BMW 116d Sport – Ensaio

Por a 11 Dezembro 2017 09:30

BMW 116d Sport 5p

Texto: Francisco Cruz

Não é defeito, é feitio, estúpido!…

Com a concorrência a apertar, a BMW decidiu, já este ano, actualizar o seu modelo de entrada. Tornando-o mais desportivo, moderno, tecnológico, mas também mantendo muitas das “particularidades” já bastas vezes apontadas. Críticas a que os adeptos da marca respondem, agastados, “não é defeito, é feitio, estúpido!…”.

Dado a conhecer em 2011, o actual BMW Série 1 acaba de receber, já este ano, aquele que é o seu mais recente restyling. Isto, numa altura em que o momento é claramente de festa, com mais de um milhão de unidades vendidas em cerca de seis anos, e com a Europa a absorver mais de 70% destes carros. Surgindo a Alemanha e o Reino Unido como os principais mercados, seguidas, só então, da China, hoje em dia o maior mercado mundial.

No entanto e porque concorrentes como o Audi A3, o Mercedes-Benz Classe A ou o Volvo V40 não dão descanso, o modelo de entrada na oferta da marca de Munique – construtor que tem vindo construir, ao longo dos anos, uma imagem de desportividade em todos os seus modelos – passa, também ele, a apostar numa imagem mais cativante e desportiva. Fruto de uma série de actualizações e pormenores bem conseguidas, a que se junta, depois, a vertente tecnológica e qualitativa, hoje em dia não menos apreciadas. Ainda mais, quando se trata de uma proposta que se quer premium!

Exterior

Sem alterações em termos de dimensões ou na grande maioria dos aspectos técnicos, a verdade é que não deixam de ser visíveis as alterações no aspecto exterior do agora renovado Série 1. Em particular, nas novas edições Sport Line Shadow, M Sport Shadow e M140i Edition Shadow. A primeira das quais, aliás, equipava – e embelezava! – a viatura que aqui analisamos.

Assim e fruto desta opção, novo, no Série 1 actualizado, era a moldura em preto que envolve a grelha frontal tipo rim, os contornos também negros que surgiam nos faróis em LED, o modelo de jantes (de um total de cinco novos, alguns dos quais, de cor preta), a ponteira de escape em cromado escurecido e os farolins traseiros também eles enegrecidos. Sem esquecer as duas novas cores,  Azul Seaside e Sunset Orange, uma das poucas novidades que, no exterior, não faziam parte do tal pacote de equipamento Sport Line Shadow. E que, como tal, obrigam ao pagamento de um valor-extra na ordem dos 579,67€.

Interior

No entanto, é preciso referir que as alterações promovidas por este novo pack, não se limitam ao exterior, com o Série 1 a exibir igualmente alterações visíveis no interior. Onde, a par da já conhecida qualidade de construção e solidez, passam a existir também melhor materiais (entre os quais, muitas aplicações em metal) e acabamentos (por exemplo, pespontos exteriores em vários locais), assim como um redesenhar, em particular, do tablier. Após este restyling, mais centrado no condutor.

Aliás e confirmando o já referido posicionamento mais desportivo, destaque para pormenores como é o caso do novo painel de instrumentos totalmente em preto e sem vidro de protecção, além de uma redesenhada consola central ligeiramente virada para o condutor e com um ecrã digital a cores no topo, táctil quando com o carro imobilizado. E onde surge a mais recente evolução do sistema de informação e entretenimento da marca, o iDrive, agora com novo e mais intuitivo layout.

De resto e já que falamos dos esforços da marca da hélice no sentido de tornar o Série 1, uma proposta cada vez mais virada para o condutor, impossível não elogiar a já conhecida e óptima posição de condução, garantia de óptima integração do condutor no cockpit. Não apenas graças a um volante redesenhado e com óptima pega, além ajustável tanto em altura como em profundidade, mas também fruto de um banco revestido a tecido, com bons apoio laterais e todos os ajustes necessários. Isto, além de a garantir um bom e correcto acesso à generalidade dos comandos (só o comando rotativo do iDrive pareceu-nos um pouco recuado em demasia…), aos vários espaços de arrumação, mas também uma visibilidade traseira quase inexistente – “lá está – dirão os apaixonados da marca -, não se trata de defeito; é feitio!”.

