Top 10 das melhores equipas do Mundial de Ralis: A inesquecível…

Por a 3 Dezembro 2017 15:52

A história do Mundial de Ralis é muito rica e passou por várias eras. Apesar dos números ‘dizerem’ uma coisa, o coração dos adeptos ‘sente’ outra completamente diferente e apesar de ter desaparecido das estradas há um quarto de século, a Lancia deixou uma marca inolvidável.

Quando o AutoSport nasceu em 1977, já o Mundial de Ralis se tinha iniciado há quatro anos, com um Mundial de Marcas. Muito do misticismo da Lancia viria precisamente a ser criado na primeira metade dos anos 70, com os triunfos da Lancia entre 1974 e 1976, passando depois os ‘trabalhos’ para a Fiat com o 131 Abarth. A Lancia só voltaria em 1982 com o 037 Rally, mas o que fez na década seguinte marcou os adeptos para sempre naquele que foi e continuará a ser por muito tempo o período de ouro da história dos ralis.

Em todas as disciplinas do desporto motorizado, as marcas vão e vêm, mas nos ralis há uma, a Ford, que é praticamente transversal à história da competição e apesar de não apresentar grandes ‘rácios’, o facto de lá ter andado sempre, deixa também um forte sentimento nos adeptos, muito também por ‘culpa’ do fabuloso Ford Escort, um carro que ensinou muita gente a gostar de ralis. Não foi o único, mas talvez tenha sido o expoente máximo.

Com o passar do tempo, e com a crescente importância da competição, apesar da Fiat ou Lancia e a Ford serem as marcas mais consistentes no Mundial de Ralis nos anos 70 e 80, o número de construtores foi subindo de forma impressionante e nos ralis houve uma verdadeira revolução. De início os carros eram na generalidade pequenos, leves e ágeis mas com os anos 80 surgiram as ‘bestas’, expressões como turbo, quatro rodas motrizes e por isso os carros mudaram muito. Houve diversas marcas a optar por caminhos diferentes, e nesse sentido a Audi foi pioneira com o sistema de tração total, que revolucionaria por completo os ralis.

Estávamos em 1981, e foi aí que começou a era dourada do Mundial de Ralis. Carros super potentes, mas também difíceis de pilotos e como infelizmente bem sabemos, perigosos. É verdade que no âmago dos adeptos que viveram essa era, dificilmente as sensações que tiveram na altura poderão ser apagadas, sendo o período entre 1981 e 1986 claramente o mais sensacional da história dos ralis. Um período curto da história, mas claramente o mais intenso, e nas escolhas dos nossos leitores estão lá cinco das seis marcas ‘Grupos B’, Lancia, Ford, Citroën, Audi e Peugeot, embora a Citroën esteja, mas não devido a 1986, mas sim ao que fez já no Séx. XXI.

Revolução Quattro

Tudo começou com o Audi Quattro, carro que entre 1981 e 1986 venceu 23 provas. A Audi ‘deu’ várias vidas ao seu Quattro, mas foi o Peugeot 205 Turbo 16, considerado o melhor carro de Grupo B da sua geração. Logo no arranque dos Grupos B, a Lancia foi por um caminho diferente com o 037, que andou sempre a ‘respirar’ em cima dos Audi, mas a falta de tração total foi impeditiva de alcançar mais do que seis triunfos. Existia também uma ‘aldeia’ irredutível às principais marcas, África, pois os duros traçados africanos foram um feudo da Toyota, que quase sempre impôs o seu Celica turbo de transmissão traseira.

Voltando aos Grupos B, o seu mundo sofreu um choque com a morte de Attilio Bettega ao volante do Lancia 037 na Volta à Córsega de 1985, começou a desabar a 5 de março de 1986 em Sintra, com o acidente da Lagoa Azul e desmoronava-se definitivamente a 2 de maio de 1986, quando Henri Toivonen e Sérgio Cresto morreram na Córsega. Os Grupos B foram banidos no fim desse ano, e o Mundial de Ralis nunca mais foi o mesmo.

