudança como a Fórmula 1, será deposta – aconteceu com Lotus, McLaren, Williams, Ferrari Red Bull, entre outras.

Toto Wolff está consciente dessa realidade e sabe que, em 2018, terá talvez o maior desafio pela frente desde que a Mercedes iniciou a sua cavalgada triunfal, quando a ‘Era Turbohíbrida’ foi iniciada, em 2014. O austríaco, mesmo em anos em que os carros de Brackley se mostraram inalcançáveis para os seus oponentes, mostrou-se sempre muito cauteloso.

Desta feita revela-se verdadeiramente prudente, e se sabe que as tradicionais rivais da Mercedes serão sérias ameaças, não coloca de parte outras equipas, que poderão criar alguma disrupção pela imprevisibilidade da sua hipotética subida de forma: “Se no ano passado, por esta altura, nos colocassem essa questão (ndr.: quais os principais adversários), diríamos Red Bull, mas acabou por ser a Ferrari”, começou por dizer o chefe de equipa da formação do construtor germânico.

“É muito perigoso, antes do início da temporada, reduzir o número de potenciais competidores. A Ferrari é muito forte. A Red Bull é muito forte.Estou muito curioso com a forma como a McLaren se mostrará com o motor Renault. E o passo que a equipa oficial (ndr.: a Renault) deu. A Williams seguiu um caminho muito radical”. Contudo, numa equipa como a Mercedes, que inicia a época sempre com os títulos em mente, todos os esforços são feitos para se manter na luta pelos títulos por muito ameaçadoras que possam as suas adversárias ser.

O SUSTO DE 2017

O Mercedes W08 EQ Power+, a máquina de 2017 da equipa, nem sempre se mostrou como o mais competitivo em pista, sendo apelidado pelo próprio Wolff de diva, dado ser difícil de afinar e com um comportamento difícil em determinadas circunstâncias. Na opinião de alguns, os títulos da época passada foram assegurados tanto pela incapacidade da Ferrari em concretizar o seu ascendente inicial, como pelo brilhantismo de Lewis Hamilton, que assinou a sua melhor temporada de sempre, assente numa fiabilidade a toda a prova da máquina de Brackley.

As características difíceis do ‘Flecha de Prata’ do ano passado levaram a que se gerasse a ideia de que o W09 EQ Power+ poderia ser o início de um novo conceito técnico. Ideia que de certa forma foi catalisada pela própria equipa.

Mas os responsáveis da formação de Brackley acabaram por decidir apostar na evolução em vez de na revolução: “Tentámos manter o que tínhamos em termos de velocidade e encontrar mais eficácia. O conceito é muito diferente (ndr.: relativamente às restantes equipas). Podemos olhar para outras soluções, mas nos últimos anos mantivemos-nos fieis à nossa filosofia de design e ao seu desenvolvimento”, afirmou Wolff.

A FILOSOFIA DE BRACKLEY

Em 2017 o monolugar da Mercedes tinha a maior distância entre eixos de todo o plantel, algo que, segundo alguns observadores, criou alguns problemas à equipa e deixou inicialmente o ‘Flecha de Prata’ para lá do peso mínimo regulamentar. A possibilidade de se verificar uma redução significativa desta dimensão, juntamente com a adopção da filosofia criada pela Red Bull, de ‘rake’ elevado, era alta, mas os homens do departamento técnico de Brackley decidiram apostar no conceito que conheciam, prosseguindo com o seu desenvolvimento.

“A distância entre eixos longa foi algo que decidimos manter bastante cedo, dado que era uma mais-valia para nós, e tenho a certeza de que estamos certos.

É muito, muito mais fácil tomar uma decisão destas, dado que não necessitamos de ter dois programas no túnel de vento, com duas distâncias entre eixos, dois modelos, duas coisas diferentes.

Tentámos que a aderência mecânica seja uma característica da nossa suspensão e que funcione com o pacote aerodinâmico que os rapazes desenvolveram.

Onde temos um pico de performance mais alargado com o nosso apoio aerodinâmico traseiro é com a suspensão um pouco mais baixa do que alguns dos outros carros. Mas não estamos mal! O pico da nossa performance aerodinâmica traseira será um pouco mais elevada (ndr.: distância do carro ao solo), mas

certamente que a inclinação (ndr.: rake) não será tão elevada como a que vimos o ano passado nos Red Bull e companhia”, afirmou James Allison, o diretor técnico da equipa. O inglês tem no W09 EQ Power+ o seu primeiro projeto na equipa do construtor germânico. O técnico, que rumou da Ferrari para a Mercedes no final de 2016, sublinha que numa equipa em que os resultados recentes são conquistas de títulos é pouco avisado trocar de conceitos sem um motivo forte, uma vez que a sofisticação dos atuais monolugares é extremamente elevada, o que oferece um largo espectro de erro.

Esta filosofia foi um dois pilares centrais nas decisões da Mercedes na abordagem para a proxima época. “Os detalhes aerodinâmicos nos carros são consideráveis. Existem muito mais oportunidades para os tornar pior que melhor. Mesmo que quiséssemos perseguir um novo e diferente conceito, é expectável perder alguma coisa antes de chegarmos a território positivo.

Se temos um carro no fundo da grelha de partida, então temos menos a perder ao mudar de direção. Sabemos que o caminho que escolhemos não era o correto”, enfatizou Allison. Por outro lado, um dos principais diferenciadores de performance continua a ser as unidades de potência, que este ano terão a pressão de ter que realizar sete Grandes Prémios cada uma, colocando uma profundo ênfase na fiabilidade e na consistência de performance.

Conscientes do desafio que o regulamento apresenta para este ano neste aspeto, os homens da Mercedes decidiram conceber um V6 turbohíbrido completamente novo para 2018, situação única entre todas marcas, o que poderá ser uma vantagem decisiva ao longo da época. É com esta abordagem, entre a evolução e a novidade, que Lewis Hamilton e Valtteri Bottas terão que lidar em 2018, esperando que este seja um equilíbrio que lhes permita continuar na luta pelas posições cimeiras e garanta ao inglês o seu quinto ceptro, igualando Juan Manuel Fangio, e assim fugir aos desideratos das rivais da formação de Brackley.

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3 Comentários
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no-team
6 anos atrás

O Hamilton foi de facto o grande trunfo da Mercedes ao longa da temporada passada, sem ele ao volante, hoje a história seria bem diferente. A Mercedes teve de arriscar, o conceito começado em 2014 esgotou-se em 2017 e os seus responsáveis foram bastantes inteligentes ao perceber que era necessária uma nova direcção. Eu acredito que partem com clara vantagem para 2018, já falta pouco para saber se isso acontece ou não.

can-am
can-am
6 anos atrás

O Mercedes basicamente é uma cópia do ano passado mais o halo, como aliás tem sido prätica neles desde há alguns anos. Tem uma aerodinâmica diferente dos outros, muito sofisticada. Mas o Ferrari deste ano ė tão sofisticado como o Mercedes. O Ferrari e o Mercedes são muito iguais e são os pilotos que fazem a diferença para bem ou para mal.
Nem me adimiraria nada que a Ferrari neste momento já tivesse vantagem sobre a Mercedes.
Por exemplo no ano passado se a Ferrari tivesse um tipo como o Vestappem não sei se o Lewis teria ganho o mundial.

*RPMS*™
6 anos atrás

Concordo em absoluto com o que os foristas no-team e can-am aqui escreveram.
De facto, se a Ferrari tivesse melhor piloto em 2017 podia ter sido campeã…
Para os dois é: Muitíssimo bem escrito!
Cumprimentos

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