No entanto e porque nem sempre o condutor viaja sozinho, funcionando o Série 1, não raras vezes, como um carro de família (pelo menos, em Portugal!…), impossível não reparar no acesso mais complicado ao habitáculo através das portas traseiras, sendo que, uma vez no interior, o melhor mesmo será limitar a lotação a apenas dois adultos. Já que, viajar no lugar do meio, é viajar não somente com a cabeça muito próxima do tejadilho, mas também de pernas abertas – bem diferente, sem dúvida, do que acontece nos lugares laterais, onde o mais complicado será conseguir enfiar os pés debaixo dos assentos dos bancos da frente.

Finalmente e quanto à bagageira, mantém-se o acesso alto face ao piso, através de uma “boca” que não deixa de ser ampla, até porque a chapeleira, rija, sobe com o portão. Cuja tranca é o emblema exterior.

Já no interior, é possível encontrar soluções de funcionalidade como os ganchos porta-sacos ou um pequeno espaço de arrumação à direita, além de uma capacidade de carga inicial fixada em 360 litros, sem qualquer alçapão ou área de arrumação debaixo do piso falso (estão lá as baterias…), mas que ainda pode ser aumentada até aos 1.200 litros. Bastando, para tal, aproveitar o fácil rebatimento 60/40 das costas dos bancos traseiros, totalmente na horizontal e no seguimento do piso da mala. Ainda que, para tal, seja necessário ir até ao habitáculo accionar as trancas…

Equipamento

Numa marca que, em termos de níveis de equipamentos, aposta claramente na personalização dos seus modelos, oferecendo à partida uma versão base, quase despida, para que, a partir daí, os clientes escolham o visual que mais lhes agrada, o “nosso” carro destacava-se por ostentar uma imagem mais desportiva, fruto também da inclusão do já referido pack Line Sport Shadow (3.235,77€.). Garantia, inquestionavelmente, de um visual mais cativante, mercê não só da possibilidade de optar por jantes que podem variar entre as 16 e 17 polegadas, sem custos acrescidos, mas também do facto de incluir, logo à partida, ópticas e luzes de nevoeiro em LED, frisos exteriores Shadow Line BMW Individual, bancos dianteiros desportivos em tecido Antracite/Cinza/Preto ou Antracite/Vermelho/Preto, frisos interiores em Vermelho Coral ou Cromado com brilho pérola, volante desportivo em pele, forro do tejadilho em antracite BMW Individual, sensores de estacionamento traseiro, Cruise Control com função de travagem, pack de luzes, além dos cinco anos ou 100.000 km de serviços na marca.

Ainda assim e para quem tudo isto não chega, a possibilidade, igualmente, de incluir uma série de packs ou equipamentos unitários, como é o caso d um pack Business Plus, por 2.880€, ou de um pack Conectivity, por 2.510€, já para não falar de equipamentos como uma transmissão automática(2.067€), a suspensão adaptativa (1.137€) ou desportiva M (351€), ou ainda o sistema de som Harman Kardon (817€). Isto, entre muitos e muitos outros opcionais!

No entanto e se não estiver na disposição de gastar mais dinheiro, saiba que, só com o pacote Line Sport Shadow, estão garantidos elementos como o rádio BMW Professional com leitor de CD e compatível com MP3, seis altifalantes, kit mãos livres com interface USB, os serviços ConnectedDrive, serviço de chamada de emergência, monitorização da pressão dos pneus, pneus Runflat, sensor de chuva e de luz, direcção Servotronic, indicador de desgaste das pastilhas de travão, ar condicionado automático e sistema ISOFIX. Sem esquecer sistemas como o Driving Dynamic Control ou o botão de experiência de condução, com três modos: Comfort, Eco Plus, Sport e Sport+.

Já no domínio da segurança, airbags frontais, laterais e de cabeça, assistência à travagem, Controlo Dinâmico de Estabilidade (DSC) com funções alargadas, Controlo Dinâmico de Estabilidade (DTC), protecção de impacto lateral e sistema de travagem antibloqueio com sistema de controlo de travagem em curva, entre outros.

Motores

Disponível com uma extensa oferta de motorizações, que vão da gasolina ao diesel, dos três aos seis cilindros em linha (M140i), a versão que nos calhou em sorte, equipava, precisamente, o tricilíndrico 1,5 litros turbodiesel de 116 cv, comercialmente conhecido como 116d, acoplado a caixa manual de seis velocidades. Bloco que, apesar da sua pequena dimensão, não deixa de evidenciar boa disponibilidade e agradável capacidade de aceleração (10,3s dos 0 aos 100 km/h), graças também a uma transmissão genuinamente BMW não apenas nas sensações, mas também na competência que revela no apoio ao propulsor. Inclusive, em termos de consumos, com este 116d a ultrapassar as médias anunciadas, mas, ainda assim, a cotar-se em bom plano, com valores, em utilização real, na ordem dos 6 litros!