Era Grupo A

Devido a tudo o que sucedeu em 1986 os ralis mudaram muito para 1987, perderam-se marcas, por exemplo a Peugeot, que não transitou para 1987. O Grupo A já existia, e passou em 1987 a ser a categoria principal do Mundial de Ralis, e a Lancia foi claramente a marca que mais depressa se soube adaptar aos novos regulamentos. Desde aí e até 1992 fez a história que a colocou definitivamente no topo das preferências dos nossos leitores. Venceu seis vezes o título de construtores. Mas o fim dos anos 80 e o início da década de 90 viu chegar ao Mundial de Ralis marcas como a Toyota, Subaru e Mitsubishi, e todas elas fizeram o suficiente para se colocar bem no top 10 das preferências. Carlos Sainz foi Campeão de Pilotos com a Toyota em 1990 e 1992, Kankkunen foi para a Toyota em 1993 para ganhar o seu quarto título, Didier Auriol assegurou outro sucesso para os japoneses em 1994, e depois disso muito depressa a Subaru e a Mitsubishi deram sequência a esse sucesso da Toyota. Colin McRae foi Campeão de Pilotos em 1995 com a Subaru, que também venceu nos Construtores, com os fantásticos carros azuis escuros a triunfarem também em 1996 e 1997, o primeiro ano da era World Rally Car.

Após 1986, os ralis perderam um pouco o seu elan, pois passou-se de autênticos monstros de 500cv para carros de produção com metade da potência e o espetáculo não podia ser o mesmo. Mas os departamentos de competição das marcas depressa começaram a colocar na mão dos pilotos carros que começaram a dar cada vez mais espetáculo e esta era teve o condão de não deixar morrer os ralis. E a partir daí foi sempre a subir…

Era WRC

Em 1997, nova era a dos World Rally Car, a Mitsubishi conseguiu uma bela interpretação dos regulamentos, continuando a vencer com o seu Lancer de Grupo A. Dessa forma, Tommi Makinen aproveitou para vencer quatro títulos de Pilotos. Inicialmente, só a Ford e a Subaru correram com os seus novos WRC, a Toyota surgiu um pouco mais tarde com o Corolla, mas este era só início duma nova interessante era de ralis.

Nessa altura, a Peugeot regressou para várias épocas de sucessos ao WRC, sendo Marcus Gronholm a encerrar o capítulo vitorioso da Mitsubishi em 2000 depois da Toyota já ter conseguido em 1999 o terceiro titulo de Construtores.

A partir daqui o WRC ‘falou francês’ até 2012, com dois meritórios anos de exceção em que a Ford venceu nos Construtores, que não no Mundial de Pilotos, pois aí nasceu a super-estrela dos ralis, e o piloto que hoje em dia ainda encabeça todos os livros de recordes, Sébastien Loeb. Depois dos franceses da Peugeot se terem imposto entre 2000 e 2002, a Citroën e Loeb dominaram e cena internacional dos ralis desde 2003 até 2012, com as exceções já referidas. Nos pilotos, Sébastien Loeb venceu nove campeonatos seguidos, e mesmo com grandes alterações de regulamentos pelo meio, quando os WRC deixaram de ter motores 2000 cc para os 1.6 litros turbo que ainda hoje ‘roncam’, nunca perderam a dianteira, o que só aconteceu quando Loeb fez as malas e encerrou a sua carreira a tempo inteiro nos ralis.

Nessa altura, em 2013, nasceu outro período de grande domínio, pois a Volkswagen rumou ao WRC em 2013 com um ‘arcaboiço’ orçamental sem igual nos seus pares, até 2016, ano em que decidiu encerrar a sua participação no WRC, ganhou tudo o que havia para ganhar, com Sébastien Ogier a assegurar também todos os quatro títulos de pilotos.

