As 12 Horas de 1966 tinham tudo para serem uma prova histórica: como preparação para as 24 Horas de Le Mans, esperava-se um combate de titãs entre a Ford e a Ferrari. A corrida desse ano deveria a mais gloriosa da história da prova, mas acabou por ser a mais negra. Um conjunto de acidentes e de fatalidades trouxe ao de cima a fragilidade das condições de segurança.
Primeiro, o piloto canadiano Bob McLean (24/09/1933 – 26/03/1966) morreu quando o seu Ford GT 40 sofreu um problema mecânico, embatendo num poste e explodindo em chamas, o que impediu McLean de conseguir sair.
Mais tarde, a duas horas do fim da corrida, o Ferrari 365 de Mario Andretti abrandou de súbito, com problemas na caixa de velocidades, sendo embatido a alta velocidade pelo Porsche 906 de Don Wester. O Porsche foi então lançado para o meio de um grupo de espetadores, que estavam numa zona proibida e só parando dentro e um armazém. Quatro pessoas, entre elas um rapaz de nove anos, morreram de imediato e várias ficaram feridas com gravidade, incluindo o piloto. Depois disso, as coisas nunca mais foram as mesmas.
Ulmann e os organizadores da prova ficaram sob cerradas crÃticas, ameaças de processo na justiça e de boicotes sucessivos. Um contrato de dez anos foi mesmo assinado com o novo e vizinho Palm Beach International Raceway, cujo dono estava a investir 1,5 milhões de dólares numa pista múltipla, com variantes entre os 3,6 e os 8,8 km de perÃmetro. Até um lago artificial lá tinha dentro, bem como 80 modernas boxes cobertas, parque privado para os espetadores e bancadas seguras. Porém, chuvas torrenciais assolaram a região de Palm Beach durante dois meses, atrasando a finalização do projeto – e, em novembro, o acordo com cancelado, nunca se realizando aquilo que era já chamado de Fliorida International Grand Prix of Endurance.
E, no ano seguinte, profundamente modificada – os hangares principais foram retirados para uma zona paralela, mais distante da pista, a velha curva Webster desapareceu e deu lugar à Green Park Chicane, enquanto barreiras de fitas de nylon foram desenhadas e colocadas na nova Warehouse Staright, para prevenir os aviões de que estavam a decorrer corridas de automóveis e definindo se eram na versão longa ou curta da pista – a pista voltou a acolher as 12 Horas. O público não se podia aproximar mais de 120 pés (em vez dos anteriores 75) e barreiras metálicas (‘rails’) foram pela primeira vez montados em alguns lugares da pista.
Apesar destas melhorias, Sebring continuou a ser um local inóspito, desértico, primitivo e com pouca oferta para as multidões que, todos os anos, se deslocavam, para ver as corridas, acampando de qualquer maneira no Green Park. O ambiente era quase selvagem e nem sempre bom para os doentes cardÃacos. E este nunca mudou – mesmo se agora Sebring já pertence aos chamados tempos civilizados.