Na verdade, menos convincente nesta motorização, só mesmo a vibração e presença sonora que transmite para dentro do habitáculo. Aspecto que, mais uma vez, os apaixonados da marca entenderão, não como um verdadeiro defeito, mas, antes, como uma característica inerente aos blocos BMW. Ou seja e não querendo parecer repetitivos, “não é defeito, é feitio, estúpido!…”

Ainda assim e também não querendo levar a “ignorância” demasiado além, não podemos deixar de perguntar: “e a falta de um ponteiro de temperatura, é defeito… ou feitio?”.

Ao volante

Ainda hoje em dia um dos poucos tracção traseira do segmento, a verdade é que, mesmo com um motor que – como dizem os nossos irmão do lado de lá do Atlântico – “dá pró gasto”, o agora renovado BMW 116d continua a ser um carro que transmite um gosto especial na condução. Proporcionando, graças também a uma direcção não só ligeiramente pesada, mas também de óptima precisão, um comportamento e inserção de curva que, importa salientar, dá gosto disfrutar.

E se, nesses momentos de maior envolvimento, o recomendável é recorrer ao sistema de modos de condução e aproveitar ao máximo as sensações que o conjunto consegue transmitir, por exemplo, com a opção Sport+ accionada (desliga o ESP, mas mantém o controlo dinâmico de tracção activo, para maior segurança) e, tanto o motor, como o chassis, configurados na sua faceta mais desportiva, uma vez em cidade, existe um modo Eco Pro que, declaradamente, procura dar uma maior atenção aos consumos – reduzindo um pouco não somente a resposta do propulsor, mas também a energia gasta, por exemplo, com o ar condicionado.

E se o conforto, nomeadamente em pisos mais degradados, não será propriamente o melhor argumento deste renovado Série 1, mesmo com o modo Comfort ligado (solução que adopta por defeito, sempre que se carrega no botão Start, para ligar o carro), a verdade é que, até mesmo nessas ocasiões, os genes BMW estão sempre presentes – na estabilidade, na agilidade e até mesmo na precisão, por exemplo, quando a curvar. Mesmo se invariavelmente apimentados pelas sensações tão características de uma verdadeira e cativante tracção traseira!

Conclusão

Renovado nalguns argumentos, especialmente no que à estética e equipamento diz respeito, a verdade é que o BMW Série 1 continua igual a si próprio, mantendo intactos aqueles que são, tradicionalmente, os aspectos mais elogiados, na grande maioria dos modelo da marca da hélice. Nomeadamente, as sensações muito particulares de condução. Algo que, no caso concreto deste 116d com caixa manual de seis velocidades, nem mesmo o facto de se tratar de uma motorização quase de entrada (abaixo, só mesmo 114d de 95 cv) e sem a exuberância de alguns blocos-fétiche do fabricante, a gasolina e a diesel, deixa de se fazer notar por completo… E ainda bem!

FICHA TÉCNICA

 Motor

Tipo: três cilindros em linha, injecção directa, turbocompressor de geometria variável e intercooler

Cilindrada (cm3): 1.496

Diâmetro x curso (mm): 84×90

Taxa compressão: 16,5:1

Potência máxima (cv/rpm): 116/4.000

Binário máximo (Nm/rpm): 270/1.750-2.250

Transmissão, direcção, suspensão e travões

Transmissão e direcção: Traseira, com caixa manual de seis velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr): Tipo McPherson; Independente

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos sólidos

Prestações e consumos 

Aceleração: 0-100 km/h (s): 10,3

Velocidade máxima (km/h): 200

Consumos urbano/extra-urb./misto (l/100 km): 4,3/3,3/3,7

Emissões de CO2 (g/km): 97

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,329/1,765/1,421

Distância entre eixos (mm): 2,690

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1.535/1.569

Peso (kg): 1.395

Capacidade da bagageira (l): 360/1.200

Depósito de combustível (l): 52

Pneus (fr/tr): 205/55 R16/205/55 R16

Preço da versão ensaiada (Euros): 35.774,00€ (30.750,00€, sem opcionais)

Download vídeo – BMW 116d Sport (10 MB)

 

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