Top 10

Toda esta história que ficou para trás, consubstanciou as preferências dos nossos leitores que colocaram a Lancia no topo da tabela. Com oito triunfos no Rali de Portugal, e um total de dez títulos de Construtores e Lancia é ainda a mais bem sucedida marca na história do Mundial de Ralis e nem a super-Citroën do Séc. XXI a destronou. Claro que essa história remonta aos anos 70, 80 e inícios dos anos 90, mas a marca deixada pelos inesquecíveis carros decorados com as cores da Martini fizeram as delícias dos adeptos. Modelos como o Lancia Stratos, Lancia 037 Rally, Lancia Delta S4 e todos os Delta de Grupo A que se seguiram foram, durante muito tempo fortes ‘inquilinos’ dos primeiros lugares de ralis e campeonatos. O 037 nasceu para combater o ascendente do Audi Quattro, não o conseguiu mas deixou a sua marca, por exemplo quando foi o último modelo com tração traseira a vencer o WRC, com 118 pontos (mais dois que a Audi). O Delta S4 atravessou o ano de ouro sem se conseguir impor ao Peugeot, e em 1987, a Lancia passeou com o Delta HF4WD and Integrale, Alen triunfava pela quinta vez em Portugal, e até 1992 só Carlos Sainz em 1991 interrompeu a senda vitoriosa em Portugal. Por tudo isto não causa qualquer surpresa a preferência dos nossos leitores pela Lancia…

Se há uma marca que é de imediato associada aos ralis é a Ford e foi ela a segunda preferência dos nossos leitores. Este ano, depois duma década de espera (dois títulos em 2006 e 2007), asseguraram novo título de Construtores (e também pilotos), mas a sua história remonta a 1979, ano em que asseguraram o primeiro dos quatro títulos de construtores.

Também em Portugal a Ford tem um bom naipe de triunfos, pois venceu quatro vezes, 1979, 1993, 1999 e 2012. É claramente das marcas com mais história nos ralis e a que mais leal tem sido para a competição.

A terceira escolha dos nossos leitores foi a Citroën, muito por causa do efeito-Loeb. Antes do domínio recente da VW, a Citroën viveu anos de sonho e tornou-se na segunda marca com mais títulos de construtores atrás da Lancia e de longe a mais vitoriosa no Mundial de Pilotos com nove títulos, todos de Sébastien Loeb. Foram dez anos de sucessos que permite ser a Citroën a marca mais vitoriosa do WRC, com 98 ralis ganhos, mais nove que a Ford.

A Audi é a quarta escolha dos nossos leitores, uma marca que fez história não só pelo pioneirismo do ‘Quattro’, mas também pelo facto de Michele Mouton se ter tornado na única mulher a vencer uma prova do Mundial, o Sanremo de 1981. A marca venceu o Mundial de Marcas em 1982 e 1984, os títulos de pilotos em 1983 (Mikkola) e 1984 (Blomqvist) mas deixou um legado bem mais forte que os números com o ‘Quattro’ a tornar-se ‘standard’. Depois do Rali de Portugal de 1986 a marca retirou-se a nível oficial, mas para Ingolstadt 23 triunfos e quatro títulos mundiais. O seu maior triunfo, foi a ‘ideia’…

A Peugeot foi quinta nesta escolha. Pensava-se que a Audi e Lancia iriam dominar a ‘cena’ dos ralis, mas foi a Peugeot que assegurou os títulos de 1985 e 1986 com o 205 Turbo 16. Mais tarde, no início da década de 2000 os franceses fizeram um ‘hat-trick’ de títulos, com três triunfos consecutivos entre 2000 e 2002, com Marcus Gronholm a assegurar os títulos de pilotos de 2000 e 2002. No total, cinco títulos de Marcas e quatro de pilotos, que tornam a marca francesa na terceira mais bem sucedida a este nível na história do Mundial de Ralis.

A Subaru foi a sexta escolha dos leitores, e embora tenha chegado tarde ao WRC, sendo o último construtor japonês a fazê-lo, suplantou-os a todos os níveis, numa marca que é o melhor exemplo do que os ralis podem fazer pela imagem de marca.

O seu abandono do WRC em 2008 chocou os adeptos, que não esquecem os feitos dos Legacy e Impreza, que começaram a brilhar no início dos anos 90. O primeiro título de pilotos surgiu em 1995 com Colin McRae, o segundo com Richard Burns em 2001, o terceiro e último, através de Petter Solberg em 2003. Nos Construtores, venceram entre 1995 e 1997, mas o legado da Subaru foi muito mais intenso do que os números que alcançou. O Triunfo de Carlos Sainz no Rali de Portugal de 1995 foi inesquecível, de tão disputado, em 1998 bateu Carlos Sainz por apenas 2.1s e em 2000 nova luta até ao último metro, com Richard Burns a bater Grönholm por 6,5 segundos, triunfos que amplificaram o fervor dos adeptos pela marca em Portugal.

A VW teve uma breve mas intensa passagem pelo WRC, ao entrar em 2013 e sair em 2016, vencendo pelo meio tudo o que havia para vencer. Depois de Loeb sair do WRC, apareceu outro D. Sebastião, que não deixou os seus créditos por mãos alheias. Ogier. O VW Polo WRC mostrou-se quase imbatível, mas foi essencialmente o triunvirato carro, piloto, equipa que reuniu tudo o que era preciso para não deixar nada para os adversários. 17 meses de testes prévios ao Polo não deixaram nada ao acaso, e no final de 2016 tinham alcançado 43 vitórias em 52 ralis, 82.7% de rácio de triunfos.

A Toyota foi a oitava escolha, ela que regressou em 2017 ao WRC depois dum passado muito bom, com três títulos de Construtores e quatro de pilotos. Os triunfos no Rali de Portugal em 1991, a primeira vitória de um carro japonês cá no burgo, e em 1994, com Kankkunen, também ajudaram.

A Mitsubishi foi a força dominante do WRC na segunda metade da década de 90, muito por culpa de Tommi Makinen e do facto de se ter mantido fiel à configuração Grupo A, mais do que comprovada. Ao todo, a Mitsubishi venceu 34 vezes no WRC, assegurou quatro títulos de Pilotos (Makinen) e um de Construtores. Dois triunfos de Makinen em Portugal também deixaram marca, especialmente o de 2001, devido ao rali inesquecível que foi. Pela chuva, e pelo equilíbrio…

A última colocada deste top 10 é a Fiat que somou seis títulos de Construtores até 1981. Há adeptos com memória e por isso não esquecem a Fiat, como não esquecem que foi num 131 Abarth que Walter Rohrl escreveu uma das mais interessantes páginas da história do WRC, em 1978, na Noite de Sintra, num duelo travado ao segundo entre Alen e Mikkola e também em 1980 quando Walter Röhrl ganhou 4m40s a Alen no nevoeiro de Arganil. Muito mais haveria para contar, o espaço assim o permitisse…

Equipas Mundial Ralis

1 Lancia

2 Ford

3 Citroen

4 Audi

5 Peugeot

6 Subaru

7 Volkswagen

8 Toyota

9 Mitsubishi

10 Fiat

[soliloquy id=”343776″]

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2 Comentários
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Botas
Botas
7 anos atrás

Não me parece acertado um artigo sobre a história do Mundial de Ralis, com dezenas de fotos de carros que fizeram história, e que omite um dos maiores: Lancia Stratos.

so23101706
so23101706
Reply to  Botas
7 anos atrás

Os títulos da Lancia com o Stratos são anteriores a 1977, o que explica não ter sido mencionado. O artigo refere-se aos últimos 40 anos (1977-2017).
A Peugeot devia estar acima da Ford. Sempre que participou, ganhou títulos.

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